CONSULTA POPULAR SOBRE O DESTINO DO CENTRO DE FEIRAS Na noite da quarta-feira, 21 de fevereiro, aconteceu na Câmara de Vereadores de Canela audiência pública para debate de um assunto que vem tomando a atenção da comunidade, sobre um pleito do Executivo municipal. A pauta da audiência foi os Projetos de Lei Ordinárias (PLO´s) 72 e 73 / 2023. O PLO 72 “desafeta e autoriza o Poder Executivo a alienar imóvel de propriedade do Município de Canela” – (área lateral à antiga escola COOPEC). Também o PLO 73, “desafeta e autoriza o Poder Executivo a alienar conjunto de imóveis de propriedade do Município de Canela”, mas o Centro de Feiras.Estiveram presentes à sessão os vereadores Jerônimo Terra Rolim (PDT), que presidiu o ato, Carmen Lúcia de Moraes (PSDB), Carla Reis (MDB), Emília Guedes Fulcher (Republicanos) e José Vellinho Pinto (PDT). As dependências do plenário da Câmara ficaram praticamente lotadas com a grande presença de público, sendo que 15 pessoas da comunidade solicitaram fazer uso da palavra, após os pronunciamentos dos vereadores.Nas falas dos vereadores Jerônimo, Carmen, Carla e José Velinho, estes manifestaram a sua contrariedade quanto à alienação dos dois imóveis, tanto o terreno ao lado da Coopec, de 1.080 metros quadrados, quanto à ampla propriedade que engloba o Centro de Feiras, com mais de 10.000 metros quadrados. Já a vereadora Emília Fulcher disse que está com seu voto, contrário ou a favor da venda, decidido mas vai manifestá-lo no dia da votação do Projeto, aguardada para as próximas semanas.Nos pronunciamentos dos vereadores que se manifestaram contrários aos PLO’s, não faltaram argumentos para justificá-los. Para Jerônimo Rolim, quanto ao terreno ao lado da Coopec, avaliado em cerca de R$ 3 milhões, a ausência de um requisito, a conveniência e oportunidade, já justifica a desnecessidade da venda. “Se o prefeito anuncia que tem um superávit de R$ 33 milhões, sendo R$ 18 milhões a mais em relação a 2023, não está faltando dinheiro em caixa”. Rolim salientou também que seria muito importante o Executivo justificar a venda indicando claramente a necessidade (no que seria empregado) o montante arrecadado pela venda. Quanto ao Centro de Feiras – e levando em consideração a falta de representantes do Executivo – ou de possíveis vereadores favoráveis à negociação, Jerônimo Rolim, antes de deixar clara a sua oposição ao projeto, leu as justificativas arroladas pelo prefeito municipal, em 18 de outubro de 2023, para o projeto PLO 73. O arrazoado do Executivo inicia afirmando que “a alienação de bens imóveis encontra plena consonância com o princípio da supremacia do interesse público. Isso se deve ao fato de que recursos obtidos a partir dessa operação têm o potencial de serem direcionados a aprimorar significativamente a qualidade de vida da população canelense, impulsionando o bem-estar social e fomentando o desenvolvimento da cidade”. Seguiram, ainda segundo o que foi lido dos argumentos do Executivo, justificativas como o mau estado em que se encontram as instalações, interditadas para o uso para o qual foram concebidas e um ponto considerado importante: o uso dos recursos a receber na alienação do patrimônio como sendo alocados em ações mais eficazes ao atendimento dos legítimos interesses da população.Em contraponto aos argumentos a justificar o projeto, o vereador Rolim cita a falta de números palpáveis, que atestem o quanto, realmente, hoje o Centro de Feiras causa de prejuízo ao município. E mostrou confrontações até do valor avaliado do Centro de Feiras. O laudo de avaliação do imóvel urbano, segundo a Prefeitura, é de R$ 28.176.000,00. Avaliação da Comissão Imobiliária: menos de R$ 22 milhões. Avaliação feita por profissionais da área imobiliária, de Porto Alegre, a pedido do presidente da Acic, Lucas Dias: R$ 39.509.424,00. Entre as justificativas de Carla Reis para seu voto contrário, ela citou: “Há tempos estudamos esse projeto, desde quando surgiu a questão do Parque do Palácio. (…) Escutando a comunidade, mudei o meu posicionamento e hoje sou contra. A vereadora Carmen Lúcia de Moraes, que foi defensora do Parque do Palácio, manifestou sua contrariedade dizendo ser contra um pedaço tão grande e importante do município, e é favorável à realização de uma PPP (parceria público-privada).O vereador José Vellinho Pinto, prefeito de Canela na ocasião da inauguração do Centro de Feiras, disse que é descabido Canela abrir mão de um espaço público tão qualificado e que cumpriu um papel tão importante no nosso desenvolvimento. No espaço reservado à comunidade, fizeram as suas manifestações canelenses nascidos aqui e outros que adotaram a cidade. Por ordem de apresentação, falaram Éverton Oliveira (sugeriu o uso do CF para um novo centro administrativo); Richele Porto, representando a comunidade empreendedora, ironizou dizendo que hoje o CF não está inativo, pois já é usado como depósito de lixo e entregou à mesa um abaixo-assinado com mais de 1.600 assinaturas pró- conservação do espaço; Marcos Porto criticou a ausência dos demais vereadores da casa e citou o exemplo de Volta Redonda (RJ), onde a prefeitura adquiriu um estádio; Onira Oliveira, “a Tia Onira’, tradicional comerciante de alimentação na Praça João Corrêa, lembrou de tempos passados em que o Centro de Feiras ativo atraía eventos, e consequentemente, boas vendas; Lucas Dias alertou que, o que decidirmos aqui, vai impactar daqui a 40 anos, perguntando “que projeto queremos para o nosso Centro de Feiras?”; Marcelo Drehmer, ex-vereador, referindo-se à intenção do Executivo de canalizar parte dos recursos da venda para a construção de um ginásio de esportes, afirmou: “Sou favorável a fazer ginásio, mas assim, não”; Éverton Rodrigues declarou: “Canela hoje é a sombra de Gramado, e alertou que fato de haverem vereadores ausentes fala por si; Felipe Caputo, outro que já exerceu a vereança, conclamou os vereadores atuais para que tenham a coragem de votar conforme as suas consciências; Janaína Schaulet, sempre trabalhadora no atendimento ao turista e hoje empresária, lamentou que “o povo de Canela não está conseguindo mostrar o quanto é grande”; Pedro Delgado resumiu o que é “a batalha” para continuar mantendo ativa a Feirinha ao lado do CF, aos sábados, dizendo que está muito difícil
OS SABORES DE ORIGEM
O famoso Jamón da Espanha e sua influência na gastronomia da Serra GaúchaHoje vou seguir com o tema da semana passada, sobre os destinos turísticos que promovem sua gastronomia como forma de atrair mais visitantes, ao mesmo tempo em que incentivam os produtores locais. E o Jamón Ibérico e o famoso “Pata Negra” são um exemplo importante. O Jamón Ibérico não é apenas uma iguaria gastronômica, mas também representa uma tradição profundamente enraizada na cultura culinária espanhola. O processo de produção artesanal, a qualidade da matéria-prima e as técnicas de cura contribuem para a reputação que, ao longo do tempo, ganhou reconhecimento internacional como um dos presuntos mais finos e distintos do mundo.Sua história remonta a séculos na Espanha, onde a tradição de curar carne de porco está profundamente enraizada. O ibérico, uma das raças de porco presente na região, eram inicialmente criados pelos povos indígenas. Durante o domínio romano e mais tarde dos mouros, foram introduzidas técnicas como a salga e a cura ao vento. Ao longo dos séculos, a produção de Jamón Ibérico se espalhou por diferentes regiões da Espanha, cada uma com suas características específicas, dependendo da raça do porco, do terroir local e das técnicas de produção. O JAMÓN NA REGIÃO DOS VINHEDOS Os chefs e os produtores de charcutaria da Serra Gaúcha há muito já perceberam que essa iguaria é capaz de atrair os mais exigentes turistas em busca de uma gastronomia mais sofisticada. Tal é que a raça de porco Moura, oriunda da Península Ibérica já vem sendo criada e aperfeiçoada na Região.O salame suíno de carne de Porco Moura, da Zampa Grigia, agroindústria familiar de Carlos Barbosa, foi eleito o Melhor Salame Artesanal do Brasil em 2020 pelo Prêmio Brasil Artesanal e em 2023, no mesmo concurso, ficou colocado em segundo lugar como melhor salame do Brasil. A Gran Nero é a primeira empresa de presunto cru do sul do Brasil, com sede no Vale dos Vinhedos, integrando uma rota turística, vinhos e gastronomia. Depois de quase uma década de pesquisas no exterior criou um presunto com terroir e personalidade brasileira.As primeiras peças de presunto Gran Nero chegaram ao mercado em 2021, respeitando um mínimo de 12 meses de maturação e, apesar de ser inspirado no método espanhol, o produto é 100% nacional, com alimentação e raças desenvolvidas no Brasil. Trata-se de um excelente presunto cru brasileiro, com aroma e sabor inigualáveis, comercializado em lojas especializadas de todo o país. GRAN NEROVisitas sob agendamentoEstrada Giuseppe Scortegagna, Travessão Alfredo Chaves, s/n, Flores da Cunha – RSTelefone: (54) 3297-5175 ZAMPA GRIGIACarlos Barbosa, RSTelefone: (54) 3461-0617zampagrigia1@gmail.com@zampagrigia
SOCIAL DA SAMANTA
Felipe Werpp no evento 4.0 da Hasam Foto: Cássio Brezzola Marcelo Wazla, presidente da Abrasel, prestigiou Graziela Franzen na Festa na Rua do ContainnerFoto: Paula Vinhas Aline Dalcortivo, Marcos Vinícius e Bemjamin de Almeida nas Thermas do Gravatal, curtindo o momento em família!Foto: Divulgação Bibiana Bertoja Mubarack em um dos icônicos cenários de Hong KongFoto: Divulgação Samuel de Carli e Analú Rodrigues na passagem pela Bahia registram um self com cenário lindo!Foto: Divulgação
SOCIAL DA BINA
NESTE FINAL DE SEMANA O azeitologo André Bertolucci conta que o Olivas de Gramado oferece neste final de semana o Nostra Oliva. De sexta a domingo quem adquirir a experiência poderá ter a vivência da colheita da oliva, processamento dos frutos no mini lagar e envase do seu azeite extravirgem. Momentos de orientação técnica, degustação sensorial e piquenique complementam a atividade. Vagas limitadas. NOITE DELAS O restaurante Chalezinho Gramado está lançando uma iniciativa para celebrar a amizade feminina. Intitulada Noite Delas, essa ação exclusiva convida mulheres a desfrutarem de uma noite especial entre amigas, apreciando o delicioso rodízio de fondue tradicional com um desconto de 15%. Mas só vale mulheres na mesa para valer o desconto, ok?! Dieli Borges e Fernando Santini prestigiaram o evento inaugural da primeira clínica premium Homenz Saúde e Estética Masculina, em Caxias do SulFoto: Leandro Araújo Braian Moura alçando voo com sua Onne, empresa focada em gestão de eventosFoto: Divulgação Irane Land e Telmo de Freitas Gomes reuniram colaboradores da Cristais de Gramado, em evento voltado à celebração dos resultados 2023Foto: Divulgação Andre Bertolucci é o azeitologo do Olivas de GramadoFoto: Divulgação Paula Lovatto topou a aventura de subir os 1210m de altura do trilha do Soldados Sebold, em Santa CatarinaFoto: Divulgação
ONZE ANOS BEM CONTADOS
Tomei emprestado de Pedro Oliveira uma pequena crônica de onze anos de Canela, sob a ótica de um religioso da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Mais exatamente, de 13 de agosto de 1981 a 13 de agosto de 1992, Temperado com Canela (Editora AmoLer, Blumenau, 204p), do Pastor Irineu Walmor Wolf, é um apanhado de impressões e fatos da cidade que vem contribuir para o acervo de nossas memórias. Natural de Taquara e aposentado em agosto de 2023, após 40 anos de atividade nas paróquias de São João (Paraná), Canela, Indaial e Blumenau (Santa Catarina), Irineu entrega para seus leitores uma obra que melhor premia, logicamente, seus protagonistas, a comunidade canelense, que revive episódios escritos, às vezes de forma pungente, às vezes com certa ironia e humor, sempre com o talento do bom escritor e observador. Em Temperado com Canela o Pastor relata acontecimentos misturados com ensinamentos que a vida pastoral lhe proporcionou, mas nunca com qualquer traço de soberba que poderia advir do fato estar no comando de uma igreja protestante com bastante expressão como a de Canela, a quem foi concedido o privilégio de ter sua sede projetada pelo grande Theodor Wiederspahn.Em diversas passagens do livro sobre o cotidiano do pastor e sua família revelam-se os temores, as dúvidas, a necessidade de ajuda que todo homem tem em momentos da vida, e não seria diferente com a figura de um comandante de paróquia que muitas vezes, tanto quanto ajudou, recebeu ajuda de amigos, até, não paroquianos.Procurando não dar spoiler sobre essa pequena obra que, para os canelenses principalmente, é do tipo começar-e-não-largar-até-o-final, são muitas as passagens sobre acontecimentos que fazem a riqueza da convivência com uma comunidade como a Evangélica e com a canelense no todo: o carinho sempre presente, como quando da acolhida por Max Feldmann e a esposa Alzira, que Irineu e a esposa Roseli poderiam muito bem chamar de avós. Evitando usar sobrenomes, o autor cita homens e mulheres que os aqui da terra acabam sabendo quem são, ou foram. Há episódios de imensa tristeza, como o do incêndio da casa do Pastor em 9 de maio de 1983 (três meses após um sinistro ao lado, em parte do Clube Serrano) seguido das imediatas ofertas de ajuda vindas de, desde membros da IECLB aos da igreja católica, desde a família Urbani, que lhes proporcionou uma casa provisória, a ajuda vinda de Indaial, terra de Roseli, que se comoveu profundamente com o ocorrido.Episódios pitorescos, há aos montes. Desde uma invasão de rãs em ruas da baixada para a Celulose a pescarias (uma paixão de Irineu) na represa Divisa, em São Chico. Numa destas, o que mais pescou foi o entendido no assunto Mário Orth. Para quem não sabe, é o Irmão Mário, influente diretor que marcou a história do Colégio Maria Imaculada. Prova de que as duas igrejas mais fortes sempre se relacionaram bem, no livro é contada a realização de uma Festa da Comunidade Evangélica em pleno Parque do Saiqui, inclusive com alguns Protestantes indo até lá a pé. O Pastor também participou da reunião com o Bispo da Diocese (católica) de Novo Hamburgo para ajudar a convencê-lo da permanência do Padre Américo por mais tempo em Canela. Há passagens hilariantes, como a do porco em “O último grunhido”, a lembrança de figuras da cidade como a Tia Eva (ou Eva Louca) e o Néne, chegado num copo. Mas o autor não se furta de mesclar com episódios que deixaram marcas na sua trajetória, como a morte do prefessor Geraldo Engelbrecht, com quem estava naquele dia, do próprio pai e um suicídio que, enquanto pôde com sua assistência espiritual, tentou evitar. O crescer dos filhos… as viagens no Fusca amarelo (depois a Marajó)… Temperado com Canela é um belo recorte de uma Canela, uma época e uma gente que continua solidária. Vice-pastor sinodal do Sínodo Vale do Itajaí, Irineu Wolf ao se aposentar, em Blumenau, em 3 de agosto de 2023. MANU DE LAS AMÉRICAS A canelense Manuelle Cappua Nique da Silva foi selecionada para participar do certame Miss Brasil de Las Américas. Já venceu a etapa do Rio Grande do Sul e então segue em busca do título nacional, na sua categoria, a Petit, com garotas de até 1,65m de altura. Manu busca apoio da comunidade e de empresas para fazer frente ao elevado custo da participação que poderá resultar em vitória para ela e em divulgação para Canela. O concurso vai ocorrer de 16 a 19 de outubro deste ano, em Curitiba (PR). Veja mais no Instagram @manucappua e faça contato com ela pelo fone/whatsapp 54 9 9262 7778. CAIO EM GRAMADO “No meio do silêncio e do verde, a presença de Deus fica mais clara. Essa luz ilumina os porões da mente, desfaz o mofo, espanta os fantasmas. Com cuidado, chamo a isso de ‘felicidade’”. Citando esse poema de Caio Fernando Abreu (à esquerda), que o escreveu após uma estada em Gramado, o secretário de Cultura, Ricardo Bertolucci, anunciou que esse escritor, poeta e dramaturo gaúcho (in memoriam), apreciado em todo país, será um grande homenageado post mortem da segunda edição do FiliGram, Festival Internacional de Literatura de Gramado, que ocorrerá de 19 a 28 de abril, no parque do Lago Joaquina Bier.
AS FIGUEIRAS DE SÃO LOURENÇO
As figueiras parecem ter sido criadas para oferecer sombra, frutos, aconchego e história. Na sua forma isolada, elas lembram grandes guarda-chuvas colocados aleatoriamente pelo campo ou à beira de lagoas, oferecendo o local perfeito para um acampamento, piquenique, ou ainda um descanso depois de uma longa tropeada. Árvores nativas do Pampa adornam as margens da Lagoa dos Patos e toda a região da planície costeira. Andando pelo município de São Lourenço, no sul do Estado, encontrei algumas carregadas de frutos e histórias. Planta icônica presente na literatura e na música, ela acompanhou toda a saga do desenvolvimento da fictícia cidade de Santa Fé na trilogia O Tempo e o Vento de Érico Verissimo. Na obra, ela viu crescer, em seu entorno, uma cidade e testemunhou revoluções, revelações interpessoais e ainda emprestou seus galhos pra brincadeiras de crianças na pele dos personagens da ficção. Em São Lourenço, elas estão espalhadas pela orla da lagoa e se tornaram referência para a população e turistas. No verão, carregam-se de pequenos figos maduros que fazem a festa das aves e animais de chão. Figos pequenos, mas de um sabor atávico, exige que se encha a mão de frutos para saborear seus segredos. Tão gentil esta árvore, que seus galhos descem quase até o solo para permitir que, com calma e segurança, se colham seus pequenos frutos. Andar pela tranquila margem da lagoa e usufruir da sombra destas árvores de forma única é um tipo de prazer daqueles que diminuem o meu passo para que fique mais tempo ao seu abrigo, parecendo que a árvore chama para conversar e contar suas histórias. Fiquei imaginando o que elas poderiam dizer sobre o dia a dia das tribos de índios charruas e minuanos e suas culturas que foram, em menos tempo que vive uma figueira, esmagadas e apagadas por espanhóis e portugueses. Elas viram o italiano Giusepe Garibaldi construir barcos e pelear com os imperiais na Revolução Farroupilha, bem ali na barra do rio São Lourenço. Podem também ter ouvido conversas secretas do General Bento Gonsalves com seus comandados, planejando ações de ataque e defesa ou abrigando-o para um churrasco campeiro às suas sombras. Acompanharam, mudas, assim como aquela de Santa Fé, a criação da vila e depois da cidade e viram chegar sempre mais outras pessoas e animais, casas, ruas, automóveis e tudo o mais que necessita uma vida urbana regular. Elas sabem que têm vida longa, centenas de anos, e que são aves como o sanhaço-cinzento, sabiás, saí-azul, sanhaço-papa-laranja, tucano e, à noite, uma legião de morcegos, que se deliciam com seus frutos e acabam, sem o saber, espalhando as sementes por todos os lugares, garantindo o surgimento de novos indivíduos que poderão, daqui a duzentos ou trezentos anos, contar outras histórias sobre São Lourenço. Quais seriam? Isto é reservado ao futuro e aos segredos que as mudas figueiras guardam e que ninguém ousa perguntar. Apenas intuir.
CENTRO DE FEIRAS
O Centro de Feiras de Canela foi a pauta da semana. Isto porque a atual gestão da Prefeitura de Canela quer a venda da área. AUDIÊNCIA PÚBLICA A Câmara de Vereadores de Canela realizou na quarta-feira (21/02) uma audiência pública, para discutir estes Projetos de Lei (n° 72 e 73/2023). O objetivo da audiência foi ouvir a comunidade para embasar os pareceres das comissões e os votos dos vereadores. A cerimônia foi presidida pelo vereador do PDT, Jerônimo Terra Rolim e não contou com representantes do Executivo no debate. Lembrando que o Prefeito colocou regime de urgência na votação dos projetos de lei. PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE Jerônimo Terra, vereador, falou para a coluna: “Tivemos como ponto positivo a ampla participação da comunidade que, demonstrou novamente que não é a favor da venda do Centro de Feiras. Já como pontos negativos, destacamos a presença de apenas cinco vereadores e principalmente, a ausência de um representante do Poder Executivo para se manifestar a favor do projeto da venda do Centro de Feiras. Também um abaixo assinado virtual já computa mais de 1.600 assinaturas contra a venda. Não há dúvidas da contrariedade da população e da desnecessidade da venda do empreendimento, mas o descaso do Prefeito com a importância da audiência pública nos mostra que a sociedade não vai ser ouvida”. ENQUANTO ISTO A jornalista recebeu a informação de que os valores da lei Paulo Gustavo, que já deveriam ter sido repassados aos produtores dos projetos contemplados nos editais 09/2023 e 10/2023 tiveram um desconto indevido do Imposto de Renda, o que não poderia ter acontecido. A orientação do Mistério da Cultura era clara: de que não poderia acontecer retenção de imposto de renda, em nenhum caso, nesta transferência de valores pelos editais. Porém a secretaria da Fazenda do município de Canela autorizou o desconto.
OS RECADOS DAS FESTAS (FINAL)
(Comemorando…) São cada vez mais comuns nos dias de hoje, as “festas” promovidas pelos municípios, principalmente do interior. Essas festas, muito antes de trazerem diversão, elas trazem um “recado”, qual seja de divulgar o município e suas potencialidades. Hoje em nosso Estado temos um grande número desses eventos, sendo que os aqui relacionados, se referem à produtos agrícolas, ou seja, a rica produção de alimentos… Produtos e municípios. FESTA do… – Maçã: Veranópolis – Mandioca: Jacuizinho – Mandioca: Rosário do Sul – Massa: Antônio Prado – Mel: Cambará do Sul – Mel (Nova Mel Fest): Nova Petrópolis – Mel, Rosca e Nata: Ivoti – Melancia: Cachoeira do Sul – Melancia: Capão do Leão – Melancia: Pedro Osório – Milho: Santo Ângelo – Moranguinho: Agudo – Moranguinho: Bom Princípio – Pão: Ilópolis – Peixe: Tramandaí – Pêssego: Porto Alegre – Pinhão: São Francisco de Paula – Pizza: Serafina Corrêa – Polenta: Monte Belo do Sul – Porco: Linha Nova – Produtos Coloniais: Nova Pádua – Pudim: Paraí – Queijo: Carlos Barbosa – Queijo artesanal serrano: Bom Jesus – Quentão: Bento Gonçalves – Sabores da Colônia: Nova Petrópolis – Soja: Pinhal Grande – Soja: Santa Rosa – Sorvete: Piratini – Suíno: Encantado – Tomate: Pelotas – Torresmo: Caxias do Sul – Torta: Santo Ângelo – Tortéi (Tortelaço): Bento Gonçalves – Uva: Caxias do Sul – Uva e Ameixa: Porto Alegre – Vinho colonial: Bento Gonçalves – Xis: Caxias do Sul Um exemplo disso é a “Festa da Colheita” (Caxias do Sul) que, a cada ano, mostra a pujança do agronegócio na Serra Gaúcha do Rio Grande do Sul… a nossa terra!
A SABEDORIA DA TIA ONIRA
Quarta-feira estive na Câmara de Vereadores por conta da audiência pública sobre a venda do antigo terreno da fábrica de gaitas, depois Centro de Feiras e hoje, o depósito de quinquilharias da prefeitura municipal e moradia de pessoas de rua. Algumas coisas me surpreenderam e outras me decepcionaram na reunião. A principal decepção foi a ausência de todos os vereadores que, em tese, são favoráveis a venda do patrimônio público. A prefeitura não ter mandado representante eu confesso que não me surpreendo, afinal, essa tem sido a conduta desde sempre, mas os vereadores me decepcionaram. Por outro lado, algo me surpreendeu e me deu muita esperança. A contrariedade da venda desde espaço, ela não advém apenas de um grupo de pessoas do centro, que vivem em uma bolha, ou estão interessadas tão somente na defesa de uma cidade bucólica e sem movimento. Ela parece ser um movimento mais amplo. Cito aqui o depoimento da Tia Onira, pessoa humilde, mas que demonstrou que a visão que parece faltar ao meio político, talvez esteja sobrando entre aqueles que trabalham e vivem da fonte de receita responsável por 85% de nossa economia, o turismo. A Tia Onira já se deu conta que os movimentos de abandono de equipamentos públicos, que antigamente recebiam eventos, como o Centro de Feiras e o Teatrão, não estão impactando apenas os moradores do Centro. Os abastados e intelectualizados. Ela está afetando o trabalhador dos bairros. Aquele que a prefeitura acredita estar agradando com a venda do Centro de Feiras. Afeta o trabalhador que vê seu ganha-pão ameaçado pela falta de turistas na loja onde ele, ou sua esposa trabalham. O garçom que não tem clientes para servir, a banquinha de cachorro-quente que vê seu público minguar ano a ano. A realidade é que não basta mais estarmos próximos de Gramado, precisamos criar uma identidade, termos afluxo de turistas e decidirmos para onde queremos ir. Eu torço para que o projeto de venda do Centro de Feiras não prospere, mas saio da Câmara de Vereadores mais feliz do que entrei naquela noite. Eu saio com a certeza que existe uma consciência coletiva muito maior do que imaginamos. Existem pessoas que acreditávamos estar felizes com o asfalto, o calçamento, mas que na realidade estão mesmo preocupadas com seus empregos e que, aparentemente, compreendem melhor o contexto da cidade do que muitos de nossos políticos.