Em Canela, entre os anos 90 e os anos 2000 havia uma movimentação cultural forte, onde se criava e se produzia os espetáculos da Semana Santa com elenco da comunidade. A Semana Santa de Canela era composta pelo Ofício de Trevas, a Sexta-Feira Santa e o Sábado de Aleluia. O Ofício de Trevas acontecia na quinta-feira, na parte interna da Catedral de Pedra e simbolizava o momento em que a luz de Cristo deixa o mundo. Eram 40 bailarinas, carregando velas, intercalando movimentos cênicos com cantos gregorianos, leituras dramáticas de salmos bíblicos, tudo envolto num espetáculo de som e luz. A Sexta-Feira Santa era a encenação da Via Sacra, realizada com técnicas teatrais, como sombra chinesa e mais tarde com caixas cênicas colocadas nas laterais da Catedral. Este espetáculo contava com elenco totalmente comunitário. No Sábado de Aleluia sempre acontecia um show de música, luzes e fogos. “Estes espetáculos, pelo caráter comunitário e alta qualidade artística de direção provocavam muita emoção no público. Foi uma época de ouro, que deixou saudade, diz Marina Gil, atual diretora do jornal Nova Época e coordenadora geral destes eventos que marcaram a memória da cidade. OFÍCIO de Trevas era destaque na imprensa nacional Marilda Mengue Rocha, canelense, empresária e atriz, recorda que seu sonho de criança sempre foi ser atriz e bailarina e ela buscou estes sonhos tempos atrás. “Fui para Porto Alegre e fiz teatro e dança, mas acabei voltando para Canela para trabalhar. Só que naquela época, o teatro também veio para Canela. Foi uma época divina, emocionante, porque o teatro trouxe para Canela uma identidade. Naqueles anos Canela era conhecida como a cidade do teatro”, frisa Marilda. A empresária conta ainda que houveram vários grupos de teatro nas escolas e um fomento muito grande foi feito em cima disto. Um dos eventos, que Marilda recorda como sendo dos mais importantes de Canela, é o Ofício de Trevas. “Foi um evento ímpar, porque expressava um momento muito especial da Páscoa. É sobre a morte de Jesus, quando ele nos deixa no breu, na escuridão, no medo. Na época do evento, quando a gente apagava as luzes das velas, que carregávamos, começavam a bater as matracas para fazer barulho e quando percebemos o mundo ficava luz, aí é que notávamos como a esperança é muito necessária. Este era um evento emocionante. O medo bate e como ser humano percebemos que é preciso ter esperança, buscar a luz, pensar no bem para nós e para os outros. Jesus é a esperança. Eu lamento muito por este evento ter se perdido”, comenta Marilda.Outro nome da comunidade canelense que lembra dos bons eventos da semana de Páscoa em Canela, é Paulo André da Rosa, que hoje é chefe de cozinha, mas por muitos anos trabalhou nos eventos culturais da cidade. “Nos anos de 1994, 1995 até 2000 e 2001 talvez, foi quando eu participei mais ativamente. Eu sempre fiz parte da produção do evento, como um todo, recorda o chef de cozinha. Paulo André recorda que a equipe de produção criava todo ano um novo roteiro para aquela mesma história: a Via Sacra “E isso era muito mágico, primeiro porque tínhamos que sair de dentro do teatro. Nós trabalhamos com o teatro e o teatro acontecia dentro do prédio, mas nesta ocasião, a partir da via sacra, nós saíamos de dentro do teatro, saíamos de dentro da caixa cênica e íamos para rua, explorar os espaços, explorar os ambientes da rua que a cidade proporcionava na época”, complementa ele.No primeiro ano, os espetáculos começavam no início da Osvaldo Aranha e seguiam até a Igreja Matriz com projeções de sombra chinesa. “Estas projeções de sombra chinesa foi uma técnica que veio através do diretor geral do espetáculo Gerry Marquez, assim como a artista Lúcia Brunelli, que era um gênio e que recriou o espetáculo Ofício de Trevas. Os dois nos ensinaram muita coisa. Nos fizeram sair do convencional, a gente estava num quadrado e pudemos expandir o universo e recriar o espetáculo, tendo o mesmo roteiro, e tentando proporcionar encantamento a quem assistia os espetáculos, que eram os turistas, além de muita gente da comunidade local. Quero incluir um parêntese aqui: naqueles anos a gente sonhava com uma cidade muito cultural, tanto que durante o ano todo, a gente tinha programação cultural, e era o que a gente gostava de fazer, a gente gostava de trazer a comunidade pra dentro desse processo todo”, frisa Paulo. VIA Sacra encenada por atores da comunidade Mas até mesmo os sonhos têm as suas provações. Paulo André conta como alcançaram a realização destes sonhos: “A gente precisava de elenco, então a gente buscou atrizes e atores nas comunidades. O Santa Marta era maravilhoso. Nós buscávamos de kombi a turma pra vir de lá, pra vir fazer este espetáculo e todo mundo vinha grato, de coração para fazer este espetáculo, de coração, de amor, de paixão. E todos tinham o mesmo sentimento que nós, tínhamos na secretaria de educação daquela época, que era fazer da cidade uma cidade cultural. Era o que nós sonhávamos então, buscar cenário, sair de loja em loja pedindo tecido pra fazer o figurino. Uma coisa que a gente tem que observar: naquela época não tinha internet, então a gente lia muito, estudava muito, pesquisava muito. Conversávamos muito. Criávamos sempre uma coisa diferente. Já no segundo ano se fez um projeto diferente com novas projeções. Eu tenho certeza de que estes eventos foram um marco na época, inclusive a nível de Brasil. Fizemos um trabalho muito diferenciado e extremamente criativo. Uma coisa muito importante de se frisar é que naqueles anos não recebíamos cachê”, conclui Paulo André.
DICAS IMPERDÍVEIS PARA A PÁSCOA NA SERRA
BRUNCH ESPECIAL DE PÁSCOA DO MAGNÓLIA No domingo de Páscoa será realizado o tradicional Brunch Banquete no Restaurante Magnólia das 11h às 14h. Nesta edição o evento contará com a participação do Coelhinho da Páscoa recepcionando o público e com atividades lúdicas para as crianças. O brunch preparado pelo Chef Laion terá duas mesas, uma com variedade de doces e outra de salgados incluindo delícias como risoto de camarão com laranja big cookie de Nutella,cheesecake de chocolate com pistache e doce de leite , além de serviço volante de fingerfood e bebidas, como o espumante Ave Maria, mimosa, chá, café e suco, tudo com livre repetição.Ingressos podem ser adquiridos através do link da bio do Instagram @magnoliacanela ou pelo site www.magnoliacanela.com.br MÁTRIA TERÁ PÁSCOA COM ALMOÇOS ESPECIAIS E CAÇA AOS OVOS NOS JARDINS O Mátria Parque de Flores, em São Francisco de Paula, preparou dois dias de gastronomia especial e brincadeiras para uma experiência única de Páscoa em família na natureza. Na Sexta-feira Santa, o comando será do chef Lara, que retorna ao parque com a sua Barbacoa de Salmão e Paella de frutos do mar preparados em fogo de chão à beira do lago. No domingo, o cardápio é churrasco campeiro com cortes especiais, como a picanha, o costelão e o cordeiro estilo patagônico. O almoço é servido no deck do Restobar, o restaurante do lago, com as churrasqueiras próximas ao lago, na área central do parque. O domingo de Páscoa será com música ao vivo e atrações para as crianças. Pais e filhos poderão degustar chocolates, participar de oficinas de pintura e da tradicional brincadeira em busca de ovos de chocolate.ServiçoO que: Páscoa no MátriaQuando: de 29 e 31 de março, das 10h às 18hOnde: ERS-235, Km 68, São Francisco de Paula – RSOnde comprar: www.matriaparque.com.br facebook e Instagram @matriaparquedeflores PARADOR HAMPEL ESTRÉIA COLEÇÃO “O MUNDO GIRA” NA PROGRAMAÇÃO DE PÁSCOA A programação gastronômica do feriado no Hampel, em São Francisco de Paula, começa na sexta-feira santa, com o tradicional almoço além-mar, incluindo uma caldeirada de frutos do mar ao estilo americano da Louisiana e seis estações com diferentes peixes, formas de preparo ao fogo e acompanhamentos. Sábado é dia de oficinas de páscoa e Caça aos Ovos para a criançada e sapecada ao redor do fogo, à noite.As diferentes técnicas e formas de assar que encantam o público no Parador Hampel, serão renovadas nesta Páscoa. No domingo, o chef Marcos Livi promete aquecer o mundo do fogo, produzindo cortes mais suculentos e saborosos para o evento A Ferro e Fogo. A estrela da coleção é o Scheeroscópio, equipamento de assar com movimentos circulares e contínuos com a força da gravidade. Inspirado no giroscópio e instrumentos criados pelo físico francês Léon Foucault, Livi concebeu o equipamento que gira 360 graus para assar a carne “A medida que a carne vai girando, ela não pinga e, assim, vai sendo reidratada. No Scheroscópio, assei a costela mais suculenta da minha vida”, comemora Livi.Livi estreou a Scheeroscópio na Churrascada, o maior festival de churrasco do mundo, em agosto de 2023, em São Paulo. Em fevereiro de 2024, o chef levou a estrutura para a área premium do Planeta Atlântida. CHALEZINHO PROMOVE ESPECIAL DE PÁSCOA EM GRAMADO Nos dias 28, 29 e 30 de março, das 19h30 às 20h30, o Chalezinho se transformará em um palco de pura magia e entretenimento, promovendo uma intervenção artística idealizada pela D’Arte Entretenimento que encantará crianças e adultos. As fondues tradicionais fazem parte do menu do evento. As crianças terão oportunidade de se divertir com recreação infantil com pintura no rosto e fotos temáticas. O ingresso inclui o especial de páscoa e o rodízio de fondue tradicional com repetição à vontade das fondues de carne, queijos e doces tradicionais.ServiçoEndereço: Av. Borges de Medeiros, 2050 – Centro, Gramado – RSIngressos antecipadamente através do site www.vendasgramado.chalezinho.com PÁSCOA GALÁCTICA NA HERÓIS DA PIZZA Nova pizzaria temática de Gramado apresenta pocket show especial alusivo à dataUm pocket show com o Coelho Frederico promete animar os presentes com suas performances únicas. Além de saborear mais de 80 sabores diferentes de pizzas, os visitantes poderão desfrutar também de shows dos personagens, participar da emocionante caça fantasmas, assistir ao espetacular Vôo do Super Herói e receber presentes misteriosos.O horário de atendimento é das 18h às 23h. As reservas para o evento são limitadas e podem ser feitas online nos canais oficiais da Heróis da Pizza: www.gramado.heroisdapizza.com.br Avenida das Hortênsias, 3599
SOCIAL DA SAMANTA – 617
FELIZ PÁSCOA! Desejo a todos que me acompanham neste espaço uma abençoada Páscoa. Que o espírito de renovação esteja presente e e seja transformador na vida de cada um. E, claro, que o Coelhinho adoce todos os lares! Fernando Ramm Zanatta, agora formado em Engenharia Cívil na Unisinos, comemorou a colação de grau num domingo muito especial no Sítio Vista Vale da LageanaFoto: Divulgação No dia 25 de março a Vivaz comunicação completou 14 anos de história, capitaneados pela querida e competente Fabi KasperFoto: Divulgação Igor Hanel e Renata Boeira Hanel celebraram os 15 anos da filha Betina numa festa linda como ela merece!Foto: Divulgação Curtindo as férias de março, no Uruguai, com um belo registro na Casa Pueblo, Bianca e Vera CarneiroFoto: Divulgação Está foi uma das belíssimas paisagens da Suíça que marcaram a viagem de Mariá Almeida durante a trip europeiaFoto: Divulgação
SOCIAL DA BINA – 617
VARANDA Uma nova opção surge no cenário de eventos de Gramado, e seu nome é Varanda Espaço de Eventos. Na varanda do resort Buona Vitta, expectativa do empreendimento é sediar eventos sociais e corporativos. O lançamento oficial está agendado para o dia 4 de abril, e contará com a presença de profissionais no segmento de eventos de Porto Alegre, Região Metropolitana e Serra Gaúcha. Além disso, haverá uma exposição de vestidos de noivas de estilistas como: Sandra Ferraz e Sergio Pacheco. A bordo do Cruzeiro Costa Diadema, Marcia Rocha percorreu Santos, Salvador, Ilhéus e Rio de JaneiroFoto: Divulgação Marcos Livi foi um dos chefs convidados de Maciel Burtet, na 14ª Confraria SGFoto: Bina Santos Sorriso de quem está de bem com a vida: Adriana MoreiraFoto: Divulgação Simone Prestes e o filho Valentin aproveitando o festival de Churrasco da SGFoto: Divulgação Leo Duarte e Fernanda Angeli, casal lindo prestigiando o enlace de amigos na Catedral de Pedra de CanelaFoto: Divulgação Alexandre Moraes na Confraria SGFoto: Flávio Prestes
EU SOU A MACELA
Sou pequena, amarga e amarela, uma erva nativa dos campos do sul onde me distribuo entre as gramíneas e trevos, disputando sempre aquele precioso sol que permite a vida. No final do inverno, quando o fogo galopa pelos pastos secos, entrego meus ramos a ele, mas mantenho as raízes bem vivas e prontas para o ressurgimento na primavera. Também deixo sementes, lançadas pelos generosos ventos do outono. Elas ficam, ali, deitadas no solo, escondidas das labaredas, prontas para germinarem ao final das chuvas de agosto. Tenho um caule frágil, concebido apenas para suportar o peso das minhas finas folhas verde-claras, parecendo fitas delicadas, e minhas flores em forma de pequenos buquês dourados. Na primavera e verão, sou pouco notada por estar mesclada com a vegetação do gramado, mas no início do outono torno-me uma rainha. Meus cachos atraem, desde sempre, a atenção dos habitantes destes pagos na busca de substâncias mágicas que aliviam seus males. Quando amadureço, perto da Páscoa, vejo multidões colhendo meus ramos e levando para casa, garantindo assim, um chá milagroso para os males do estômago. Insetos variados também me procuram nesta época, ávidos pelo meu néctar. Tão popular me tornei na medicina campeira, que fui declarada Planta Medicinal Símbolo do Rio Grande do Sul, em dezembro de 2002. Há um sincronismo enigmático entre o meu amadurecimento e o evento da Páscoa, como se um se ajustasse ao outro. Sempre fui tratada com um jujo, nome nativo para a erva medicinal, de grande poder curativo. Isso tem contribuído para eu me espalhar por lugares diversos, além daquele onde nasci, através das minhas minúsculas sementes levadas, nesta época, por estes homens chegados a pé, montados a cavalos, em motos ou carros. Carregam-me em feixes para suas casas, ou para feiras e oferecem àqueles que não puderam me colher, ou, ainda me fazem de guirlandas e enfeitam portas e mesas. Também me usam como recheio de travesseiros para sentir meu perfume calmante, propiciando conforto e bem-estar. Sou assim, uma pequena moradora do campo, levada por homens e ventos para lugares diferentes, sempre pronta para me transformar numa preciosa bebida amarga, amarela e curativa dos males do corpo. Já os da alma, destes se ocupa meu perfume, que evola mil soluções.
O CURTA DE FUÁ
Uma menina que cria na escola, aos dez anos, uma peça teatral chamada Kafej e os seres mágicos está mostrando que tem imaginação. E se uma boa parte dessa magia do espetáculo ela já viveu, pelas características da cultura do seu povo, essa pessoinha pode se orgulhar de ter um vantajoso conhecimento de causa. A vantagem é para Fuá, de registro na lei dos brancos Marciely Vitória Farias Salvador. Fuá é uma menina kaingang, da comunidade Kógunh Mág, situada em Canela na área da Flona (antiga floresta do Instituto do Pinho). Fuá, hoje com doze, está adorando ser atriz. Ela empresta seu nome indígena e é protagonista do curta-metragem Fuá – o Sonho. O curta – primeiro lugar no edital da Lei Paulo Gustavo em Canela – que destaca a relação entre as mulheres kaingang e as plantas, é a segunda oportunidade para ela ir para a frente das câmeras, pois já foi coadjuvante na produção A araucária e a gralha azul: uma história dos antigos Kaingang.Orgulho para a família, o convite para a participação com destaque da menina, em Fuá – o Sonho, se deve ao combo de qualidades que ela entrega: tem desenvoltura, aprendeu bem com as oficinas de preparação de elenco ministradas por Lisi Berti, prepara-se com afinco antes de cada gravação (em Canela e Porto Alegra) e conhece bem o assunto plantas, pelos ensinamentos herdados já da avó. Fuá é a menina da direita na foto do Inventário Audiovisual. Abaixo, com os pais e o irmãozinho. Na escola municipal Cônego João Marchesi, em que estuda, (com ela, mais seis kaingang), Fuá vai deixando de ser Marciely aos olhos dos colegas. Mérito dela, que já superou a timidez inicial para falar-lhes sobre o seu povo. Fotógrafa iniciante (tem uma câmera), Fuá brinca que “gostaria de produzir um filme de terror”, e a ambientação da Flona seria ótima. Guarda com ela um conselho do seu pai: “seja o que você quiser no futuro, mas nunca deixe de lembrar o que você carrega dento de si, que lhe deram seus antepassados”. DICA Ainda há ingressos para o showzaço Reunião 30 anos, do Papas da Língua, no dia 20 de abril em Caxias do Sul. Fomos assistir a celebração que foi a apresentação em Porto Alegre, num Auditório Araújo Vianna lotado de gente de todas as idades, rolou muita emoção. Chamar de memorável é pouco, de inesquecível, é fazer justiça. A formação original do Papas arrebenta, Serginho Moah cantando como nunca. Vá! Ingressos no site minhaentrada.com.br DE KOMBI NO MUNDO – XVI Ingrid, Cissa e os companheiros de viagem Ted e Brisa Cissa Campos é uma mineira de nascimento, crescida em Taubaté (SP) e que iniciara um projeto pessoal de rodar por aí num Land Rover. Ingrid Folha, pelotense, achou que a hora de chutar o balde da rotina e partir pro mundo veio junto com a compra da Kombi (2013), em plena pandemia. As duas se conheceram e se curtem desde Florianópolis. Terminada a adaptação da (hoje) verde-branquinha, iniciaram um grande processo de desapego e afirmam que literalmente moram na Kombi – por conseguinte, nos campings, praias e paisagens da vida. De Canela, onde conversamos há duas semanas, elas estavam partindo para o Nordeste, costeando o litoral para retornar ao Sul cortando o Brasil pelo meio. Sem pressa, sem datas, aproveitando ainda mais tanta felicidade.
FALTA AÇÃO PARA SUPRIR A FALTA DE HABITAÇÃO
Canela se transformou em um polo de desenvolvimento, invejável para todo o Rio Grande do Sul e é perceptível que em quase todas as áreas existe crescimento e demanda por profissionais. Sim, profissionais. Diariamente abrem novos postos de trabalho, principalmente aos mais habilitados, capacitados e dispostos a entregar seu trabalho com dedicação e competência, incluindo, e principalmente, aos finais de semana. Lembro de um tempo em que, todos os finais de tarde de domingos os ônibus saiam lotados de jovens obrigados a viver nos grandes centros urbanos, distantes de suas famílias, em busca de oportunidades de trabalho e ensino superior. Alcançar sonhos diferentes do curso de contabilidade oferecido pela Escola Cenecista ou do Magistério na Escola Danton Correa e das vagas na indústria madeireira, não era tão simples e exigia, principalmente, abandonar as raízes, o conforto de casa e o convívio com os amigos. Canela de hoje, felizmente é radicalmente diferente e já há alguns anos estamos recebendo gente que aqui vem viver seus sonhos, plantando nestas terras as sementes do que, hoje, se entende por família. Gente que vem com os olhos cheios de esperança, mãos disponíveis para construir e o desejo de se estabelecer e assim colher futuro. Infelizmente se deparam com pouca oferta de imóveis e aluguéis caríssimos obrigando aos novos canelenses viverem em porões úmidos ou sub habitações distantes da área central e assim sem desfrutar do que melhor a Cidade oferece, sem participar da vida social ou esportiva ou cultural. Inexiste qualquer projeto público de habitação popular, pelo menos que se saiba, e alguns grileiros se aproveitam desta carência para vender terrenos em áreas invadidas sem qualquer infraestrutura. Chega a ser chocante a carência habitacional para trabalhadores de baixa renda que asseguram a imprescindível mão de obra para sustentar o turismo em uma Cidade que se orgulha de ver mais de uma centena de edificações em obras, porém, todas destinadas a quem pode pagar meio milhão por um apartamento de quarto e sala. Quem sabe o poder público começa a olhar para estes que já representam 19,6% da população e, consequentemente, de eleitores… E assim, percebendo que trabalharão apenas para pagar o aluguel nossos novos canelenses entendem que aqui não conseguirão permanecer e como se exilados fossem, vivem com os olhos voltados para o próximo lugar onde irão se instalar. Por uma triste ironia, a empresa de Transportes Coletivos, que não é a Canelense ou a Floresta, já não tem tantas opções de horários aos domingos para os grandes centros…
ENTREVERO DE FACÃO…
(falando em peleias…) Uma das armas mais conhecidas e populares em todo o Brasil, o facão tem seu nome gravado na história de todas as regiões brasileiras. Neste texto do folclorista Alceu M. Araújo, temos um apanhado geral da sua presença em terras brasileiras… Antes do uso da arma de fogo, antes da garrucha de dois canos (rabo-de-égua), nos entreveros, nas disputas, entrava em cena o “enterçado” ou “terçado”, espécie de facão sorocabano (Sorocaba/SP), muito resistente, cabo de osso, lâmina curva, leve, de fácil manejo, também chamado de “facão aparelhado”. Essa arma branca era feita de ferro nacional, nas antigas forjas, manipulada por especialistas no tempero de lâminas. O facão aparelhado, além de seu uso habitual em abrir picadas em capoeiras de mato fino e mil e uma utilidades na vida campeira, era também uma arma de defesa. Segundo a tradição oral, havia duas formas de disputa com essa arma: a de simples desafio (enterçar armas), medindo força e habilidade no manejo do facão e o chamado “entrevero de facão” ou “cotejo de facão”. Nesse caso, os competidores usavam na outra mão um pedaço de madeira, geralmente um cabo de relho. Não era lá muito amistoso… O cotejo de facão foi um hábito interiorano brasileiro de larga usança. No interior paulista, por exemplo, muitas paradas de tropeiros foram palco desses “cotejos”. Eles, os contendores, sem o saber, estavam revivendo as antigas lutas de espada da tradição medieval. No Rio Grande do Sul, poucos escritores se ocuparam do assunto e, segundo o mesmo autor, “rastreando” as origens desse costume, poderemos chegar justamente aqui! A Revista Cruzada Brasileira de 1930, conta um episódio do interior paulista (Botucatu) de um “paranista macanudo” que depois de uma carreira de cavalos, debandou um destacamento policial de meia dúzia de “cabeças-secas” – como eram chamados os soldados, armados de “refles”, armado apenas com uma pequena espada da polícia da época. Causos e histórias do Brasil rural, usos e costumes do homem do interior brasileiro, costumes comuns ao homem do interior do Rio Grande do Sul… a nossa terra!
RETORNOS PARA A CÂMARA
Para estarem aptos a concorrer nas eleições municipais de 6 de Outubro, os vereadores titulares, que integram o primeiro escalão da Prefeitura devem se descompatibilizar do cargo seis meses antes do pleito e assim retornarem ao Legislativo. São os casos de Marcelo Savi (Obras, Serviços Urbanos e Agricultura) e Luciano Melo (Fazenda e Desenvolvimento Econômico). Ambos são potenciais candidatos pelo MDB na disputa majoritária como cabeça de chapa. SAVI E MELO Savi reassume na próxima segunda-feira (1º) a sua cadeira no Plenário Cyro Soares Sander. Quem deixa o parlamento é a suplente Andressa da Conceição, a Mana. Melo deverá retornar ao Palácio Legislativo Archimimo Alves da Silveira no dia 8 de abril. Com o seu retorno, quem sai da casa do povo é o suplente Roberto Mauro Grulke, também conhecido como Danany. PLEITO DAS ENFERMEIRAS A Câmara autorizou recentemente o Executivo a conceder aumento salarial real de 3% ao funcionalismo municipal. Algumas classes ficaram de fora do projeto inicial aprovado pelo colegiado. Entre elas, as enfermeiras não foram contempladas na proposição de reposição nas suas remunerações. PEDIDO AO PREFEITO As profissionais de saúde recorreram aos vereadores para que eles intervenham junto ao chefe da administração municipal, Constantino Orsolin para também receberem o aumento. Jerônimo Rolim (PDT), Carmen Seibt (PSDB), Vellinho Pinto (PDT) e Jefferson de Oliveira (MDB), já se manifestaram favoráveis à reposição salarial para a enfermagem. Ao todo, Canela conta com 14 enfermeiras concursadas. PROJETO ESPECÍFICO Por 2024 ser um ano eleitoral, para que os vencimentos de vereadores, prefeito, vice e secretários municipais sejam reajustados é necessária a apresentação de um projeto de lei específico sobre estes subsídios. Até o momento, o assunto não entrou nas pautas da Câmara e da Prefeitura.
O MAIS IMPORTANTE É…
… SABER FAZER O BOM USO DAS OPÇÕES GUILHERME ROTHSócio diretor da Black Investimentosguilherme@escritorioblack.com.br Desde a época dos romanos e dos fenícios já eram utilizados contratos que envolviam o comércio marítimo que se assemelham muito com a dinâmica das opções utilizadas hoje em dia no mercado financeiro. Opções nada mais são do que contratos futuros de compra ou de venda que estabelecem preços a ativos/mercadorias. Inicialmente constituídas como instrumento de proteção, as opções oferecem um mundo à parte dos investimentos atuais. Operações estruturadas com opções são estratégias complexas que os investidores utilizam para buscar lucros, proteção ou uma combinação de ambos no mercado financeiro. Essas estratégias envolvem a combinação de opções de compra (call options), as quais estabelecem um preço de compra futuro, e opções de venda (put options), que estabelecem um preço de venda futuro. Embora essas operações possam oferecer oportunidades significativas de lucro, é fundamental entender tanto o potencial ganho quanto os riscos envolvidos antes de se envolver nelas. Uma das maiores vantagens das operações estruturadas com opções é a capacidade de alavancagem. As opções permitem que os investidores consigam ter exposição a uma quantidade substancial de ativos subjacentes utilizando apenas uma fração do custo de compra desses ativos. Na prática, isso significa que pequenas variações no preço do ativo subjacente podem resultar em ganhos (ou perdas) significativos para o investidor. As operações estruturadas com opções oferecem uma ampla gama de estratégias, desde aquelas destinadas a gerar renda até aquelas projetadas para proteger investimentos existentes contra movimentos adversos do mercado. O interessante aqui é que os investidores podem personalizar suas estratégias de acordo com suas perspectivas de mercado e tolerância ao risco. Ao utilizar opções, os investidores podem diversificar seus portfólios de maneiras que não seriam possíveis apenas com a compra direta de ações ou outros ativos. Isso pode ajudar a reduzir o risco geral do portfólio e melhorar seu potencial de retorno ajustado ao risco. As opções também são frequentemente usadas para proteger posições existentes contra movimentos adversos do mercado. Por exemplo, um investidor que possui ações em sua carteira pode comprar opções de venda (puts) para se proteger contra uma queda significativa no preço dessas ações. Essa estratégia, conhecida como hedge, ajuda a limitar as perdas em um mercado volátil. Funciona exatamente como um seguro de carro, gasta-se um valor relativamente pequeno em relação ao ativo para ser ressarcido em caso de algum acidente. Na prática, as operações estruturadas com opções são frequentemente complexas e exigem um entendimento profundo dos mercados financeiros e dos instrumentos derivativos envolvidos. Para investidores inexperientes, a complexidade dessas estratégias pode levar a erros de avaliação e perdas significativas. As opções são bastante sensíveis à volatilidade do mercado, e movimentos bruscos nos preços dos ativos subjacentes podem resultar em grandes variações no valor das opções, podendo resultar em grandes perdas ou grandes lucros, a depender de como estamos posicionados. Além disso, a volatilidade implícita, que afeta o preço das opções, pode variar significativamente e influenciar os resultados das operações estruturadas. Em certas circunstâncias, os investidores podem perder todo o capital investido em operações estruturadas com opções. Isso pode acontecer se o preço do ativo subjacente não se mover na direção prevista ou se mover contra a posição do investidor de forma a anular os ganhos potenciais da estratégia. Operações estruturadas com opções oferecem aos investidores uma variedade de oportunidades de lucro e proteção, mas também carregam consigo riscos substanciais. É fundamental que os investidores compreendam completamente essas estratégias, incluindo os potenciais de lucro e os riscos envolvidos, antes de se envolverem nelas. Aí que entra a gestão de risco. O segredo para operar nesse mercado é dosar no tamanho e ter total controle dos potenciais ganhos e, principalmente, das perdas. Dessa forma, o investidor sempre terá a oportunidade de manejar as posições que forem para o lado contrário ao desejado, usando do próprio mercado para ajustar e retomar o caminho do desejado “gain” ou lucro. A educação financeira, a pesquisa cuidadosa e o uso de assessoria competente e especializada podem ajudar os investidores a utilizar operações estruturadas com opções de forma eficaz em seus portfólios de investimento.