A IMPORTÂNCIA DO AVANÇO DA MEDICINA CAPILAR NO MUNDO Dra Yale Jerônimo – Dermatologia e Tricologia A medicina capilar tem avançado consideravelmente graças ao crescimento contínuo da pesquisa direcionadas a cabelos no mundo inteiro. Antes, o conhecimento sobre as doenças do cabelo e o couro cabeludo eram limitados, agora, graças às tecnologias avançadas, podemos identificar e diferenciar doenças com base em detalhes minuciosos observados durante exames médicos. Uma das tecnologias que se destaca pra mim, como sendo uma das minhas favoritas, é o tricoscópio, que consiste em uma câmera equipada com uma lente de aumento poderosa. Por meio dele, é possível visualizar os folículos capilares – que são as casinhas por onde os fios são fabricados – em detalhes ampliados em até 50 vezes, permitindo uma avaliação precisa da qualidade do crescimento capilar e identificação de possíveis alterações no couro cabeludo para um tratamento direcionado. Essa abordagem tem revolucionado os diagnósticos, reduzindo a necessidade de biópsias invasivas que antes eram tão corriqueiras nos cenários capilares. Há mudanças também na abordagem do tratamento da calvície entre homens e mulheres, levando em consideração as diferentes respostas dos receptores hormonais no couro cabeludo de cada gênero. Também é importante citar os avanços significativos feitos no tratamento da alopecia areata, que é uma condição em que o corpo ataca os folículos capilares, resultando na perda de cabelo, deixando áreas completamente sem fios. O desenvolvimento de novos tratamentos tem permitido reversões surpreendentes desse quadro, proporcionando esperança e resultados positivos para pacientes anteriormente descrentes. Em relação aos tratamentos em consultório, destaca-se a microinfusão de medicamentos na pele (MMP), que tem demonstrado ser uma intervenção eficaz, agindo rapidamente no tratamento de diversas condições capilares, fazendo tanto estímulos a células tronco locais, quanto deixando medicação na área correta de atuação, tendo resultados clínicos tão favoráveis em alguns casos, que se compara ao transplante capilar. Cada vez mais as pesquisas em terapias de regeneração capilar, como aquelas que envolvem o uso de células-tronco e fatores de crescimento, apresentam promessas notáveis no tratamento da calvície e de outras condições capilares. Essas inovações estão mais próximas de se tornarem parte integrante da realidade da medicina capilar, trazendo esperança e avanços revolucionários para pacientes em todo o mundo.
É TEMPO DE PINHÃO
Outono colorindo as ruas com tons em vermelho e amarelo. O friozinho mudando a nossa maneira de vestir pedindo casacos e roupas quentes. O fogo acompanhando nosso dia a dia. Outono e inverno na Serra Gaúcha convida a uma introspecção e um aconchego, que a turma de cá já conhece bem. Coloca nesta lista pinhão na chapa ou cozido. E o clima invernal se faz completo. O pinhão é a semente da araucária, aquela árvore protegida por lei. Proteger uma árvore por lei é uma maneira de fazer com que ela não desapareça. Ipê, corticeira da serra, araucária e tantas outras estão nesta lista de proteção. Recentemente tivemos um episódio na região, onde a derrubada de uma araucária gerou questionamentos e reclamações sobre as derrubadas permitidas destas espécies mediante uma licença ambiental. Sabemos que as araucárias podem alcançar até 50 metros de altura e que precisam de solo para as suas raízes. Sabemos que atualmente a convivência entre espaços urbanos e natureza está cada vez mais prejudicado. A pergunta desta jornalista não é sobre onde vamos parar com estas derrubadas, mas por que insistimos em somente derrubar, quando existem tantos caminhos de conciliação, entre o urbano e o natural? Precisamos mesmo encerrar um cenário para nos vangloriarmos de outro? Parto do princípio mais óbvio, o de que a araucária nos proporciona biodiversidade paisagística e de fauna, o sabor de seu fruto (o pinhão), além de um atestado de história. Você sabia que as araucárias estão presentes na região desde os períodos Jurássico e Cretáceo, entre 200 e 65 milhões de anos atrás? Será que só saberemos respeitar quem grita ou levanta a voz? Talvez por isto a moto serra é tão temida? Este é um assunto que recém iniciou seus debates. Tanto nas redes sociais, quanto nas ruas, o assunto araucária tem levantado boas discussões e tem feito as pessoas pensarem nas suas atitudes. A imprensa está percebendo que o meio ambiente não é uma pauta de enfeite, mas necessária no dia a dia. E a classe política não em mais como negar que este assunto é de todos e não somente de gabinetes e assinaturas rápidas. É tempo de pinhão e nesta colheita precisamos conversar, porque se o diálogo não acontecer, as derrubadas continuarão acontecendo. E em um futuro próximo o pinhão não será farto.
HISTÓRIAS DA NOSSA TERRA
(sobre aqueles tempos…) Numa coletânea com vários autores, a obra “RS: Economia & Política” nos traz um panorama do início do povoamento do nosso Estado, com destaques, é claro, na política e na economia. Com referência a este ultimo assunto, um texto inteligente do historiador Guilhermino Cesar discorre sobre a chamada “Idade do Couro”… Um trecho: “…Nessa Idade do Couro no Rio Grande do Sul, a primeira notícia que se tem de atividade lucrativa aqui exercida, refere-se à extração e comercialização de couros…” Mais adiante: “…Foi tão intensa a extração de couros, e tão desordenada, que o governador André Ribeiro Coutinho, sucessor de Silva Paes, baixou o Regimento da Courama…” Outro trecho: “…À falta de melhor material, usava-se o couro na confecção de vários utensílios, na cobertura e como parede dos ranchos e casas, na confecção de vestimentas, nas botas, numa infinidade de outras coisas essenciais…” “… A incapacidade das coisas com que contavam, segundo diz um desses povoadores, era notória: não passavam de barracas de couro ou de ranchos cobertos de santa-fé, suas moradas…” O gado trazido pelos Jesuítas reproduzia-se de forma espantosa, em campos fartos e indivisos, nas chamadas “Vacarias do Mar” (Sul) e nas “Vacarias dos Pinhais” (Cima da Serra). Até então aproveitando somente o couro e o sebo, ficava a carne de miles e miles aos abutres. Mas logo chega a vez do charque, com vistas ao norte do país. Mas isso é assunto pra outro dia. Tudo envolvia o couro, além do já citado: transporte (canoas, chamadas “pelotas”); vestuário (uma espécie de “poncho”), além de botas, chapéus, capas…; móveis (camas, balcões, armários…); armas (boleadeiras); trabalho (laço, sovéu, rebenque…), etc. Tudo mostra a chamada “Idade do Couro”, que escreveu grande parte da história do Rio Grande do Sul… a nossa terra!