Hora de o turismo dar a volta por cima Após as chuvas cessarem e o sol reaparecer, dando a certeza de que dias melhores estão por vir, a retomada turística na região começa a acontecer. O feriado de Corpus Christi marca o reinício das atividades da cadeia turística após a catástrofe climática deixar um rastro de destruição em alguns pontos isolados de Canela e Gramado e causar sérios prejuízos ao turismo que é o pilar da economia local. Por ser um feriado prolongado, Corpus Christi é uma data comemorada pelo trade, uma vez que, a região tradicionalmente registra grande movimentação turística neste período. De acordo com levantamento do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias (Sindtur Serra Gaúcha), a ocupação hoteleira de 30 de maio a 1º de junho está prevista inicialmente para 20,7%. Outro segmento que também voltou a funcionar, é o dos parques temáticos. A maioria das atrações retomou as suas operações no feriado de Corpus Christi. “Hoje estamos vivendo uma situação um pouco mais confortável, obviamente ainda existem problemas e uma questão humanitária em algumas cidades, mas nós entendemos que as coisas precisam começar a acontecer. A retomada vai ser lenta, mas ela vai acontecer”, comenta o presidente da Associação de Parques e Atrações da Serra Gaúcha (Apasg), Renato Fensterseifer Jr. “A nossa expectativa é de bom público para este feriado, os parques estão com campanhas solidárias. Precisamos voltar a girar pela questão econômica e dos empregos, isso é importante também”, ressalta Fensterseifer. Liderança empresarial do ramo turístico, Any Brocker CEO e Founder do Grupo Brocer, conduziu um passeio com influenciadores digitais locais na manhã desta quinta-feira (30), para marcar a retomada do BusTour, uma atração turística que auxilia na mobilidade urbana e conecta mais de 40 atrações de Gramado e Canela. “Acredito que a nossa retomada será de forma gradativa, mas será mais rápida do que a gente imagina”, comentou a empresária. “A chegada do feriado é um marco para retomarmos as atividades na Serra Gaúcha com o turismo, que é uma importante economia na região que vai ajudar a reconstruir o nosso Estado. O Bustour em funcionamento, os parques e passeios trazem a alegria de volta a nossa linda região”, avalia a diretora operacional do Grupo Brocker, Carlise Bianchi. Para unificar as ações e movimentos visando a reconstrução turística em Canela, foi criado um Comitê de Marketing Estratégico vinculado a secretaria Municipal de Turismo e Cultura. “Estamos fazendo um trabalho de novo posicionamento para a Serra Gaúcha, esse é o nosso foco. Estamos trabalhando em uma campanha que passe a mensagem de que Canela e Gramado são os melhores destinos para se visitar”, revela o gerente comercial do Parque Caracol, Renan Pacheco. Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Canela (ACIC), Maurício Boniatti, o fluxo turístico voltará ao normal aos poucos. “Eu acredito que liberando um pouco as vias tendo alguns voos em Caxias em Canoas, um pouco vai ser retomado, mas não tudo que merecemos. Nós já temos algumas ações planejadas. Em cada mês, até o fim do ano vamos ter campanhas de descontos e movimentos na gastronomia”, opina Boniatti. EXPECTATIVA do trade é de que o fluxo turístico retorne gradualmente fazendo a roda da economia girar novamenteFoto: Lucas Dias PONTO DE PARTIDA PARA A RECUPERAÇÃO DO TURISMO A Secretaria Municipal de Turismo e Cultura está envolvida diretamente na realização de ações para que o turismo, principal atividade econômica da região volte a pulsar. “Vamos lançar um vídeo demonstrando a segurança do destino Canela, as rotas que conduzem até a nossa cidade estão aptas a receberem trânsito. Estamos com todos os nossos atrativos e com todo o trade funcionando seja comércio, seja hotelaria e os próprios atrativos”, comemora o secretário de Turismo de Canela, Gilmar Ferreira. “O feriado será um ponto de partido, será a retomada até porque vamos contar com divulgação orgânica das pessoas que nos visitarem. Canela está disposta a investir um valor considerável para que cada vez mais consigamos divulgar o destino e fazer com que o turismo retorne. Principalmente nas férias de junho precisamos fazer com que Canela volte a lotar”, frisa Ferreira. “Não Cancele, Não Remarque, Venha” Em um movimento estratégico para revitalizar o turismo no Rio Grande do Sul, secretários de turismo de diversas cidades reuniram-se em um encontro liderado por Gilmar Ferreira Secretário de Turismo de Canela. O evento contou com a participação dos representantes de Ametista do Sul, São Miguel das Missões, Gramado, Torres, Caxias do Sul, Nova Petrópolis, Flores da Cunha e Bento Gonçalves. Durante o encontro, foram discutidas pautas essenciais para enfrentar os desafios atuais e promover um novo slogan que visa impulsionar o turismo regional: “Não Cancele, Não Remarque, Venha”. O novo slogan, foi destacado como uma mensagem central para incentivar os visitantes a explorarem as belezas e atrações do estado. A campanha busca reverter cancelamentos e adiamentos de viagens, promovendo uma retomada segura e planejada do turismo. VOOS COMERCIAIS COM DESTINO À REGIÃO Outro fator que está contribuindo e muito para a retomada turística na região, é o fato de a malha área do Estado entrar em operação para voos comerciais novamente. Com o Aeroporto Internacional Salgado Filho inundado e sem previsão de data de reabertura, a Base Aérea de Canoas (foto) temporariamente vem recebendo e sendo ponto de partida de algumas aeronaves com visitantes com destino a Serra Gaúcha ampliando a oferta de voos com passageiros com destino para a Região das Hortênsias. Na manhã desta segunda, pousou o primeiro avião comercial no terminal provisório. Ele saiu de Congonhas, na capital paulista, às 8h. À tarde, às 13h45, chegou à base aérea um voo da Latam, que saiu de Guarulhos, também em São Paulo. A Fraport Brasil, concessionária do terminal porto-alegrense, está utilizando o ParkShopping Canoas, que foi organizado com os ambientes necessários para recepcionar os passageiros e iniciar os procedimentos de embarque e desembarque. Dali, onde vai acontecer o check-in, os passageiros são levados por terra até a base aérea. Atualmente
ENTREVISTA COM MÁRCIO RIBAS
Arquitetura e Urbanismo para um Futuro Sustentável Clique aqui para ler a segunda parte No cenário atual, onde as mudanças climáticas e os desastres naturais se tornam cada vez mais frequentes, a arquitetura e o urbanismo desempenham um papel crucial na construção de cidades resilientes e sustentáveis. Para discutir essas questões, entrevistamos Márcio Luiz Oppitz Ribas, um renomado arquiteto e urbanista com vasta experiência em projetos urbanos, destinos turísticos, economia circular e desenvolvimento sustentável. Sócio proprietário da MR Arquitetura da Paisagem Ltda., Márcio é graduado pela UNISINOS e possui diversas especializações, incluindo Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular pela PUC-RS. Nesta entrevista, ele compartilha suas perspectivas sobre como o conceito de “green building” pode ajudar a mitigar os impactos das catástrofes climáticas no Rio Grande do Sul, as diretrizes essenciais para o planejamento urbano em áreas vulneráveis, e os desafios e oportunidades que a Serra Gaúcha enfrenta com a possível migração de populações afetadas pelas enchentes. Além disso, Márcio aborda a ocupação de encostas em áreas urbanas e sugere medidas para mitigar os problemas enfrentados pelas cidades em relação à ocupação inadequada de áreas de risco. Acompanhe a seguir suas respostas detalhadas e insights valiosos para um futuro urbano mais seguro e sustentável. NE: Sr. Márcio Ribas, considerando as recentes catástrofes climáticas que têm afetado o Rio Grande do Sul, especialmente as enchentes em áreas ribeirinhas, como o conceito de green building pode contribuir para a resiliência dessas regiões? Quais práticas de construção sustentável poderiam ser implementadas para minimizar os danos causados por eventos climáticos extremos? Ribas: A pergunta é simples, mas a resposta é complexa e um tanto difícil de sintetizar nesta entrevista. Mas vamos lá. Primeiro, precisamos considerar como essas edificações serão implantadas nos nossos territórios, sempre avaliando seu impacto nos ecossistemas e na escala da cidade. Antes de avaliar o sistema construtivo ou de engenharia, precisamos avaliar questões regionais quanto, a topografia, geologia, hidrografia, ou seja, respeitar o ambiente natural. Logo após deveria vir a técnica construtiva para considerar todas as condicionantes ambientais. Contudo, para as nossas edificações, o conceito de green building, evidentemente, pode ajudar as cidades se tornarem mais resilientes frente às enchentes, e outras catástrofes climáticas. Práticas poderiam incluir elevar edificações para evitar danos pela água, usar materiais resistentes e acabamentos impermeáveis, implementar sistemas de drenagem eficientes e captação de água da chuva, plantar vegetação nativa e criar telhados e paredes verdes. Além disso, é importante projetar estruturas modulares e espaços multifuncionais, instalar sensores de inundação e sistemas de alerta precoce, utilizar painéis solares e sistemas de energia autônomos, e envolver a comunidade no planejamento e na educação sobre práticas sustentáveis. Essas medidas podem ajudam a reduzir os impactos ambientais, sociais e econômicos e melhorar a capacidade de adaptação das comunidades locais. No entanto, nenhuma edificação será eficaz se o conjunto planejado não estiver dentro de um regime urbanístico integrado e capaz de mitigar os impactos causados por estas construções. É importante entender o que realmente caracteriza um green building e suas premissas estratégicas. As soluções tecnológicas aplicadas devem não apenas mitigar os impactos causados pela construção, mas também garantir um custo operacional viável durante a ocupação e gestão energética do empreendimento. Infelizmente, algumas construtoras ou incorporadoras adotam pequenas medidas na construção apenas para fins de marketing. Para que um edifício seja verdadeiramente um prédio verde, é necessário considerar todo o ecossistema gerado, visando ganhos sustentáveis reais para a obra. Planejamento Urbano em Áreas Ribeirinhas: NE: Em relação ao planejamento urbano, quais são as principais diretrizes que o senhor acredita serem essenciais para evitar a construção em áreas ribeirinhas vulneráveis? Como podemos conciliar a necessidade de habitação com a preservação ambiental e a segurança dos moradores? Ribas: Neste caso, para evitar construções em áreas ribeirinhas, são necessárias algumas diretrizes essenciais para o planejamento urbano. Posso dizer que a base ambiental deve sempre ser a principal questão a ser trabalhada. Para isso precisamos mapear as áreas de riscos, identificar zoneamentos adequados para cada uso e atividade pretendida, identificar áreas propícias para infraestrutura verde, como bacias de contenção ou retenção, revisão de regulamentações de construção, programas de reassentamento sustentável, entre outras ferramentas de políticas públicas. Mapeamentos detalhados identificam áreas de risco de enchentes e deslizamentos, enquanto o zoneamento proíbe ou limita construções, a depender do uso ou atividade, nessas áreas, destinando-as a espaços verdes e de recreação. Infraestruturas verdes, como parques, ajudam a absorver impactos das enchentes e fornecem espaços recreativos. Regulamentações de construção precisam ser atualizadas e rigorosamente aplicadas para exigir medidas de mitigação de riscos em novas construções. No entanto, para conciliar a necessidade de habitação com a preservação ambiental e a segurança dos moradores, é crucial adotar práticas como planejamento participativo, possibilitar diálogo entre a comunidade e entidades representativas, educação e conscientização, e parcerias público-privadas. O planejamento participativo deve envolver a comunidade no processo de planejamento, promovendo soluções inclusivas e sustentáveis. Ocupação Demográfica em Canela e Gramado: NE: Com a possibilidade de relocação das populações mais afetadas pelas enchentes, o senhor acredita que a Serra Gaúcha, especialmente cidades como Canela e Gramado, pode se tornar um destino preferido para essas pessoas? Quais seriam os impactos demográficos e urbanísticos dessa migração para a região? Ribas: Sim, acredito nessa possibilidade. A Serra Gaúcha, especialmente Canela e Gramado, de uma forma ou de outra, já possui uma infraestrutura bem desenvolvida e ofertas de emprego em abundância, e de certa forma, esse aumento populacional já vem acontecendo. E agora, após esta crise no estado, poderá haver um interesse ainda maior em se estabelecer na região. Há muitos indicadores que apontam que grande parte da mão de obra de Gramado e Canela é oriunda de cidades vizinhas como Três Coroas, Igrejinha, Taquara, entre outros municípios. Perceba, com isso, o que geramos de mobilidade e custo de energia com essa demande de transporte intermunicipal. Portanto, planejar a região e suas interdependências é essencial para um desenvolvimento na escala regional que possa absorver essa movimentação de pessoas em busca de novas oportunidades de trabalho. Isso inclui não apenas ofertas de emprego, mas
IMPORTADORAS DE VINHOS SE UNEM PARA AJUDAR O RS
É muito emocionante ver como pessoas de todas as partes do mundo estão sendo solidárias e contribuindo para a reconstrução do Estado. Que tal fazer a sua parte também na hora de comprar vinhos? Para apoiar os gaúchos na reconstrução do estado, cinco importadoras do Brasil se uniram na campanha Do mundo para o RS. Juntas, as empresas conseguiram a doação de mais de 1.000 garrafas de vinhos para serem comercializadas on-line com valor revertido para os atingidos pelas enchentes. Quem quiser contribuir, pode acessar o site www.meuvinho.com.br e escolher a quantidade de rótulos que deseja adquirir: uma garrafa ou um combo de até seis rótulos. O valor inicial é de R$ 100 por garrafa com desconto progressivo. Os vinhos são de diversas partes do mundo e o comprador só descobre quais rótulos adquiriu quando recebe a entrega. O valor já inclui frete para todo o país. A renda arrecadada será revertida para o Rotary Clube de Garibaldi, entidade que está apoiando a região da Serra Gaúcha, maior produtora de vinhos do Brasil. As importadoras que participam da ação são Vino Hermano e Bodega 3 Cabezas (Garibaldi-RS), Riserva (Igrejinha-RS), Obra Prima (Curitiba-PR), Domínio Cassis (São Paulo-SP), além do portal de vendas “Meu Vinho” (Porto Alegre-RS), que também é parceiro da iniciativa. IMPORTADORAS PARCEIRAS CAMPANHA – DO MUNDO PARA O RS Como participar:www.meuvinho.com.brValores:1 garrafa – R$ 1002 garrafas – R$ 1903 garrafas – R$ 2704 garrafas – R$ 3505 garrafas – R$ 4256 garrafas – R$ 500
SOCIAL DA SAMANTA – 626
Any Brocker Boeira em dia de retomada do Bustour junto de parceiros, influenciadores e o sol!Foto: Divulgação A HISTÓRIA DO TEATRO EM CANELA Canela, cidade conhecida por sua rica história e encantadora cultura, será palco do início das gravações do documentário “A História do Teatro em Canela”, no Teatro Municipal, popularmente chamado de “Teatrão”. Com texto e direção de Lisiane Berti, a produção promete revelar o quanto as artes cênicas sempre estiveram presentes no contexto da comunidade canelense desde os anos 20. Glenda Viezzer foi uma das personalidades convidadas para gravar depoimento. Os bonequeiros Bete Bado e Charles Leão Rodrigues ladeiam Lisi Berti, Os 3 posam com os bonecos Carlão, que foi mestre de cerimônia do Bonecos Canela em várias edições e Vô Libório, fruto dos festivais de Canela.Foto: Paula Vinhas A Laura faz parte da equipe da Ze Arts Doces que já fez muitos cupcakes para doação em abrigos em várias cidades do nosso RS, literalmente um doce abraço a causa!Foto: Divulgação MADAMES DO VINHO A noite do dia 29 de maio foi de celebração e solidariedade com o encontro da Confraria Madames do Vinho, que brindou ao Sul. O evento contou com a presença de insumos provenientes de produtores gaúchos, assim como os vinhos da vinícola Cave Antiga, que lançou o vinho Rosso Tutorale, produzido e cultivado aqui no nosso Rio Grande do Sul. Além disso, parte do valor arrecadado durante o jantar, que aconteceu no Capullo, em Canela, será revertido em doações, e em breve haverá um bazar para arrecadar mais fundos destinados a ações solidárias. Uma belíssima iniciativa. Mulheres unidas e engajadas da confraria Madames do VinhoFoto: Cleiton Thiele Alguns dos envolvidos na realização deste evento que acontece no Capullo e contou com vinhos em parceria com a Terroir Brasil Gramado e a Vinícola Cave Antiga: Eddie Junior, Erica Santos, Carol Pedroso, Natalia Taffarel e Cristhian AmbrosiFoto: Cleiton Thiele
SOCIAL DA BINA – 626
Laura Souza com a filha ÁgathaFoto: Bina Santos CORPUS CHRISTI O feriado foi marcado pela retomada de parques, atrações e passeios. O Bustour foi um deles e eu fui conferir esse momento importante para o turismo da nossa região. Olha quem encontrei por lá. Samuel Moretto e a filha RarielliFoto: Bina Santos Polliana Ferreira e a a ursinha Ana do Mini MundoFoto: Bina Santos Simone Prestes e Jonatas de SáFoto: Bina Santos Alexandra AranovichFoto: Bina Santos
A RESILIÊNCIA DOS XAXINS
Apreciar uma mata nativa de xaxins é como abrir uma fresta na parede do tempo e espiar o passado. Seus caules marrons, felpudos e macios, folhas gigantes e um perfil primitivo fazem desta árvore uma verdadeira relíquia, um fóssil fora do solo insistindo em viver. Presentes desde os tempos dos dinossauros, famintos por ervas ou carnes, assistiram as grandes mudanças operadas na paisagem, como a formação do Oceano Atlântico, na lenta separação dos continentes que originou a América do Sul e África. Assistiram ao maior evento vulcânico ocorrido no planeta que culminou com a modelagem do planalto onde está assentada a Região das Hortênsias. A tudo resistiram geração após geração, milênio após milênio, independente do ocorrido em sua volta. Mais recentemente, foram quase extintos no Rio Grande do Sul, não por vulcões ou outros cataclismos naturais, mas pela exploração excessiva pela mão do homem. Seus caules eram utilizados, no início do povoamento de Canela e outras cidades da região, para pavimentação de ruas e calçadas, na construção de ranchos e, há poucas décadas, para o fabrico de vasos visando o plantio de orquídeas e outras epífitas. Em 2001, o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) proibiu o corte e comércio de produtos derivados desta e de outras espécies da Mata Atlântica. Em pouco menos de um século, o homem quase conseguiu extinguir a espécie. Mas ela é resiliente, forte e indiferente ao nosso comportamento exploratório. Vai se mantendo protegida nos grotões e fundos de fazendas, naqueles ambientes de sombra e umidade. É uma planta primitiva sem um sistema eficiente de proteção contra a evaporação da água pelas folhas, sofrendo fácil desidratação quando exposta ao sol. Exemplares, extraídos dos seus ambientes naturais e replantados em jardins de casas, praças e condomínios, ficam prejudicados ou não sobrevivem nestes ambientes ensolarados. É uma questão de estrutura da planta. Talvez por isso o xaxim seja tão longevo, já que adotou, por motivos fisiológicos, este sábio adágio: “Boa é a vida com sombra e água fresca”. Conheço quatro ou cinco lugares no Rio Grande do Sul onde ainda existem espetaculares e raras matas de xaxins, com exemplares de até oito metros de altura, com centenas de anos e em quantidade inimaginável, formando uma autêntica floresta primitiva. Reservo-me o direito de omitir as coordenadas destes locais, já que fiz um tácito acordo com os xaxins, prometendo-lhes segredo.
BEM-VINDOS AO EMPREENDEDORISMO, GAROTADA!
“Achievement” significa, em português, conquista. A Escola Estadual Danton Corrêa da Silva, em Canela, merece os parabéns por novamente ajudar a abrir caminhos para alunos irem em direção às suas conquistas. A escola aproveita o fato de, na base curricular de algumas turmas, constar o tópico Empreendedorismo para receber de bom grado ajuda externa de primeiríssima qualidade. Já aconteceu com o Sebrae, agora é o programa Junior Achievement. Os segundos parabéns vão para o pessoal que traz, para esses jovens da Danton (alunos do 2º ano do Ensino Médio), a experiência de botarem um pé no mundo do empreendedorismo através da metodologia do Junior Achievement, uma organização de educação prática criada nos Estados Unidos há 104 anos. O Núcleo Acic Jovem, da Associação Comercial e Industrial de Canela, reuniu profissionais voluntários de diferentes áreas (veja no quadro na base), para servirem de conselheiros e mentores dos aprendizes. Somando as três turmas da Danton engajadas no projeto – duas matutinas e uma noturna, da EJA – são cerca de 100 alunos de Canela a se somarem aos mais de sete milhões, no mundo, que anualmente passam a ver que empreender por livre iniciativa é possível, sim. PARTE do grupo de 100 alunos que está conhecendo o mundo dos negócios via JA AULA prática de trabalho em cooperação A DESIGNER Adriana Guimarães é uma das conselheiras da turma da EJA A GÊNESE DA ECOBIN Fomos ver de perto uma turma do Junior Achievement trabalhar, numa manhã na Danton Corrêa. Depois de imaginado, o produto eleito por eles para ser lançado no mercado foi a Ecobin (“bin” = lixeira em inglês), uma pequena lixeira portátil para ser levada para a escola ou o trabalho. Os atributos: resistência, beleza e o propósito da sustentabilidade. A lixeirinha merece ser levada pra cá e pra lá pela originalidade da matéria-prima das duas versões disponíveis (papel Kraft de embalagem de ovos ou corda de sisal, ambos reciclados) e pela estética (são muito bonitas). Na terça-feira em que estivemos na escola a sala estava virada em fábrica, pois dentre os 13 encontros previstos, que iniciaram em abril, esse era um para produção. Os outros 12 estão divididos em aulas de marketing, trabalho cooperativo e tudo o mais que uma empresa saudável precisa para ter sucesso no mercado e colabores satisfeitos, em sintonia com um mundo mais sadio. DE MÃOS na massa, a turma em plena produção das lixeiras TRÊS alunas e os advisers Aldani Ronsani, Dara Sila e Luca Sala Zanch. ALUNO Ronald Sebastian Silva trabalha nas Finanças da Ecobin. Me vendeu ações da empresa. Aline Schimanoski, consultora executiva da ACIC, é a coordenadora do programa que conta com uma vaequipe de voluntários (advisers), profissionais de diversas áreas e também professores da Escola Danton Corrêa. São eles: Adriana Guimarães, Cláudia Azevedo, Simone Kunz, Ana Lódea Viezze, Dara Silva, Luca S. Zanchi, Marli de Oliveira, Rosane Agrippa, Sandra Calzetta, Paula Pacheco, Rochele Brião, Aldani Ronsani e Leandra Aires dos Santos.
COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO DOS REUMATISMOS?
Dr. Joelson Oliveira – Médico Reumatologista A reumatologia é uma área da medicina que apresenta um vasto número de doenças e cada uma delas com vários sintomas diferentes. Isso faz a busca pelo diagnóstico um verdadeiro desafio. Assim como em qualquer área da saúde, o primeiro passo está na consulta clínica, também chamada de anamnese. Nesse momento de conversa, o médico vai fazer várias perguntas para ajudar no diagnóstico. É importante entender quais queixas levaram o paciente a procurar a consulta, mas também outros aspectos são muito importantes, tais como com o que trabalha, quais medicamentos usa, qual sua história de saúde na família etc. O próximo passo é realizar um exame físico completo e direcionado para cada caso, avaliando se os sintomas que o paciente falou na consulta se correlacionam durante a avaliação física. É comum observar sintomas físicos que não foram relatados na conversa ou que o paciente não falou por achar não tinha relação com reumatismo. Para confirmar as suspeitas geradas durante a consulta e exame físico, o médico reumatologista pode solicitar exames de sangue. Como sabemos, os reumatismos são doenças autoimunes, ou seja, provocadas pelo próprio sistema imunológico dos pacientes, em um processo de confusão onde ele é atacado por suas próprias células de defesa. A coleta de sangue visa avaliar se existe essa autoimunidade além de avaliar o grau de inflamação no corpo. Por fim, temos os exames de imagem, como ressonância magnética nuclear, tomografia computadorizada, radiografias, ecografias, eletroneuromiografia, dentre outras, que têm o papel de auxiliar nos diagnósticos e avaliar o grau de sequelas provocadas pelas doenças. É preciso ressaltar que com um diagnóstico preciso e um tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com reumatismo.
EM PAUTA
Repercute projeto de lei que propõe aumento de salário para os vereadores. A matéria está tramitando na Câmara e foi apresentada pela Mesa Diretora do parlamento canelense. A proposição vem ao encontro do que é permitido por lei, onde no último ano de cada legislatura, no máximo até 60 dias antes das eleições municipais, o valor do subsídio do colegiado e da verba de representação do presidente da Casa do Povo para a legislatura seguinte, pode ser proposto, com aumento ou não. AUMENTO DE 32,6% Caso a proposição seja aprovada, o salário dos vereadores a partir de 2025, passará dos atuais R$ 6.988,70 para R$ 9.268,25, o que representa em um aumento de 32,6%. O aumento projetado para os edis da próxima legislatura ainda é inferior ao salário de um assessor jurídico da Casa Legislativa, que atualmente é R$ 9.565,06. PREFEITO E SECRETÁRIOS A Mesa Diretora, formada por Jefferson de Oliveira (presidente), Carmen Seibt (vice), Alberi Dias (1º secretário) e Carla Reis (2ª secretária), também deverá apresentar projeto de lei fixando a remuneração do prefeito, vice e secretários municipais para a próxima administração. De acordo com o Portal da Transparência da Prefeitura, atualmente o salário do chefe do Executivo é de R$ 25.827, 78 e o subsídio do secretariado é de R$ 12.154,25. ENCONTRO COM MINISTROS Em uma reunião realizada nesta segunda-feira (27) em Bento Gonçalves, ministros do governo Lula asseguraram recursos e apoio para reconstruir a Serra Gaúcha e o Rio Grande do Sul. os representantes do governo federal se encontraram com prefeitos para discutir estratégias e ouvir as necessidades urgentes da região. Durante o encontro, o prefeito Constantino Orsolin (MDB) destacou questões relacionadas a recursos financeiros e acesso a programas de auxílio. CELERIDADE O chefe do Executivo canelense fez um apelo por celeridade nas ações de socorro e reconstrução, destacando a importância da união de esforços entre os municípios, os voluntários e os governos federal e estadual para superar essa crise o mais rapidamente possível. “A reunião foi de suma importância para que os prefeitos ponderem suas dores e seus principais problemas. Precisamos juntar essas forças para passar por isso o mais rápido possível”, ressalta Orsolin.
NÃO É RECOMEÇO, É REINVENÇÃO
Depois de praticamente um mês com chuvas e uma enchente histórica, o estado do Rio Grande do Sul parece que vai poder recomeçar. Recomeços partem de um caminho que foi interrompido. O que aconteceu aqui no sul foi mais que uma interrupção. Foi uma destruição. Não se recomeça de algo que foi arrasado. Ali se faz necessário se reinventar. Perdemos vidas, estradas, casas. Perdemos a rotina, os trabalhos. Perdemos fotos, lembranças. Muitos perderam a fé e a crença em um amanhã um pouco melhor. Outros duvidam que o amanhã possa existir. É como se estivéssemos num eterno dia cinza, com chuva, desde o início de maio. Nossos livros foram afogados. Nossa comida ficou encharcada. Nossos animais se perderam ou foram perdidos. Nossos sonhos estão anestesiados. Como recomeçar em uma casa que foi tomada pela lama? Como recomeçar em uma moradia que desmoronou com a encosta? O que se diz para quem viveu a tragédia na pele? Não se pode dizer nada. Estamos mudos diante de tanta destruição. Agradece quem não entrou na estatística de refugiado climático. Ajuda quem tem empatia circulado no sangue e no espírito. Nos unimos porque nos percebemos uma comunidade gigante, que precisa ser levantada. E quem levanta se reinventa. Reinvenção é o termo mais adequado, porque não é fazer o mesmo do mesmo, mais uma vez. De agora em diante será preciso fazer diferente, com um olhar de coletivo responsável. Será necessário ouvir os rios e plantar árvores. Será preciso planejar moradias em ambientes responsáveis. Será indispensável alimentar quem precisa ser alimentado, seja gente ou bicho, porque toda esta calamidade nos mostrou que nossos corações ainda batem com sentimentos de humanidade. Será urgente ouvir mais os cientistas e especialistas do clima. Será rotineiro cobrar políticas públicas de prevenção. Mas sobretudo será essencial não darmos poder para políticos que não entendem de nada vezes nada. Em poucos meses teremos os nomes dos candidatos para as eleições municipais e não podemos mais dar palanque para pessoas irresponsáveis. Vamos nos reinventar sim. Ainda temos casas a limpar, empresas para reestruturar. Ainda precisamos abraçar amigos que estão assustados e acolher animais que foram abandonados no meio da tragédia. Somos gente de verdade. Somos feitos de sangue e coragem. E a vida se reinventa para quem te gana de viver.