Depois da tragédia que ocorreu em nosso Estado é hora da limpeza e da reconstrução. Muitos municípios sofreram com as inundações e com os deslizamentos de encostas que destruíram casas, empresas, estradas e até bairros inteiros. Pessoas morreram e ainda há muitas desaparecidas. A indústria, o comércio, a agropecuária e a prestação de serviços foram muito atingidos. Isso sem falar nos prejuízos ao turismo, que é a base da economia da Região das Hortênsias. Com o nível das águas baixando e o clima sendo favorável é hora da limpeza. Em meio ao caos surge a imensa solidariedade de milhares de pessoas. Doações vem de todas as partes do Brasil e do mundo para ajudar nosso povo. Povo gaúcho que sempre foi solidário quando as ocorrências foram em outros lugares. Povo gaúcho que é hospitaleiro com aqueles que vieram aqui se estabelecer. Povo gaúcho que foi trabalhar em outros Estados contribuindo para o desenvolvimento. Uma legião de voluntários se levantou e encontrou não só as barreiras da tragédia, mas também as barreiras impostas pela administração pública em geral. A burocracia enraizada nas veias administrativas foi um obstáculo tão cruel quanto os efeitos da catástrofe. Não fossem as redes sociais que querem tanto “regulamentar”, muitos abusos não seriam denunciados. Em várias situações o poder público se viu obrigado a voltar atrás, depois de ações restritivas e de notas informativas desastrosas. Trabalharam contra a solidariedade e mostraram o lado desumano do “gesso administrativo” e da politicagem. E aqui na região não foi diferente. As Prefeituras de Canela e de Gramado erraram feio em notas informativas agindo contra o imenso trabalho voluntário. Lamentável ver aqueles que são remunerados para trabalhar pelo bem do povo, agirem contra o trabalho voluntário. Outros ainda foram piores. Alguns políticos em franca pré campanha eleitoral, foram às redes sociais em “lives” inúteis, travestidos com o colete da Defesa Civil ou em frente aos entulhos das cheias. A tragédia mostrou quem é quem. Quem apareceu e resolveu, quem somente fez discursos inúteis e quem se escondeu. Não bastasse tudo isso, vereadores alheios à dura realidade social, pretendem aumentar absurdamente seus próprios subsídios. Assim que o povo limpar a sujeira das ruas e residências, chegará a vez de “limpar” as casas legislativas e os paços municipais. Vamos limpar?
JUNHO E A TRADIÇÃO GAÚCHA: MÊS DE SANTOS E FOGUEIRAS
(Entre o sagrado e o profano…) Santo Antônio (dia 13) No folclore, não só gaúcho mas brasileiro, Santo Antônio é o santo dos milagres, pois, como diz Amadeu Amaral (Tradições Populares), “…..e, apesar de tanto poder, é o mais humilde, o mais alegre, o mais camarada dos grandes da corte celeste…”. As moças “casadoiras” de Sul à Norte desse Brasilzão de Deus, tanto na cidade quanto no campo, guardam um “santo antoninho” de cêra, chumbo, madeira, barro, etc, e uma quantidade de versinhos, cantigas e citações sobre esse santo. Como este “responso”… falando de um folclore cada vez mais presente: “Quem milagres quer achar / contra males do demônio, busque logo a Santo Antônio, / que aí o há de encontrar”. São João (dia 24) Conta a tradição que Isabel (mãe de João) prometeu ascender uma fogueira quando seu filho nascesse, para avisar Maria (sua prima e futura mãe de Cristo). E o ritual da fogueira mantém-se até os dias de hoje entre gaúchos e muitos outros povos, homenageando São João. Com certeza, São João é o santo mais festejado na tradição gaúcha, com cantorias, procissões, “mesa dos inocentes”, etc. Em Sobradinho/RS, pessoas caminham descalças sobre brasas (quem não tem pecado, não se queima!!!) o que é realmente impressionante. Há, também, muitas simpatias, como essa – vinda de Portugal – com clara de ovo e água, para ver-se a sorte: “São João de Deus amado / São João de Deus querido, deparai-me a minha sorte / neste copinho de vidro”. São Pedro e São Paulo (dia 29) São os santos comemorados a 29 de junho, com festa, fogueiras, jogos, brincadeiras e muita comida típica. Em algumas regiões do Brasil há a “fincação do mastro” com as respectivas bandeiras, com direito a cortejo de festeiros, etc. São Pedro é festejado aos moldes de São João, porém com menos intensidade. Principal apóstolo de Cristo. Quando ele firmou sua fé em Jesus como o filho de Deus, Cristo disse-lhe: ”Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha igreja”. São Paulo, por sua vez, é conhecido como o apóstolo dos gentios, mesmo sem ter sido um dos 12 apóstolos originais. E tornou-se um dos maiores pregadores e organizadores da Igreja Cristã, desempenhando importante papel na difusão da nova religião. Autor de várias cartas (as Epístolas) aos seus amigos e a várias igrejas, nelas São Paulo fala das verdades do cristianismo. Suas festas, em sua maioria, ocorrem juntas às comemorações de São Pedro. E ainda as fogueiras, com um formato próprio para cada santo! Mas oigalê… que mês, seu!!! Simpatias, “tiradas” de sorte, crendices, superstições, cantorias… são manifestações típicas alimentando o folclore do ciclo junino no Rio Grande do Sul… a nossa terra!