Tenho acompanhado com grande interesse as definições do futuro governo municipal aqui de Canela. Enquanto escrevo essa coluna, já temos dois nomes definidos para a titularidade das secretarias municipais. Rafael Carniel para o turismo e Adriel Buss para trânsito, mobilidade e fiscalização. Preciso confessar que esses dois nomes excederam em muito todas as expectativas que eu tinha para um secretariado de Canela. São duas pessoas com larga experiência, currículos acadêmicos e profissionais invejáveis, trânsito nos mais diversos setores e muita credibilidade. Eu sempre imaginei que seria difícil convencer nomes desse gabarito, principalmente em função do salário. Para mim fica claro que existe mais do que uma motivação financeira, existe uma motivação pelo projeto e pelo desafio. Nisso precisamos dar todo crédito ao prefeito Gilberto e ao seu vice, que tem feito as pessoas confiarem e embarcarem nessa empreitada muito complicada. Um dos grandes medos que eu tinha, caso o MDB fizesse o sucessor, era a ausência de nomes para oxigenar o governo. O primeiro motivo, pela exaustão dos nomes dentro da chapa, mas o segundo e principal, pela falta de confiança que as pessoas tinham na administração. Para mim agora fica claro que realmente essa confiança era a grande barreira para a condução de bons nomes para o secretariado municipal. Acredito que seguindo nesse perfil de secretariado, o prefeito Gilberto Cesar terá em 01 de Janeiro, motivos de sobra para acreditar que poderá fazer história nesses próximos quatro anos. O alinhamento de nomes diferenciados no executivo e legislativo vai elevar a régua de trabalho nas duas casas. Consequentemente os servidores municipais se sentirão igualmente motivados e desafiados a fazerem o seu melhor, o que pode nos levar a um ciclo virtuoso. Sim, estou muito otimista e feliz com os rumos que estamos tomando como cidade. Espero que possamos construir um projeto de futuro que melhore a vida de todos, especialmente daqueles que mais necessitam e que traga uma consequente prosperidade aos cidadãos, através do desenvolvimento e pujança de nossa economia. Não sejamos ingênuos, somente uma economia próspera e geradora de riquezas poderá melhorar a vida dos canelenses e, consequentemente, os serviços públicos prestados pelo município.
Histórias do Analista de Bagé
(Na sala de espera…) Contam que os métodos pouco ortodoxos que o Analista de Bagé tem, levam uma multidão de pacientes a procurá-lo. Ele foi obrigado a fazer uma triagem na sua clientela. Instruiu sua recepcionista Lindaura (“uma chinoca que eu estava criando mas passou do ponto”) a cortar os complexos menores, inclusive todos os de inferioridade e os “Édipos de ambulatório”. Só aceita casos difíceis pois, como diz, “cavalo manso é pra ir à missa”. Foi o caso daquele estancieiro rico que entrou dizendo: – Meu caso é de esquizofrenia, doutor. – Oigalê! Já vi que o índio velho é dos que lê bula. Essa palavra eu só aprendi a dizer dois dias antes da formatura. Mas se abanque no más. O estancieiro se deitou no divã coberto com um pelego. O analista começou a limpar as unhas do pé com um facão. Falou: – Quer dizer que o amigo está com esquizofrenia. – É – Da braba? – Da braba. – Como se manifesta a bicha? – Personalidade dupla doutor. Um dia eu sou um, outro dia, outro. – Sei. – Um dia sou alegre, bonachão, mão aberta. No outro, sou carrancudo, brigão e não abro a mão nem pra espantar mosca. – Mas que coisa! – Eu tenho cura, doutor? – Bueno. Vai ser um tratamento mais comprido que bombacha de gringo. – Tudo bem. – Mais caro que argentina nova na zona. – Não me importo. – Já vi que o amigo está nos seus dias de cordeirito. – É… – Lindaura! – Chamou? – Prepara a conta que o índio velho aqui vai pagar adiantado. O estancieiro começou se levantar para protestar mas o Analista de Bagé o mandou de volta ao pelego com um cabeçaço. E avisou: – Se contá pro outro, te capo! Luiz Fernando Veríssimo, em seu Anaslista de Bagé, relata com humor, detalhes da sinceridade e franqueza do homem do interior do Rio Grande do Sul… a nossa terra!