Verão na Taça
O verão na Serra Gaúcha não traz só calor, mas um desejo por experiências gastronômicas refrescantes. Uma tendência é apreciar vinhos leves, ideais para dias quentes e noites amenas, revelando uma nova maneira de desfrutar dessa bebida milenar, agora adaptada ao ritmo do verão gaúcho.
Embora antes associados ao inverno, os vinhos agora são versáteis o ano todo. No verão, os rótulos leves se destacam, harmonizando com o clima e a culinária local. Eles oferecem menos álcool, mais acidez e notas frutadas, refrescando o paladar e complementando pratos da estação.
A Serra Gaúcha, centro dessa tendência, é conhecida por vinhos robustos, mas também abraça opções mais leves. As vinícolas e importadoras têm ampliado suas ofertas para atender à crescente demanda, desde por vinhos verdes portugueses até por criações locais inovadoras que capturam o espírito veranil. Ao escolher um vinho para o verão, não se limite a brancos e rosés; tintos leves, bem resfriados, são ótimas alternativas também. A chave está no frescor, acidez equilibrada, aromas frutados e leveza que convidam a um gole a mais.
Este movimento não só enriquece a experiência dos consumidores, mas também desafia produtores a inovar, criando um cenário vinícola mais diversificado e celebrando a criatividade dos enólogos.
Para explorar melhor essa tendência, Humberto Heidrich, renomado wine hunter e diretor da La Charbonnade, compartilha suas dicas exclusivas com os leitores do Jornal Nova Época. Preparese para uma refrescante e fascinante viagem pelo mundo dos vinhos de verão!
Entrevista com Humberto Heidrich
Wine Hunter e Diretor da La Charbonnade Importadora de Vinhos

NE – Quais características e tipos de vinhos você recomenda para o verão na Serra Gaúcha?
“Eu indicaria vinhos com aromas florais e frutados, que entregam frescor e leveza, vinhos que na boca apresentam boa acidez. Desta forma, vinhos jovens são os mais aconselhados. Citando uvas não tão convencionais, indicaria as uvas Torrontés e Riesling para esse verão, além, claro, dos vinhos verdes de Portugal.”
- Pode indicar três rótulos importados pela La Charbonnade ideais para esta estação, em diferentes faixas de preço?
“São muitos vinhos que temos à disposição do cliente para os diversos paladares. É difícil escolher apenas três, chega a ser injusto com tantos bons que trabalhamos, mas vou indicar vinhos diferentes para aguçar a curiosidade dos leitores:
Intipalka Sauvignon Blanc, um vinho peruano do Vale de Ica. R$ 82,00
Mairena Torrontés, vinho orgânico de Mendoza, super refrescante. R$ 105,00
Vinha da Ribeira, vinho verde, de Portugal. R$ 59,90
Schwaderer Riesling do Vale de Maule no Chile. R$ 145,00”
- Como o consumidor identifica um bom vinho de verão ao comprar? Há dicas práticas?
“O gosto de cada cliente é ímpar, então não existem regras. O importante é o cliente conversar com o atendente para conseguir expressar da melhor forma o que melhor lhe agrada o paladar. Aqui na La Charbonnade, todos da nossa equipe de atendimento são sommeliers, então com certeza conseguiremos sugerir bons vinhos que agradarão o paladar do cliente que vier nos visitar.”
- Quais as melhores harmonizações entre vinhos de verão e pratos típicos da estação na região?
“Por ser uma estação muito abafada, o nosso corpo necessita de frescor. Seguindo essa linha e de acordo com as questões anteriores, nessa estação consumimos mais peixes, frutos do mar, saladas, pratos leves que nos deixam fisicamente leves e também com o corpinho em dia para ir para o litoral depois (risos). Os vinhos que melhor harmonizam com essa linha de pratos são os brancos leves de boa acidez, os vinhos rosés que estão na moda, as espumantes que são muito refrescantes com seu perlage e até mesmo vinhos tintos de uvas mais leves como a Gamay Beaujolais e a Pinot Noir. Dá para brincar bastante, mas tudo parte do que o cliente irá comer e seu gosto pessoal.”
- Existe alguma tendência internacional de vinhos de verão ganhando espaço entre os consumidores brasileiros?
“Existem sim. Os vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos estão entrando muito forte no mercado brasileiro, e o verão reforça muito essa questão, pois esses vinhos geralmente não passam por barrica, não ficam um longo tempo maturando até ir para o mercado, para o consumo, o que lhes dá características mais leves e, por consequência, os torna mais consumíveis em estações mais quentes. Outro produto que ganha destaque nessa estação são os espumantes. Os nacionais estão muito bons e tem para todos os bolsos. Existe muita espumante nacional melhor que as champagnes, inclusive nossas espumantes estão ganhando concursos internacionais na casa dos caras, lá na França. Isso valida o quanto o produto nacional cresceu em qualidade nos últimos anos.”
- Para os que buscam além dos brancos e rosés, quais tintos leves você recomenda para o verão serrano?
“Como eu havia citado anteriormente, as uvas tintas Gamay e Pinot Noir são boas pedidas para quem quer tomar um vinho tinto leve mesmo no verão. A temperatura ideal para consumo de vinhos tintos é de 16 a 18°C, mas essas uvas que citei podemos gelar um pouco e degustá-las a temperatura de 10°C tranquilamente. Vai ficar um vinho macio e fácil de beber.
Mas independente da estação, o importante é beber vinho, branco, rosé ou tinto. Vinho é saúde, uma dose por dia faz bem para todos, mas sempre com consciência, pois é uma bebida alcoólica e em excesso pode nos acarretar situações indesejadas.”