Vivemos em tempos onde a estupidez humana parece não apenas sobreviver, mas florescer, alimentada por uma estrutura que premia a superficialidade e a submissão aos desejos alheios. Como em um espelho rachado, a sociedade reflete fragmentos de uma inteligência debilitada, onde estéticas vãs, discursos rasos e dogmas políticos padronizados preenchem o espaço que poderia ser da autocrítica e da reflexão. Este fenômeno, profundamente humano e nada recente, ganha um novo vigor quando o que deveria ser expressão de identidade vira um exercício de obediência e conformismo.
Nietzsche, em seu tratado sobre o rebanho social, “Além do Bem e do Mal”, já dizia que o ser humano busca a aprovação dos seus pares a ponto de se anular, criando uma sociedade onde poucos ousam pensar fora dos limites impostos por um moralismo de superfície. Ele apontava que o desejo de agradar ao grupo é mais poderoso que a busca pela própria verdade, levando a uma homogeneização da subjetividade. Em nossos tempos, essa homogeneização torna-se um espetáculo de emburrecimento coletivo.
No âmbito estético, a cultura de massa transformou os padrões de beleza e estilo em uma corrente quase uníssona, onde o verdadeiro diferencial se perde em tentativas desesperadas de encaixe nos moldes da moda. Rostos sem expressão, corpos modelados pela cirurgia, roupas padronizadas e posições estrategicamente ensaiadas transformaram as redes sociais em um espelho da mesma imagem, repetida infinitamente. O conceito de “gosto” se dissolve no espetáculo e no desejo de “pertencer”, e o que deveria ser uma expressão autêntica torna-se um artifício de aceitação.
Politicamente, o cenário não é diferente. Em vez de um debate de ideias, assistimos a uma troca de ataques vazios, onde o importante não é argumentar, mas vencer a qualquer custo, defendendo símbolos que sequer representam causas reais. O público, por sua vez, adota opiniões sem fundamento, promovendo narrativas simplórias e polarizadas. Esse comportamento é justamente o que Theodor Adorno e Max Horkheimer descreveram como o “esvaziamento da crítica” na “Dialética do Esclarecimento”, onde a indústria cultural deforma o pensamento crítico e condiciona o público a consumir apenas o que confirma suas ideias pré-existentes.
O que vemos hoje, assim, é um teatro da submissão. E olha que amo teatro! Mascarados de livre-arbítrio, repetimos padrões ditados por algoritmos e pelo consenso majoritário, fugindo do exercício árduo da individualidade. A pergunta que resta é: conseguiremos nos libertar desse circuito de mediocridade? Com 2025 às portas, temos a chance de redefinir nossa relação com os algoritmos, aproveitando a virada para escapar desse ciclo de imbecilização, resgatando a criticidade e a autenticidade em um mundo que tanto precisa de consciência.