Certa vez, havia um cidadão peculiar. Não era um cidadão qualquer, mas alguém com uma carreira cheia de altos e baixos, marcada por muitos escândalos. Seu nome era Brasil, mas todos o conheciam como ” Um cara muito promissor”.
Naquela noite, ele havia exagerado no bar do gasto público, onde, curiosamente, a conta sempre acabava nas mãos de terceiros. Com o hálito carregado de inflação e os bolsos cheios de promessas vazias, Brasil tentava atravessar a emblemática Avenida da Responsabilidade Fiscal para chegar em casa.
Dona Economia, sua parceira de longa data – atualmente bastante insatisfeita –, o aguardava na porta, cansada de lidar com suas desculpas e descontrole.
Com a camisa amarrotada e os sapatos sujos, Brasil deu o primeiro passo na travessia e tropeçou. A avenida parecia uma pista de dança, e ele, o protagonista de um balé desajeitado, equilibrava-se entre a dívida e a arrecadação, enquanto cantarolava com entusiasmo o clássico de Bezerra da Silva:
– “Se gritar ‘pega ladrão’, não fica um, meu irmão!”
Ao longe, alguns observadores balançavam a cabeça, incrédulos. “Lá vai o Brasil, de novo”, resmungava o FMI, o vizinho ranzinza, sempre pronto a criticar.
Brasil tentou se apoiar em um poste, que, por ironia, exibia a placa: “Limite de Gastos – Respeite”. Bufando de indignação, ele exclamou:
– Respeitar limite? Logo eu? Cadê a graça nisso?
Com um empurrão desajeitado, derrubou o poste.
Nesse momento, surgiu à distância uma figura elegante e imponente: o Dólar. Sempre atento aos tropeços de Brasil, ele aproveitava cada deslize para se destacar, como se subisse em uma escada invisível. Com tom sarcástico, provocou:
– Que espetáculo, hein, Brasil? Você sabe que cada passo em falso seu é um presente para mim, certo?
Brasil tentou ignorá-lo, mas o burburinho ao redor só aumentava. Na multidão, alguém apontou:
– Olha lá, Brasil, quem está te seguindo: a Incerteza Fiscal!
A figura sombria pairava ao fundo, envolta em sombras e sussurros, sempre pronta para desestabilizar. Ela lançava olhares provocativos ao Investidor Estrangeiro, que observava tudo de braços cruzados, segurando sua prancheta cheia de gráficos e com uma expressão de frustração.
– É sempre assim – resmungou o Investidor Estrangeiro. – Ele promete mudanças, mas o roteiro nunca muda.
Percebendo o olhar crítico, Brasil tentou ajeitar a gravata torta e fazer pose de responsável:
– Relaxa, parceiro! Amanhã coloco tudo nos eixos. Hoje foi só um deslize…
A Incerteza Fiscal, sempre astuta, aproveitou o momento para sussurrar ao ouvido do Investidor Estrangeiro:
– Ele nunca cumpre. Você sabe disso. E olha o Dólar, um espetáculo! Você ainda acredita nessa eterna promessa?
Na porta de casa, Dona Economia, exausta, interrompeu a cena:
– Brasil! Se você não tomar jeito, o Investidor Estrangeiro vai embora, e quem vai ter que segurar o Dólar sou eu. E já estou no limite!
Depois de tropeçar novamente e derrubar a maleta do Investidor Estrangeiro, Brasil finalmente chegou à porta. Tentando recuperar a dignidade, murmurou:
– Amanhã tudo será diferente. Prometo.
Dona Economia suspirou profundamente:
– Entra logo, Brasil. Mas saiba que, se amanhã você não organizar essa bagunça, eu mesma vou resolver as coisas. E não será do jeito que você espera.
E assim, Brasil entrou em casa, prometendo mudanças enquanto tropeçava no tapete. Lá fora, o Dólar continuava em alta, a Incerteza Fiscal fazia seu espetáculo, e o Investidor Estrangeiro, já com um pé na porta, balançava a cabeça, pronto para ir embora.
História inspirada na carta do condado de @farialima.elevator (perfil obrigatório para quem gosta de mercado financeiro).