(falando em peleias…)
Uma das armas mais conhecidas e populares em todo o Brasil, o facão tem seu nome gravado na história de todas as regiões brasileiras.
Neste texto do folclorista Alceu M. Araújo, temos um apanhado geral da sua presença em terras brasileiras…
Antes do uso da arma de fogo, antes da garrucha de dois canos (rabo-de-égua), nos entreveros, nas disputas, entrava em cena o “enterçado” ou “terçado”, espécie de facão sorocabano (Sorocaba/SP), muito resistente, cabo de osso, lâmina curva, leve, de fácil manejo, também chamado de “facão aparelhado”.
Essa arma branca era feita de ferro nacional, nas antigas forjas, manipulada por especialistas no tempero de lâminas. O facão aparelhado, além de seu uso habitual em abrir picadas em capoeiras de mato fino e mil e uma utilidades na vida campeira, era também uma arma de defesa.
Segundo a tradição oral, havia duas formas de disputa com essa arma: a de simples desafio (enterçar armas), medindo força e habilidade no manejo do facão e o chamado “entrevero de facão” ou “cotejo de facão”. Nesse caso, os competidores usavam na outra mão um pedaço de madeira, geralmente um cabo de relho. Não era lá muito amistoso…
O cotejo de facão foi um hábito interiorano brasileiro de larga usança. No interior paulista, por exemplo, muitas paradas de tropeiros foram palco desses “cotejos”. Eles, os contendores, sem o saber, estavam revivendo as antigas lutas de espada da tradição medieval.
No Rio Grande do Sul, poucos escritores se ocuparam do assunto e, segundo o mesmo autor, “rastreando” as origens desse costume, poderemos chegar justamente aqui!
A Revista Cruzada Brasileira de 1930, conta um episódio do interior paulista (Botucatu) de um “paranista macanudo” que depois de uma carreira de cavalos, debandou um destacamento policial de meia dúzia de “cabeças-secas” – como eram chamados os soldados, armados de “refles”, armado apenas com uma pequena espada da polícia da época.
Causos e histórias do Brasil rural, usos e costumes do homem do interior brasileiro, costumes comuns ao homem do interior do Rio Grande do Sul… a nossa terra!