Cada vez mais, a busca por renda passiva tem ganhado espaço no imaginário dos brasileiros. Nove em cada dez clientes que me procuram com planos de investimento mencionam o desejo de, no futuro, viver de renda — seja para desacelerar o ritmo de trabalho, seja para se aposentar com mais liberdade. Sempre faço questão de lembrar: não são as grandes decisões que moldam o sucesso financeiro, mas sim as pequenas atitudes constantes. Comer um hambúrguer hoje não te deixará obeso amanhã. Mas comer um por dia, todos os dias, inevitavelmente trará consequências. Com as finanças, a lógica é a mesma.
A construção da independência financeira é feita de tijolinhos diários: poupar, investir, repetir. Pequenas escolhas, quando somadas ao longo do tempo, definem onde você vai chegar.
Confesso que não sou adepto às teorias da conspiração — mas há uma que me intriga. A ausência de uma educação financeira estruturada no Brasil parece, no mínimo, conveniente para o sistema. Imagine o seguinte: você me procura em busca de um investimento, e eu recomendo um fundo gerido por uma empresa que está sempre no vermelho. Para manter o investimento funcionando, ela precisa que mais e mais pessoas entrem com dinheiro novo. Quem entende um pouco do mercado pode pensar: isso parece um esquema de pirâmide. Mas não é. É a Previdência Social. Um sistema no qual todos os trabalhadores com carteira assinada são obrigados a contribuir, e muitos autônomos contribuem por medo — ou por simples falta de informação (como falamos na coluna anterior).
Vamos aos números. Se você contribuir com R$ 951,63 por mês, durante 420 meses (35 anos), ao final desse período poderá receber uma renda mensal de R$ 8.157,41. À primeira vista, pode parecer um bom negócio. Mas tem um detalhe importante: ao fim desses 35 anos, você não tem nenhum patrimônio acumulado. Apenas a renda mensal.
Agora, vejamos o mesmo cenário com uma diferença: você tem controle sobre os seus investimentos. Aplicando os mesmos R$ 951,63 por mês, durante 420 meses, a uma taxa de 1% ao mês (o que é possível com disciplina, estudo e uma boa assessoria), o resultado final seria algo em torno de R$ 6,1 milhões. Isso mesmo: mais de seis milhões de reais em patrimônio. E aí, quem manda é você.
Como disse uma das mentes mais brilhantes que já pisou neste planeta: “Os juros compostos são a força mais poderosa do universo.” A frase é atribuída a Albert Einstein, e não à toa.
Em um país onde a educação financeira ainda engatinha, assumir o controle da própria aposentadoria é mais do que uma decisão inteligente — é um ato de liberdade. A diferença entre depender de um sistema insustentável ou construir sua própria segurança está em começar hoje, com constância e consciência. Renda passiva não é promessa de enriquecimento rápido, mas sim o resultado de disciplina, informação e bons hábitos ao longo do tempo. E a boa notícia? Está ao alcance de quem decide se responsabilizar pelo próprio futuro.
