Exercitando a concentração, um casal em Canela desenvolveu expertise para transformar um hobby em uma coleção de grande beleza. Tânia e Jaques Michelon – ela trabalha de forma autônoma em Comércio Exterior, ele é representante comercial – dedicam horas vagas à construção de quebra cabeças. Até aí, nada de mais, observa você leitor, mas o interessante é que essa dedicação deles a juntar as pecinhas, que começou quando ainda eram namorados, os tornou craques no assunto.
UMA obra em construção e uma finalizada. A paisagem japonesa é quebra cabeças de 5.000 peças.
Começaram montando um puzzle da Alemanha que retratava o Castelo de Neuschwanstein e já são cerca de trinta anos (com alguns períodos sem montar) procurando quebra cabeças cada vez mais desafiadores. Desde o primeiro, já viram que o interessante era já montá-los sobre bases interessantes. Jaques lembra de uma vez encontrar um belo espelho que estava sendo descartado, pediu para levar e usou a moldura. Hoje o casal procura, ao invés de paisagens fotografadas, reproduções de pinturas, por terem nuances de cor que dificultam mais a montagem.
Tem acontecido, nesses anos todos, de amigos verem a coleção, fazerem ofertas e comprarem algum exemplar, ajudando a dar espaço nas paredes dos Michelon. Mais curioso: Tânia e Jaques já montaram ou terminaram de montar puzzles a pedido de outros.
Quanto à rotina, diz Jaques: “A gente quase não monta juntos, muitas vezes fico muitos dias afastado da mesa, o ideal é quando a cabeça está precisando dar uma aliviada”. “Melhor no quebra cabeças do que com celular na mão”, acrescenta Tânia. Às vezes, as duas filhas ajudam a montar. O mais conhecido fornecedor de quebra cabeças no Brasil é a Grow, com quem eles mantém cadastro até para conseguirem peças que eventualmente faltam ou são perdidas. Ideia que talvez alguém já tenha tentado levar adiante, Jaques gostaria de ver os cartões postais de Canela Cascata do Caracol e Catedral de Pedra reproduzidos em imensos quebra cabeças.
INVENTÁRIO AFETIVO DE CANELA
Uma das qualidades dos canelenses que se dedicam à preservação da nossa memória, dentre os quais está o muito atuante Pedro Oliveira, é a maneira de relatar as coisas da cidade de uma maneira que a sua prosa, versos e imagens cheguem ao público de uma maneira não só correta mas simples e direta. Nada contra os autores de escrita mais erudita, mas essa forma encontrada por Pedro e Olmiro dos Reis (para citar mais um) é de rápido e longo alcance. Do Campestre à Cidade de das Hortênsias – Rastros, rostos e memórias de Canela… a nossa terra! (Evangraf, 399 pgs) é mais uma obra que enriquece o nosso acervo de memórias registradas.
Pesquisador que se fez pesquisando, o Pedro tradicionalista se tornou escritor porque suas vivências e guardados, depois de um tempo de vida, começaram a transbordar da sua memória e dos aposentos de sua casa, então ele passou a compartilhar através dos livros. Essa obra, que está sendo lançada em Canela nesta sexta-feira, 12 de julho, a partir das 16:30 na Livraria Bambu, na João Pessoa, 25 é de uma abrangência surpreendente.
Talvez um desejo que Pedro foi acalentando, desta vez ele fez uma obra para revisitar Canela de uma maneira eclética, pois já escreveu e publicou sobre temas mais específicos, como a culinária gaúcha, a nossa paróquia ou as nossas raízes. Agora, Do Campestre à Cidade … é um convite irresistível para percorrer Canela, em 26 capítulos de temática variada, como se um drone sentimental visualizasse de cima nossa história, para pegar o conjunto dos feitos da nossa gente. O resto que falarmos aqui é spoiler. Não deixe de ler o livro impresso.