Foto: Amália Brandolff
Jéssica Gonçalves não solta a voz nas estradas, como fez Milton Nascimento em Travessia, mas, no seu livro Travessias, deixa correr a pena para “cobrir o mundo de palavras bonitas e tornar a literatura viva através da interseccionalidade das artes”. Passagens para ser lidas e digeridas e poesias para ser cantadas não no tom afável do Milton, mas no fôlego curto do hip hop, o terceiro livro da Poeta Jéss reúne quinze anos de prosas e poesias. “Travessias é sobre minha mania de encontrar caminhos num corpo que já foi violência, e depois de muitas travessias entendi que corpos tristes não fazem revolução. Escrever com conexão ao corpo faz toda diferença. É preciso se ouvir pra encontrar o amor próprio”, diz a poeta.
Pertencente a uma comunidade literária que faz cultura de forma não acadêmica – a Lírica das Ruas – levando-a para a periferia, Jéssica, que reside em Canela, diz que a rua é o seu lugar. Escreve também para competir nas batalhas de poesia, os slams, onde já se deu bem em um concurso de nível estadual. “O hip hop é uma forma de a gente se sentir pertencente àquela realidade”, diz Jéss, que se envolve em projetos sociais, educacionais e culturais com jovens, muitos deles que passam ou passaram por perrengues como ela, ajudando a revelar talentos.
Travessias – entre o corpo e as palavras (Edição da autora, 92 p.) é a terceira obra de Jéssica, antes vieram o e-book A viagem é a recompensa, falando da experiência de fazer mochilão na Bahia, e A Galáxia das artes, livro de poesia infantil. Travessias está dividido em quatro elementos: Ar, fogo, terra e água e cada poesia tem um motivo para estar ali. O livro terá sarau de lançamento no sábado, 26 de outubro, a partir das 18h, no Bar Sagestone, à rua Prefeito João Alfredo, 38 – sala 2, Praça João Corrêa, em Canela.
Sempre deusas
Só pelo fato de o espetáculo de dança A deusa da minha rua conseguir remeter ao clima pungente da música de 1942, de quem toma emprestado o nome, já terá valido a pena ir ao Teatrão de Canela, neste fim de semana, para assistir.
Mas o recital de dança do Grupo Laços, de Porto Alegre, vai prestar um tributo à mulher com enfoques ritmados muito mais amplos que o da homenagem da serenata. Do 1942 da gravação de Silvio Caldas ao 2024 da música eletrônica, quase um século de vitórias femininas será celebrado no palco. O Grupo Laços avisa: Prepare-se para uma experiência cativante e emocionante, por uma variedade de estilos de dança que revela a mulher em sua autenticidade, singularidade e beleza multifacetada.
A deusa da minha rua acontecerá no sábado (26), pontualmente às 20h, e no domingo (27) às 18h. Ingressos antecipados pelo fone 54 98129 4415, na hora será um pouco mais caro.
40 anos de UCS, lembrados em uma noite
Na sexta-feira (25), às 19 horas, no Cidica, na rua São Francisco, bairro Boeira, a associação Memorial Canela promove mais uma edição do Encontros com a Memória, desta vez os entrevistados serão Marcelo Monsu e Gilberto Bonato.
Os dois irão contar os bastidores da chegada da primeira universidade em Canela, e como o Curso de Hotelaria da UCS (e da Castelli), fizeram de Canela referência mundial.
São quase 40 anos da chegada da Universidade de Caxias do Sul a Canela e será uma oportunidade única para ouvir detalhes do quanto impactou positivamente para os moradores a oportunidade de estudarem e se qualificarem, sem ter que ir para outras cidades.
O evento é aberto ao público e tem como apoiador o Fundo Social do Sicredi.
