(de peito aberto…)
Conforme nos ensinam os dicionários, o pixuru além de reunir muitas pessoas para um determinado trabalho acertado antecipadamente, promove também o lado poético dos trabalhadores. Entre um roçada e outra (ou capina), entonam versos que vão, ao seu tempo, sendo respondidos pelos demais companheiros.
Na região de Santo Antônio da Patrulha, Caraá e arredores, são tradicionais e famosas, as cantigas de “Oi la rai” …
Alguns versos entoados nos pixurus:
“ Eu mais meu companheiro / semo dois cabra teimoso,
ele se chama perigo / eu me chamo perigoso”.
“Se alegria tivesse, / tristeza botava fora,
como alegria não tenho / tristeza comigo mora”.
“Filho de carneiro preto, / crioulo pela cabeça
quebro meu chapéu na testa / não acho quem me aborreça”.
“Eu quero morar no alto / que do alto enxergo bem
do alto enxergo quem vai / do alto enxergo quem vem”.
“A estrela no céu nasce, / no céu mesmo se consome
só não posso consumir / a lembrança do teu nome”.
Versos recitados em pixuru de empalhação de rapadura:
Ele:“Quando eu faço a minha roça, / planto uma quarta de milho,
Como tudo na colheita / sustentar mulher e filho”.
Ela: “Vamos plantar milho, / plantamos com devoção
quem planta milho tem fartura, / a gente tem sempre o pão”.
Ele: “Quem quiser cantar com glória, / possua o que possuir,
também há de chorar com pena / se perder o que perdi”.
Ela: “Adeus minha mocidade / que de mim se arretirou
não sei qual foi a causa, / que tu cruel me deixou;
quando pensei que ia e vinha, / foste e nunca mais voltou”.
As cantorias de “Oi la rai”, sem sombra de dúvidas, são uma das manifestações espontâneas mais ricas e belas de todo o litoral do Rio Grande do Sul… a nossa terra.