(“Oitavado” no balcão…)
Retirados dos “grandes centros”, eles ainda vivem (e sobrevivem) indiferentes ao modernismo e com poucas intervenções tecnológicas.
Na verdade, eles são uma espécie de patrimônio cultural. E, mais que isso, se mantém firmes ao seu propósito: nada além de prateleiras pelas paredes, um grande balcão e, na maioria deles, a presença do “caderninho” para as compras, que são pagas no fim de cada mês. No mais, a prosa calma em contraponto à pressa das ruas…
Conforme os dicionários, há várias definições para eles, porém com um objetivo só: o entretenimento no interior. Em sua maioria, até bem pouco tempo, ofereciam jogo de cartas, rinha de galo, jogo de dados, cancha de osso, carreira e, em fins de semana, uma bailanta.
Nota-se, também, grande semelhança entre as definições.
Bolicho: casa de negócio de pequeno sortimento, pequena venda ou bodega típica da campanha.
Pulperia: taverna de campo, pequena casa de negócio. (É termo platino muito empregado na fronteira e quase sem uso na região serrana). “… se podia consumir bebidas alcóolicas, assistir a brigas de galo, jogar dados, osso, cartas”.
Bodega: pequena venda de campanha. O mesmo que bolicho. Típico da campanha.
Venda: casa de comércio em que se compram e se vendem os produtos da terra, fazendas, secos e molhados, e que é ao mesmo tempo, taberna e local de pouso. Casa que – na campanha – armazena, expõe e coloca à disposição dos compradores uma grande variedade de mercadorias e gêneros…
Em reportagem do Jornal Pioneiro “A Serra passa pelo bolicho”, são citados o “Bolicho do Bigode” (localidade de Juá – São Francisco de Paula), a “Bodega do Toni” (localidade de São Marcos – interior de Farroupilha), o “Bar e Armazém Cislagui – a Bodega da Neiva” (Linha 12, Carlos Barbosa), “Bazar Estrela- Guia”, bodega em São Jorge da Mulada (localidade de Criúva – Caxias do Sul).
Assim, esses estabelecimentos na calma do dia a dia, resistem ao progresso com seu “comércio raiz”. Ah!, e sem esquecer os recados em cartazes dizendo, por exemplo, “Fiado, só amanhã”; “Dinheiro, mulher e garrafa, não se empresta”; “Se bebes para esquecer, pague antes de beber”.
E de prosa em prosa, vendendo de tudo um pouco, eles resistem ao tempo, indiferentes à modernidade. E são hoje, um patrimônio histórico e afetivo do interior do Rio Grande do Sul… a nossa terra!