Se tivéssemos o poder de voltar no tempo, o que seria escolhido? Mudaríamos comportamentos, recusaríamos algo? Tipo uma segunda chance sabe? Uma segunda chance para a nossa relação com a natureza. Mas o caso é que não podemos voltar no tempo e não podemos mudar o que foi feito. O que sabemos é que o tempo de hoje e suas atitudes farão o futuro. O que fizermos aqui mostrará as consequências no amanhã.
Quando decidimos mudar, a vida não se ilumina automaticamente. Muito pelo contrário. Entramos numa fase de muita dor, escuridão, somos testados e muitos confrontos se fazem necessários. Os filtros e as fugas são dispensados e nossas escolhas recaem no espaço da verdade, lugarzinho raro na vida de alguns.
Sessenta dias atrás, o processo de se redescobrir veio acompanhado de muita água, em forma de chuva. Uma chuva que fez chorar a alma de milhões de pessoas aqui no sul do Brasil. A vida, literalmente, se afogou diante dos nossos olhos. Não temos sangue azul correndo nas veias. Somos meramente humanos, que sentem medo, dor e que se comovem com o choro alheio. Somos pessoas normais que ganham, mas que também perdem. E às vezes perdemos tudo, sem sequer poder sonhar com um refúgio seguro. Estamos nos tornando refugiados climáticos. Ainda sem entender o significado, ainda sem saber o que fazer com tudo isto.
A natureza sempre nos pediu bom senso, mas por esta ser tão vigorosa, nos passamos na intensidade. Desmatamos, aterramos, sujamos, contaminamos, produzimos. Foram tantos os verbos, que só de lembrar me faz ficar muda. Alguns dizem que não existem culpados. Outros sequer reconhecem a existência destes verbos citados. Erramos todos. Erramos ao cortar e ao omitir o corte. Erramos quando deixamos tudo acontecer sem limite, sem preocupação com o futuro. Alguns erraram mais, porque assinaram papéis que autorizaram verbos que adiantaram todo este processo. O clima mudou e isto não é mais uma previsão. É um fato. E nós somos responsáveis pelo tal.
E o que é destruído pede reconstrução. Porém para cada nova jornada, muitas vezes a segurança não irá nos acompanhar. O trajeto se tornará um eterno equilíbrio entre as crenças do passado e as possibilidades do futuro, onde a única ação possível é dar um passo. Para frente ou para trás. A escolha é de cada um. A consequência será de todos.
Em tempo: 2024 é ano de eleições! Conheça a agenda ambiental proposta pelo seu candidato e dê um passo à frente.