Outono colorindo as ruas com tons em vermelho e amarelo. O friozinho mudando a nossa maneira de vestir pedindo casacos e roupas quentes. O fogo acompanhando nosso dia a dia. Outono e inverno na Serra Gaúcha convida a uma introspecção e um aconchego, que a turma de cá já conhece bem. Coloca nesta lista pinhão na chapa ou cozido. E o clima invernal se faz completo.
O pinhão é a semente da araucária, aquela árvore protegida por lei. Proteger uma árvore por lei é uma maneira de fazer com que ela não desapareça. Ipê, corticeira da serra, araucária e tantas outras estão nesta lista de proteção.
Recentemente tivemos um episódio na região, onde a derrubada de uma araucária gerou questionamentos e reclamações sobre as derrubadas permitidas destas espécies mediante uma licença ambiental. Sabemos que as araucárias podem alcançar até 50 metros de altura e que precisam de solo para as suas raízes. Sabemos que atualmente a convivência entre espaços urbanos e natureza está cada vez mais prejudicado.
A pergunta desta jornalista não é sobre onde vamos parar com estas derrubadas, mas por que insistimos em somente derrubar, quando existem tantos caminhos de conciliação, entre o urbano e o natural? Precisamos mesmo encerrar um cenário para nos vangloriarmos de outro?
Parto do princípio mais óbvio, o de que a araucária nos proporciona biodiversidade paisagística e de fauna, o sabor de seu fruto (o pinhão), além de um atestado de história. Você sabia que as araucárias estão presentes na região desde os períodos Jurássico e Cretáceo, entre 200 e 65 milhões de anos atrás? Será que só saberemos respeitar quem grita ou levanta a voz? Talvez por isto a moto serra é tão temida?
Este é um assunto que recém iniciou seus debates. Tanto nas redes sociais, quanto nas ruas, o assunto araucária tem levantado boas discussões e tem feito as pessoas pensarem nas suas atitudes. A imprensa está percebendo que o meio ambiente não é uma pauta de enfeite, mas necessária no dia a dia. E a classe política não em mais como negar que este assunto é de todos e não somente de gabinetes e assinaturas rápidas. É tempo de pinhão e nesta colheita precisamos conversar, porque se o diálogo não acontecer, as derrubadas continuarão acontecendo. E em um futuro próximo o pinhão não será farto.