Dariene e algumas de suas muitas criações para capas e cadernos
Ao assinar as suas criações usando a marca Dentro tem afeto, Dariene Zambelli, de certa forma, está dizendo uma meia verdade. Do seu atelier, em Canela – onde reside há dez anos – saem livros encadernados com tamanha originalidade e bom gosto que o correto seria dizer “Aqui na capa começa o afeto”.
Hobby que se tornou paixão, em três anos de prática Dariene aperfeiçoou a técnica da encadernação e tornou-se uma expert no assunto. Com a carga genética se manifestando no que faz, ela vem de uma família em que desde o bisavô foi artista plástico ligado à escultura, o pai foi cantor e ela já experimentou algumas formas de arte até chegar nessa (que na verdade é um ofício). A criação de capas para abrigar novamente os conteúdos mais variados, da literatura universal a inéditos/autorais que lhe entregam, no caso de Dariene se torna legítima arte aplicada, a serviço da preservação de escritos importantes. “Muitas vezes confiam a mim criar uma capa exclusiva e principalmente duradoura, para ficar para as próximas gerações de uma família”, diz Dariene.
Também advogada, essa bom-jesuense não quer ser confundida com restauradora (é outra história). O que ela faz é aumentar a vida útil de uma obra aplicando nova capa, mas de uma maneira como muitos poucos fazem. Frequentou cursos, utiliza técnicas e materiais diversos, prefere a costura à cola e tem os equipamentos adequados, que, associados ao talento, vão resultar em peças únicas, personalizadas.
Dariene Zambelli procura não se sobrecarregar com encomendas e está gostando de participar de feiras onde mostra seu trabalho. Hoje também cria cadernos em que personaliza com arte as folhas internas. Ou seja: assim como faz reviver com criatividade uma obra que alguém lhe confiou, cria um pequeno tesouro de papel que vai receber bem traçadas linhas.
Cadernos com envelopes, que são muito solicitados. Técnica requintada a serviço da perfeição.
A VIDA SEGUNDO EMANUEL
“Calma moça, calma moça eu juro que eu não fiz nada, eu só tava com os amigos passeando na praça, calma moça, calma moça eu não vou te roubar só entrei na sua loja pra um Halls eu comprar, por favor moça para de me olhar e me julgar”
O trecho de composição ao lado partiu da imaginação de Emanuel Ferreira Moraez (nas fotos), gramadense de onze anos. Escrevi “imaginação” mas poderia ter usado o termo percepção. Emanuel, que tem o seu talento reconhecido em slams (competições de poesia do estilo hip hop), como aconteceu recentemente na Feira do Livro de Canela, é uma bela amostra de uma garotada que pensa e vê o mundo fora da sua bolha. A mãe dá as ferramentas, ele se prepara para a vida. “Minha poesia é o que eu quiser que ela seja, desde que me traga energia”, diz ele. O título de um dos poemas que ele compôs (à direita), é “Poesia que não recua”.