Nane de Souza – Nutricionista
A dificuldade que uma pessoa tem para emagrecer pode estar relacionado a fatores hormonais, como distúrbio na insulina – hormônio do metabolismo da glicose, e distúrbio nos hormônios que regulam a fome e saciedade localizados no estômago.
A semaglutida – o princípio ativo do medicamento Ozempic, possui ação sobre a insulina e sobre os hormônios do sistema digestivo. Temos hormônios de regulação de fome em diferentes pontos do sistema digestivo: no estômago a grelina; no intestino, o GLP1.
GLP1 (Glucagon-like-peptide-1, em inglês), é um hormônio localizado na saída do estômago, sua atividade ocorre durante a refeição, GLP1 lentifica a passagem do bolo alimentar do estômago para o intestino, prolongando a sensação de saciedade.
Além de sua ação regulando a velocidade de passagem do alimento, o GLP1 modula a insulina. Assim, o GLP1 aumenta a saciedade por retardar a velocidade digestiva e controla a glicose por exercer comando sobre a insulina.
A semaglutida é uma molécula sintética análoga ao GLP1, isso quer dizer que Ozempic imita a ação do hormônio GLP1, na prática o que acontece é que mesmo comendo pouco, a pessoa se sente “cheia” por mais tempo.
Por isso quem faz tratamento com Ozempic emagrece!
Ozempic prova que muito do que precisamos modular (configurar) no organismo para emagrecer, está no metabolismo da glicose x insulina e na relação do estômago x velocidade digestiva do alimento.
É possível, em boa medida, imitar a ação do Ozempic ao se montar uma dieta com baixa carga glicêmica e com alimentos que demoram mais para serem digeridos pelo estômago.
Carnes, salada de folhas (a versão de salada mais alta em fibras), carboidratos mais resistentes como feijões, arroz integral e frutas com cascas. Refeições com essas construções são de baixa glicose e lentas de digestão.
É sobre a glicose e o estômago que se deve intervir para emagrecer!
Finalizo comentando que o protagonismo do estômago no emagrecimento é fato, assim como Ozempic, a cirurgia bariátrica também prova disso.