EVENTOS DA SEMANA SANTA QUE MARCARAM A MEMÓRIA CANELENSE

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Em Canela, entre os anos 90 e os anos 2000 havia uma movimentação cultural forte, onde se criava e se produzia os espetáculos da Semana Santa com elenco da comunidade. A Semana Santa de Canela era composta pelo Ofício de Trevas, a Sexta-Feira Santa e o Sábado de Aleluia. O Ofício de Trevas acontecia na quinta-feira, na parte interna da Catedral de Pedra e simbolizava o momento em que a luz de Cristo deixa o mundo. Eram 40 bailarinas, carregando velas, intercalando movimentos cênicos com cantos gregorianos, leituras dramáticas de salmos bíblicos, tudo envolto num espetáculo de som e luz. A Sexta-Feira Santa era a encenação da Via Sacra, realizada com técnicas teatrais, como sombra chinesa e mais tarde com caixas cênicas colocadas nas laterais da Catedral. Este espetáculo contava com elenco totalmente comunitário. No Sábado de Aleluia sempre acontecia um show de música, luzes e fogos. “Estes espetáculos, pelo caráter comunitário e alta qualidade artística de direção provocavam muita emoção no público. Foi uma época de ouro, que deixou saudade, diz Marina Gil, atual diretora do jornal Nova Época e coordenadora geral destes eventos que marcaram a memória da cidade.

OFÍCIO de Trevas era destaque na imprensa nacional

Marilda Mengue Rocha, canelense, empresária e atriz, recorda que seu sonho de criança sempre foi ser atriz e bailarina e ela buscou estes sonhos tempos atrás. “Fui para Porto Alegre e fiz teatro e dança, mas acabei voltando para Canela para trabalhar. Só que naquela época, o teatro também veio para Canela. Foi uma época divina, emocionante, porque o teatro trouxe para Canela uma identidade. Naqueles anos Canela era conhecida como a cidade do teatro”, frisa Marilda. A empresária conta ainda que houveram vários grupos de teatro nas escolas e um fomento muito grande foi feito em cima disto. Um dos eventos, que Marilda recorda como sendo dos mais importantes de Canela, é o Ofício de Trevas. “Foi um evento ímpar, porque expressava um momento muito especial da Páscoa. É sobre a morte de Jesus, quando ele nos deixa no breu, na escuridão, no medo. Na época do evento, quando a gente apagava as luzes das velas, que carregávamos, começavam a bater as matracas para fazer barulho e quando percebemos o mundo ficava luz, aí é que notávamos como a esperança é muito necessária. Este era um evento emocionante. O medo bate e como ser humano percebemos que é preciso ter esperança, buscar a luz, pensar no bem para nós e para os outros. Jesus é a esperança. Eu lamento muito por este evento ter se perdido”, comenta Marilda.
Outro nome da comunidade canelense que lembra dos bons eventos da semana de Páscoa em Canela, é Paulo André da Rosa, que hoje é chefe de cozinha, mas por muitos anos trabalhou nos eventos culturais da cidade. “Nos anos de 1994, 1995 até 2000 e 2001 talvez, foi quando eu participei mais ativamente. Eu sempre fiz parte da produção do evento, como um todo, recorda o chef de cozinha.

Paulo André recorda que a equipe de produção criava todo ano um novo roteiro para aquela mesma história: a Via Sacra “E isso era muito mágico, primeiro porque tínhamos que sair de dentro do teatro. Nós trabalhamos com o teatro e o teatro acontecia dentro do prédio, mas nesta ocasião, a partir da via sacra, nós saíamos de dentro do teatro, saíamos de dentro da caixa cênica e íamos para rua, explorar os espaços, explorar os ambientes da rua que a cidade proporcionava na época”, complementa ele.
No primeiro ano, os espetáculos começavam no início da Osvaldo Aranha e seguiam até a Igreja Matriz com projeções de sombra chinesa. “Estas projeções de sombra chinesa foi uma técnica que veio através do diretor geral do espetáculo Gerry Marquez, assim como a artista Lúcia Brunelli, que era um gênio e que recriou o espetáculo Ofício de Trevas. Os dois nos ensinaram muita coisa. Nos fizeram sair do convencional, a gente estava num quadrado e pudemos expandir o universo e recriar o espetáculo, tendo o mesmo roteiro, e tentando proporcionar encantamento a quem assistia os espetáculos, que eram os turistas, além de muita gente da comunidade local. Quero incluir um parêntese aqui: naqueles anos a gente sonhava com uma cidade muito cultural, tanto que durante o ano todo, a gente tinha programação cultural, e era o que a gente gostava de fazer, a gente gostava de trazer a comunidade pra dentro desse processo todo”, frisa Paulo.

VIA Sacra encenada por atores da comunidade

Mas até mesmo os sonhos têm as suas provações. Paulo André conta como alcançaram a realização destes sonhos: “A gente precisava de elenco, então a gente buscou atrizes e atores nas comunidades. O Santa Marta era maravilhoso. Nós buscávamos de kombi a turma pra vir de lá, pra vir fazer este espetáculo e todo mundo vinha grato, de coração para fazer este espetáculo, de coração, de amor, de paixão. E todos tinham o mesmo sentimento que nós, tínhamos na secretaria de educação daquela época, que era fazer da cidade uma cidade cultural. Era o que nós sonhávamos então, buscar cenário, sair de loja em loja pedindo tecido pra fazer o figurino. Uma coisa que a gente tem que observar: naquela época não tinha internet, então a gente lia muito, estudava muito, pesquisava muito. Conversávamos muito. Criávamos sempre uma coisa diferente. Já no segundo ano se fez um projeto diferente com novas projeções. Eu tenho certeza de que estes eventos foram um marco na época, inclusive a nível de Brasil. Fizemos um trabalho muito diferenciado e extremamente criativo. Uma coisa muito importante de se frisar é que naqueles anos não recebíamos cachê”, conclui Paulo André.

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