Trinta anos atrás, em um dia de Agosto de 1994, eu partia em direção aos Estados Unidos, para fazer intercâmbio cultural. Durante 11 meses, vivi a experiência que transformou minha vida. Aprendi um segundo idioma, ganhei uma nova família e experimentei uma cultura muito diferente da nossa. Passei a compreender que muitas coisas não precisam ser como sempre as conhecemos.
Se a comunicação hoje é instantânea, há 30 anos atrás ela era analógica! Eu sabia das notícias de Canela e de minha família de 3 formas: uma ligação telefônica por mês, através de cartas trocadas com meus amigos e familiares e recebendo o Jornal Nova Época. Imaginem um tempo em que para saber a resposta para uma simples pergunta, demorávamos 30 dias, já que uma carta entre Brasil e Estados Unidos demorava, em média, 15 dias para chegar ao seu destino!
Mas hoje escrevo para contar que, depois de 30 anos, eu troquei de lado. Se fui o filho que partiu e deixou a família para buscar um sonho, hoje sou o pai que está experimentando a ausência do filho, numa experiência quase igual. Meu filho Pedro, hoje está vivendo no estado de Wiscosin, fazendo intercâmbio cultural pelo Rotary.
Confesso que é muito mais fácil ser filho do que pai. Quando lá estamos, temos a certeza de que tudo vai bem, que as coisas estão transcorrendo de forma boa e que temos o controle. Estando aqui longe, a sensação é o oposto. Por mais que hoje tenhamos a internet e nossos filhos ao alcance dos nossos celulares, sempre bate aquele medo e a sensação de impotência por termos a cria longe do ninho. Hoje consigo imaginar o que meus pais sentiram e valorizo ainda mais a oportunidade que eles me proporcionaram.
Por fim, desejo que esse testemunho seja um estímulo para você leitor, que é pai ou filho. Aos jovens que puderem e tiverem vontade, que vivam essa experiência transformadora. Aos pais, que estão em dúvida entre apoiar ou não a aventura do filho, saibam que nada se compara a um intercâmbio cultural. Eu não trocaria um ano de vida aqui por um ano de vida fora, eu trocaria cinco anos de vida aqui, por um ano de vida fora. Não porque eu odeio aqui, pelo contrário, mas sim pelo crescimento e amadurecimento que a experiência me proporcionou.
