Canela se transformou em um polo de desenvolvimento, invejável para todo o Rio Grande do Sul e é perceptível que em quase todas as áreas existe crescimento e demanda por profissionais. Sim, profissionais. Diariamente abrem novos postos de trabalho, principalmente aos mais habilitados, capacitados e dispostos a entregar seu trabalho com dedicação e competência, incluindo, e principalmente, aos finais de semana.
Lembro de um tempo em que, todos os finais de tarde de domingos os ônibus saiam lotados de jovens obrigados a viver nos grandes centros urbanos, distantes de suas famílias, em busca de oportunidades de trabalho e ensino superior. Alcançar sonhos diferentes do curso de contabilidade oferecido pela Escola Cenecista ou do Magistério na Escola Danton Correa e das vagas na indústria madeireira, não era tão simples e exigia, principalmente, abandonar as raízes, o conforto de casa e o convívio com os amigos.
Canela de hoje, felizmente é radicalmente diferente e já há alguns anos estamos recebendo gente que aqui vem viver seus sonhos, plantando nestas terras as sementes do que, hoje, se entende por família. Gente que vem com os olhos cheios de esperança, mãos disponíveis para construir e o desejo de se estabelecer e assim colher futuro.
Infelizmente se deparam com pouca oferta de imóveis e aluguéis caríssimos obrigando aos novos canelenses viverem em porões úmidos ou sub habitações distantes da área central e assim sem desfrutar do que melhor a Cidade oferece, sem participar da vida social ou esportiva ou cultural. Inexiste qualquer projeto público de habitação popular, pelo menos que se saiba, e alguns grileiros se aproveitam desta carência para vender terrenos em áreas invadidas sem qualquer infraestrutura.
Chega a ser chocante a carência habitacional para trabalhadores de baixa renda que asseguram a imprescindível mão de obra para sustentar o turismo em uma Cidade que se orgulha de ver mais de uma centena de edificações em obras, porém, todas destinadas a quem pode pagar meio milhão por um apartamento de quarto e sala. Quem sabe o poder público começa a olhar para estes que já representam 19,6% da população e, consequentemente, de eleitores…
E assim, percebendo que trabalharão apenas para pagar o aluguel nossos novos canelenses entendem que aqui não conseguirão permanecer e como se exilados fossem, vivem com os olhos voltados para o próximo lugar onde irão se instalar. Por uma triste ironia, a empresa de Transportes Coletivos, que não é a Canelense ou a Floresta, já não tem tantas opções de horários aos domingos para os grandes centros…