Esta semana tivemos o desprazer de acompanharmos mais uma operação policial envolvendo o Hospital de Canela. Devo confessar a vocês que não me surpreendi. Não que eu soubesse ou suspeitasse de algum dos envolvidos, pelo contrário. Na verdade, eu não me surpreendi pois, apesar do discurso externo da administração municipal, de que a intervenção está sendo algo diferente, na verdade não passa de mais do mesmo.
A politização do hospital não é algo novo. Na verdade ela é um problema de décadas em Canela e que passa por governos de vários partidos. Infelizmente todos sucumbem a tentação de manter o controle político do hospital. Para os políticos, que raciocinam muito pensando no voto, fica muito cômodo ter o controle do hospital. As pessoas tendem a associar a solução de seus problemas a uma pessoa, especialmente na saúde. Elas não tem o entendimento de que o SUS é publico e que temos direitos iguais perante ele.
Acontece que, invariavelmente, os agentes políticos se valem de uma “liberação” de exame, de um telefonema agilizando uma consulta, de um contato que facilite uma internação, etc. Isso rende votos e capital político. Por isso essa dificuldade de largar o “osso”!
Sabemos que esse tipo de facilitação é ilegal e, quando comprovada, gera operações policiais e punições aos agentes políticos. Por isso essa recorrência de escândalos dentro do hospital.
Enquanto os governantes não profissionalizarem a administração do Hospital, isso irá seguir, infelizmente. A solução da intervenção, que deveria ser provisória, se tornou permanente em Canela. Posso atestar isso, pois faço parte do Conselho Fiscal do Hospital. Nunca ouve um plano para sanear o hospital e entregar ele de volta para um ente privado. A intervenção apenas facilitou a injeção de recursos e removeu controles e mecanismos de auditoria das contas do Hospital de Canela.
Torço para que agora nosso prefeito mude o foco do e passe a realmente buscar o saneamento do hospital e sua profissionalização na gestão. A política dentro do hospital pode ser um benefício temporário, mas no longo prazo destrói a credibilidade dos governantes.