(sobre aqueles tempos…)
Numa coletânea com vários autores, a obra “RS: Economia & Política” nos traz um panorama do início do povoamento do nosso Estado, com destaques, é claro, na política e na economia.
Com referência a este ultimo assunto, um texto inteligente do historiador Guilhermino Cesar discorre sobre a chamada “Idade do Couro”…
Um trecho:
“…Nessa Idade do Couro no Rio Grande do Sul, a primeira notícia que se tem de atividade lucrativa aqui exercida, refere-se à extração e comercialização de couros…”
Mais adiante:
“…Foi tão intensa a extração de couros, e tão desordenada, que o governador André Ribeiro Coutinho, sucessor de Silva Paes, baixou o Regimento da Courama…”
Outro trecho:
“…À falta de melhor material, usava-se o couro na confecção de vários utensílios, na cobertura e como parede dos ranchos e casas, na confecção de vestimentas, nas botas, numa infinidade de outras coisas essenciais…”
“… A incapacidade das coisas com que contavam, segundo diz um desses povoadores, era notória: não passavam de barracas de couro ou de ranchos cobertos de santa-fé, suas moradas…”
O gado trazido pelos Jesuítas reproduzia-se de forma espantosa, em campos fartos e indivisos, nas chamadas “Vacarias do Mar” (Sul) e nas “Vacarias dos Pinhais” (Cima da Serra). Até então aproveitando somente o couro e o sebo, ficava a carne de miles e miles aos abutres. Mas logo chega a vez do charque, com vistas ao norte do país. Mas isso é assunto pra outro dia.
Tudo envolvia o couro, além do já citado: transporte (canoas, chamadas “pelotas”); vestuário (uma espécie de “poncho”), além de botas, chapéus, capas…; móveis (camas, balcões, armários…); armas (boleadeiras); trabalho (laço, sovéu, rebenque…), etc. Tudo mostra a chamada “Idade do Couro”, que escreveu grande parte da história do Rio Grande do Sul… a nossa terra!