Legado de fé e renovação

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Na manhã de 21 de abril de 2025 o Papa Francisco, batizado Jorge Mario Bergoglio, faleceu aos 88 anos em sua residência oficial, a Casa Santa Marta, no Vaticano, em Roma. De acordo com comunicado oficial do Vaticano, o pontífice sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) fulminante, rapidamente evoluindo para um colapso cardiocirculatório irreversível, que culminou em seu óbito. O diretor de Saúde e Higiene do Estado da Cidade do Vaticano, Andrea Arcangeli, confirmou que, após um episódio súbito, o Papa entrou em coma, falecendo pouco depois, por volta das 6h (1h da madrugada no horário de Brasília). Nos anos recentes, a saúde de Francisco tornou-se motivo de preocupação crescente. Em fevereiro de 2025, ele foi hospitalizado por uma pneumonia bilateral, permanecendo internado durante 37 dias. Apesar da aparente melhora, sua condição geral se fragilizou. Familiares e médicos relatam que a resistência do pontífice diminuiu consideravelmente após esse episódio, levando ao AVC fatal dois meses depois, em Roma. A conexão entre a longa infecção pulmonar e seu desfecho trágico foi destacada nos principais veículos de imprensa. Filho de imigrantes italianos, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936. Cresceu em um ambiente humilde, marcadamente católico e socialmente engajado, valores que nortearam suas escolhas.


TRAJETÓRIA NA IGREJA

Foto: Divulgação

Bergoglio ingressou em 1958 na Companhia de Jesus, tornando-se sacerdote em 1969. Sua liderança precoce se destacou quando, em 1992, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires; em 1998, assumiu como arcebispo da cidade. O reconhecimento internacional veio em fevereiro de 2001, ao ser elevado a cardeal pelo Papa João Paulo II. A notoriedade de Bergoglio como defensor dos pobres e reformador discreto culminou em sua eleição ao pontificado em 13 de março de 2013 tornando-se o 266º Papa da Igreja Católica e o primeiro latino-americano a ocupar o cargo. Seu nome papal, Francisco, homenageia São Francisco de Assis e sinalizou, desde o início, seu compromisso com a simplicidade, o cuidado com os marginalizados e o meio ambiente. “O único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo: quando queremos ajudá-la a levantar-se”, declarou Francisco certa vez.


Principais realizações

Ao longo dos 12 anos de papado (2013-2025), Francisco consolidou-se como um líder transformador e, por vezes, polêmico. Entre suas principais realizações, destaca-se a encíclica “Laudato Si’”, um chamado global à responsabilidade ambiental, que fortaleceu a agenda ecológica no seio da Igreja. Francisco também ousou abrir debates sobre temas delicados, como acolhimento de minorias, refugiados, diálogo com outras religiões e revisão de posturas tradicionalistas. Promoveu políticas de transparência financeira no Vaticano e enfrentou, com rigor, casos de abuso sexual clerical, implementando novas diretrizes e órgãos de investigação. Sua abordagem pastoral priorizou a proximidade com os pobres, o combate às desigualdades e o resgate de uma Igreja menos institucional, mais acolhedora e missionária. Seu legado se consolidou como o de um “vendaval de reformas sociais e espirituais” no seio do catolicismo contemporâneo.


SEPULTAMENTO E CONCLAVE

Com a morte do Papa Francisco, o Vaticano entrou imediatamente no período de luto denominado “Novemdiales”, marcado por uma série de cerimônias fúnebres e orações durante nove dias. O funeral está agendado para sábado (26) às 10 horas (horário local de Roma, 5h em Brasília), na Basílica de São Pedro. Francisco será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, conforme seu desejo. Simultaneamente, o processo de sucessão já está em curso. Em até 20 dias, será convocado o conclave, reunião fechada dos cardeais eleitores na Capela Sistina. O novo Papa deve ser escolhido por maioria qualificada (dois terços dos votos). Entre os cardeais brasileiros com direito a voto, destacam-se Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, e Dom Odílo Scherer, arcebispo de São Paulo. Ambos têm relevante influência nos debates internos e podem atuar como articuladores de consensos entre blocos regionais.


PROJEÇÃO NA CATEDRAL DE PEDRA

Homenagem chamou a atenção de turistas e moradores
Foto: Fernando Martinotto

Na terça-feira (22), a comunidade católica de Canela fez uma homenagem ao Papa Francisco, através da projeção da imagem do pontífice na fachada da Catedral de Pedra. A Igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, além de ser um tradicional templo religioso é, também, um dos pontos turísticos canelenses mais visitados no Rio Grande do Sul. O momento em que as luzes da Igreja são apagadas e apenas a imagem do Papa é vista se repetirá até o próximo domingo (27), sempre das 19h30 às 23h.
Para o padre José Monteiro Filho, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, de Canela, a projeção do perfil de Francisco na frente da igreja, além de homenagear a figura religiosa mais importante para os cristãos, também valoriza a beleza do prédio e colabora para o turismo local, divulgando o município em todos os cantos. Ele conta que a iniciativa surgiu com os membros da comunidade católica da cidade. A projeção foi feita pelo projeto Luminata – responsável por outros espetáculos como o “Contos da Catedral – O segredo do Velho Noel”, apresentado no Natal. Rafael Zilio, empresário da Luminata, destaca que a fachada da Igreja Matriz “não só homenageia, ela reza. Reza em luz, em silêncio, em gratidão”.


A GRAÇA DE ESTAR COM O PAPA DO ACOLHIMENTO

O argentino religioso Jorge Mario Bergoglio, que se tornou o mundial Papa Francisco, nasceu destinado a deixar marcas de grandeza com humildade nos seus contemporâneos de todos os cantos. Foi o Papa cujo sorriso aberto foi se apagando quando as dores do corpo lhe vincaram a face, cujos olhos cheios de vivacidade foram ficando tristes após anos e anos de tentativas de intermediar homens poderosos e embrutecidos, na busca de amenizar mazelas cujo resultado sempre é o sofrimento dos menos favorecidos. Mas o Francisco abatido pela saúde está indo para outro plano como um vencedor. Homem do seu tempo, questionou alguns dogmas e discutiu temas inegociáveis pela Igreja, como as questões de gênero e o empoderamento feminino no Catolicismo. Milhões de jovens nunca o esquecerão, pois abriu novas avenidas para eles em direção a Cristo. Aplaudido e contestado, como acontece a qualquer Papa, a passagem do Jesuíta Francisco enseja uma sucessão cujo substituto, Deus queira, se espelhe no legado deste grande homem do Século XXI.

Nesta página, o Nova Época relata encontros de religiosos e leigos, gente próxima de nós, que tiveram a graça de lhe apertar a mão e olhar nos olhos, ou então de estar no local e no momento em que o Papa Francisco conseguiu, com grande esforço, balbuciar suas últimas palavras em público.


PADRE DIEGO DOS ANJOS SOARES

O religioso leopoldense, ordenado em 2017, passou pelo Seminário, trabalhou em Roma de 2022 a 2024 e tem Canela como terceiro endereço, onde hoje é vigário paroquial. Em 2019, numa primeira ida a Roma. Padre Diego teve oportunidade de encontrar Francisco e dizer-lhe que era da cidade do Padre Reus, cujo santuário (em São Leopoldo) o Papa já visitara. “Recorram ao Padre Reus”, recomendou então Francisco ao Padre Diego. Já em 2022, em Roma, por ocasião da Convenção da Comunidade Católica Shalom, Diego e integrantes desta comunidade, do mundo todo, estiveram com Francisco. Um terceiro encontro do nosso vigário paroquial com Papa Francisco aconteceu na Semana Santa de 2024, novamente no Vaticano e na Missa do Crisma, onde os sacerdotes renovam as suas promessas sacerdotais na Quinta-feira Santa. Padre Diego recorda bem da homilia proferida por Francisco, que em determinada parte falou do dom das lágrimas de arrependimento, de contrição e de mudança de vida, as quais seriam as mais santas depois das águas do Batismo. Outro encontro pessoal do vigário paroquial com Francisco aconteceu também há pouco tempo, no Pio Brasileiro, a casa dos sacerdotes brasileiros em Roma onde Diego morou. Francisco e ele Diego se saudaram com um recíproco “Shalom”. Para Padre Diego, Papa Francisco não significou tanto um papa da ruptura, mas da beleza da continuidade.


PADRE JUSCELINO MARTINEZ BRAZEIRO JUNIOR

Ele esteve à frente da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes de 2010 a 2015. Hoje é Oficoal Dicastério para o Clero, no Vaticano. Mandou seu depoimento após ir ao velório do Papa Francisco.

“Lunedì dell’Angelo”.Segunda-feira do anjo…

Assim é chamado o dia sucessivo ao domingo de Páscoa aqui na Itália. Isso se fundamenta no evento em que as mulheres vão ao sepulcro pela manhã e são recepcionadas por um anjo, que anuncia que Jesus não está mais ali. Anuncia a vitória da vida sobre a morte. Após o comunicado sobre a morte de Papa Francisco, foi-me natural pensar que aquele anjo agora tinha vindo pegá-lo pela mão, para que pudesse ressurgir com o Cristo em sua Páscoa no céu. Despedir-se de Papa Francisco não é uma coisa fácil, não é uma ação espontânea ou meramente ritual. Lembro das vezes em que pude encontrá-lo, da atenção com que escutava e se interessava por cada coisa que lhe era dita. Em junho do ano passado, depois que as águas baixaram, tive a oportunidade de cumprimentá-lo pela última vez. Ao agradecer pela ajuda e pelas orações em favor do povo gaúcho, ouvi sua pergunta carregada de afeto: ‘Ma la gente, come sta?’ Ele queria saber se todos estavam bem, demonstrando a proximidade e a simplicidade que sempre lhe foram características.

O mesmo carinho pude testemunhar quando, em 2022, participei de uma reunião com os demais colegas do Dicastério aqui em Roma. Naquela ocasião, antes de deixar a sala, após as palavras e as orientações que nos deu, ele percebeu que entre nós estava um padre irlandês, cujo pai estava muito mal de saúde. O Santo Padre parou, foi até ele, o abraçou e disse que estava rezando por toda família. As lágrimas que acompanharam o momento trouxeram uma consolação magnífica. Assim foi, e está sendo, minha experiência nesses anos servindo a Igreja aqui em Roma. Trabalhar próximo ao Papa Francisco foi uma graça e um grande aprendizado. Agora nos resta deixá-lo partir, mas sem enterrar as belas memórias que temos. Muito se dirá de Francisco. Será lembrado como o Papa dos pobres, preocupado com os doentes e próximo dos que padecem o flagelo da guerra. Alguém tentará ‘santificá-lo’ como um apóstolo da paz ou um santo dos migrantes. Para mim, será sempre aquele homem com tal delicadeza, capaz de reconhecer um coração aflito, fazendo-se pastor de quem precisa; será um sacerdote dedicado ao seu povo, capaz de interessar-se por quem precisa de consolo e com a grande ternura de, em meio a tantos afazeres e obrigações, querer somente saber como está aquela gente!”


AS IRMÃS QUE OUVIRAM O PAPA FALAR PELA ÚLTIMA VEZ

As canelenses Claudia, Fernanda e Andrea Azevedo (esta última, com o marido e filhos) estiveram no Vaticano, poucos dias atrás. Foram à Praça de São Pedro, assistiram a missa de Páscoa e, talvez, foram os únicos canelenses que tiveram a oportunidade de ver o Papa Francisco horas antes dele falecer. Receberam a indulgência plenária e constataram que o Santo Padre estava muito fragilizado. “Foi emocionante demais”, nos disse Andrea.

Andrea, Claudia e o Papa na famosa janela, sentado.

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