Liquidação de Natal

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Na casa dos meus pais, aprendi cedo uma lição valiosa sobre oferta e demanda: compra-se guarda-chuva em dias de sol. Enquanto minhas amigas desfilavam as últimas tendências da moda, eu exibia com orgulho a coleção passada — e fazia questão de dizer que paguei metade do preço pela mesma calça da Lua ou da Brasil Sul que elas compraram por uma fortuna. Desde criança, comprar algo mais barato era motivo de diversão para mim. Sem saber, já me identificava com Warren Buffett, que sempre dizia: “Quer estejamos a falar de meias ou de ações, gosto de comprar mercadorias de qualidade quando o mercado está para baixo.” Hoje, a vida me proporciona uma nova versão desse prazer: como passo parte do ano em Portugal e fujo do inverno europeu para aproveitar o verão brasileiro, aproveito os saldos de verão da Zara antes de embarcar. Dessa vez, sou eu quem dita as tendências para as minhas amigas no Brasil — e me divirto ainda mais.

No mercado financeiro, também aprecio adquirir ativos de qualidade quando estão subvalorizados. Nos últimos dias, o Ibovespa caiu para os 120 mil pontos, IFIX foi para abaixo dos 3 mil pontos, o dólar chegou a R$ 6,29, e, antes de uma suspensão temporária no site do Tesouro Direto, a taxa do Tesouro IPCA 2035 atingiu 7,37% ao ano — nível não visto desde o auge da crise econômica durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2015. O principal fator para essa deterioração recente é a situação fiscal brasileira, com o governo enfrentando dificuldades em aprovar medidas de redução de gastos no Congresso, além de um crescente questionamento no mercado sobre estarmos entrando em dominância fiscal.

A dominância fiscal ocorre quando as decisões de política fiscal de um país limitam a eficácia da política monetária. Nesse cenário, o Banco Central perde autonomia para controlar a inflação, já que suas ações são influenciadas pela necessidade de financiar déficits elevados ou gerenciar uma dívida pública insustentável. Recentemente, o aumento da taxa Selic pelo Banco Central, agora em 12,25% ao ano, veio acompanhado de aumentos expressivos na curva futura de juros, que já precifica uma Selic acima de 14% em 2025 e superior a 15% em 2026. Caso a tese de dominância fiscal ganhe mais força, o cenário poderá se tornar ainda mais desafiador no curto prazo, exigindo ajustes profundos na política fiscal para restaurar a confiança e estabilizar os mercados.

Mas em meio a este cenário, o importante é não entrarmos em pânico e estarmos atentos aos ativos de qualidade que oferecem oportunidades históricas. Mesmo contaminada pelas notícias negativas, busco me agarrar a outro ensinamento de Buffett: sejamos gananciosos quando os outros estão com medo. Ainda podemos enfrentar janelas de volatilidade para os ativos mais longos, como NTN-B e Bolsa, mas é importante pensarmos em janelas mais longas. Quem investiu no Tesouro IPCA 2035 na janela mais estressada do último governo Dilma e conseguiu manter até o presente momento, viu seu patrimônio mais do que triplicar no período, com uma valorização de 220%, em comparação aos 122% que o CDI rendeu nesta janela.

Em tempos de incerteza, é natural que a paciência e a visão de longo prazo sejam desafiadas, especialmente quando tememos que o governo possa comprometer o país e extrapolamos as quedas nos mercados. No entanto, precisamos ser racionais e manter a esperança. Temos um Congresso de perfil centrista, que tende a moderar decisões mais extremas, e ainda observamos a atuação de um Banco Central independente, comprometido com o controle da inflação. Além disso, pesquisas recentes indicam um aumento na desaprovação do governo, o que sinaliza uma possível alternância de poder já nas próximas eleições. As chances de uma mudança de rumo na economia nos próximos dois anos são consideráveis, especialmente agora com um dólar tão alto e inflação voltando. “- Mas vamos passar pela tormenta e depois alocar”, alguns clientes me provocam. Eu vos garanto: quando essa certeza de mudança se concretizar, já será tarde demais para aproveitarmos essas oportunidades atuais de ativos de qualidade bastante descontados, já que o mercado sempre antecipa os acontecimentos.
Desejamos que façam boas compras neste Natal!

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