O ENCANTO DA CERRAÇÃO

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Amanhece o dia aqui em Canela, neste inverno de 2024, com aquela cerração meio fechada, meio aberta. Ela entra na cidade, vinda do Vale do Quilombo, e pinta de branco as coisas e aquelas pessoas com o dever de saírem de casa e encarar a nuvem úmida. Parecendo um fantasma com mil mãos apontando para cima, um ipê-roxo parece orar para o céu, fazendo uma reverência silenciosa e dizendo: “Não vais molhar minhas folhas, já roubadas pelo inverno. Aguarde a primavera, lá as terei novamente.” Uma estrelícia, com sua flor laranja, se contrapõe ao cinza, elegante e misteriosa, alegrando o conjunto monocromático.


Para nós, canelenses, ela é um aborrecimento por limitar a visão, molhar a roupa e dificultar o deslocamento, tanto a pé como de carro. Para os privilegiados turistas presentes numa manhã destas, o cenário é encantador, mágico e eletrizante. Caminhar através da nuvem, como parece ser, é uma experiência única e inebriante fazendo a alegria de pais e filhos, andando e tentando “pegar” a fumaça úmida e envolvente.


Sou da terra e o nevoeiro me é familiar desde os tempos de criança, mas, depois de muitos anos de convívio, consigo ver o fenômeno como os turistas. Ando e absorvo os tons de cinza, o silêncio da hora e o quadro pintado de prata, mudando a cada passo dado. Ela cria possibilidades, se você está disposto e conectado, de reflexão e introspecção, viajando pelo lúdico, misterioso e saboroso terreno do imaginário. Quando ela entra em golfadas atravessando ruas, jardins e casas, abafando o sol e o calor, traz uma mensagem sublime: vem chuva! Sim, ela também é a precursora da mudança de tempo, refrescando e preparando o espírito para a virada e, para mim, também mostra alteração na paisagem e na perspectiva de ver as coisas. O mundo sem cor também é belo, delicado e harmônico. As cores, antes vivas, se rendem ao acinzentado do céu e da terra, parecendo bandeiras de um movimento de resistência, cujo objetivo é colorir e alegrar o mundo.


Visão de uns e de outros, a cerração é mesmo encantadora por proporcionar momentos de reflexão e de pura magia, mesmo com uma única cor. Ela consegue encantar e intrigar, além de molhar e amolar.

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