O impacto das redes sociais na saúde mental

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Admita! Pelo menos um pouquinho do seu dia você dispensa às redes sociais. Se não, você pertence à minoria, cada vez menor. Se você é da maioria, neste país que registra uma das maiores posses de celulares no mundo, já parou para pensar quanto tempo por dia dedica ao Instagram, Facebook, TikTok, X e outros? Será que não tem consequências? Você pode pensar que está ganhando alguma informação instantânea, alguma diversão facilitada pelo imediatismo, mas, o que vem na esteira disso tudo que consumimos sem filtrar? O impacto das redes sociais na saúde mental é um tema cada vez mais discutido. O Nova Época pesquisou o assunto e entrevistou profissionais com expertise.

BrainRot: O que é e seus Efeitos

Este fenômeno vem sendo explorado em reportagens como a de Jennifer Schuessler no New York Times, que destaca os impactos adversos do consumo desenfreado de conteúdo digital superficial. O termo BrainRot (“podridão mental”) passou a ser utilizado para descrever o impacto negativo da exposição contínua a conteúdos de baixa qualidade nas redes sociais, como memes, vídeos curtos e postagens superficiais. Estudos têm documentado como esse comportamento pode prejudicar funções cognitivas cruciais, como a concentração e o pensamento crítico.

Em uma entrevista ao The New York Times, o Dr. Michael Rich, do Boston Children’s Hospital, observou que muitos pacientes reconhecem os efeitos deletérios desse comportamento, mas continuam a mantê-lo, refletindo a aceitação social de hábitos que minam a capacidade de concentração e processamento profundo.

Efeitos Cognitivos e Emocionais:

  • Redução da Capacidade de Concentração: Dificultando o foco em tarefas que exigem atenção prolongada.
  • Diminuição do Pensamento Crítico: Comprometendo a análise aprofundada de informações.
  • Aumento da Ansiedade e Estresse: Exacerbados pela comparação constante nas redes sociais.
  • Impacto na Memória: Dificuldades na retenção de informações devido ao consumo de conteúdo fragmentado.

Causas e Impulsionadores do BrainRot

As causas desse fenômeno estão enraizadas na própria natureza das redes sociais, projetadas para capturar e manter a atenção dos usuários por meio de algoritmos que promovem conteúdos curtos e atraentes. A busca por gratificação instantânea, reforçada por curtidas e compartilhamentos, contribui para o consumo compulsivo. O fenômeno conhecido como FOMO (Fear of Missing Out) — ou medo de ficar de fora — também desempenha um papel significativo.

Sugestões para um Uso Saudável das Redes

Para mitigar os efeitos do BrainRot, especialistas sugerem limitar o tempo de uso das redes sociais e focar em conteúdos de qualidade, como livros e artigos aprofundados. A desintoxicação digital e o estabelecimento de conexões reais são essenciais para promover uma relação mais saudável com a tecnologia. A mídia impressa, por sua vez, oferece uma experiência única que estimula a mente de maneiras que as telas digitais não conseguem.

Entrevista: Psicóloga Thalita Esteves Diniz Verissimo

Neste contexto, entrevistamos a psicóloga Thalita Esteves Diniz Verissimo, uma especialista em neuropsicologia clínica com vasta experiência em diagnóstico e tratamento de questões relacionadas ao comportamento humano e suas interações com a tecnologia. Moradora de Gramado, formada pela Faculdade de Ciências Sociais CESUSC e especializada em avaliação neuropsicológica pelo Instituto de Neurologia de São Paulo, Thalita possui certificação internacional em avaliação diagnóstica para transtorno do espectro do autismo. Ela lidera o Sinapses, um centro integrado de desenvolvimento humano, onde supervisiona uma equipe dedicada à avaliação neuropsicológica. Sua atuação é enriquecida por participações em congressos e cursos de extensão, sempre buscando aprimorar seu conhecimento sobre desenvolvimento humano e patologias relacionadas.


“É POSSÍVEL USAR AS REDES SOCIAIS DE FORMA SAUDÁVEL” Psicóloga Thalita Esteves Diniz Verissimo

Jornal Nova Época: Quais sinais indicam que alguém pode estar sendo afetado pelo BrainRot?

Psicóloga Thalita: “O BrainRot é uma expressão informal usada, geralmente, para descrever quando alguém está excessivamente envolvido em algo a ponto de afetar sua maneira de pensar ou agir. Essa questão pode ser associada a vícios em redes sociais, jogos, séries, obsessões em tópicos específicos, entre outros. Embora não seja um termo clínico, os sinais comuns associados a essa ideia podem incluir foco excessivo em apenas um tópico ou atividade; perda de produtividade; alterações de humor; irritabilidade ou ansiedade quando não pode acessar o que está consumindo; euforia ou entusiasmo desproporcional ao falar ou interagir sobre o assunto; impacto nas relações sociais; raciocínio mais simplificado ou respostas repetitivas relacionadas ao tema central; preferência por conversas exclusivamente sobre o tópico que domina seus pensamentos e menor interesse em interagir com amigos ou familiares fora do contexto da obsessão, bem como declínio cognitivo temporário. Dificuldade em se concentrar em outros assuntos ou em manter conversas sobre tópicos variados.”

NE: Como o consumo excessivo de conteúdo nas redes sociais pode impactar a saúde mental?

Thalita: “O consumo exagerado de conteúdo nas redes sociais pode aumentar o risco de ansiedade, depressão e baixa autoestima. Isso ocorre devido à comparação social constante e à exposição a conteúdos negativos. Evidências: Um estudo publicado no Journal of  Social and Clinical  Psychology relacionou o uso excessivo de redes sociais a sintomas de solidão e depressão em jovens. O uso excessivo das redes sociais pode ser classificado como um vício comportamental, semelhante ao jogo compulsivo, devido à ativação dos sistemas de dopamina no cérebro. Pesquisas mostram que o design das redes sociais é projetado para maximizar o tempo de engajamento, explorando os circuitos de recompensa e reforço do cérebro.”

NE: Que práticas você sugere para reduzir os efeitos negativos desse fenômeno?

Thalita: “Sim, é possível usar as redes sociais de forma saudável e equilibrada ao adotar estratégias conscientes que promovam um consumo positivo e intencional. Aqui estão algumas sugestões: Use com propósito e intenção, definindo objetivos claros antes de abrir uma rede social. Evite o uso automático, pergunte-se se está usando porque realmente quer ou apenas por hábito. Faça uma curadoria do conteúdo, seguindo o que te faz bem e priorizando perfis que tragam informações úteis, motivação ou conteúdos que melhorem seu humor. Estabeleça limites de tempo, criando horários específicos e determinando períodos do dia para usar as redes sociais, respeitando esses limites. Participe de interações autênticas, tenha conversas de verdade e use redes para fortalecer conexões reais, enviando mensagens genuínas ou interagindo de forma construtiva.”

NE: Você vê alguma forma de usar as redes sociais de maneira mais saudável e equilibrada?

Thalita: “Usar as redes sociais de forma equilibrada é possível, quando você prioriza qualidade ao invés de quantidade, conectando-se com propósito e mantendo os pés no mundo real. Controle o algoritmo, interaja com cuidado, curta, comente e siga apenas o que realmente te interessar. Use ferramentas de bem-estar digital, acompanhe seu tempo de uso, ative lembretes de pausa, configure alertas para interromper o uso contínuo ou analise relatórios de uso do seu dispositivo para ajustar hábitos. Construa uma relação positiva com as redes, desenvolva equilíbrio e seja um criador consciente, compartilhando momentos reais e autênticos. Valorize o contato presencial, desconecte para conectar, durante reuniões ou conversas importantes, mantenha o celular fora de alcance. Promova atividades offline e priorize encontros e experiências reais com amigos e familiares.”


Conclusão

Promover um uso consciente e equilibrado das redes sociais pode resultar em melhorias tangíveis na saúde mental. Ao adotar estratégias adequadas, é possível transformar hábitos digitais prejudiciais em práticas que beneficiam o bem-estar pessoal.


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