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ENTENDER O BÁSICO SOBRE MACROECONOMIA

Eu já disse diversas vezes, e sigo repetindo: conceitos macroeconômicos básicos deveriam ser mandatórios na Educação Básica. O que é e para que serve a taxa de juros, o papel de um Banco Central em uma economia, como a expectativa inflacionária influencia a inflação presente e como um governo que gasta mais do que arrecada contribui à escalada de preços são algumas lições que deveriam estar na ponta da língua da população. Mas também não podemos ser ingênuos: para quem governa e pretende se perpetuar no poder, trazer consciência econômica à população serviria mais como um tiro no pé. Especialmente quando os governantes tampouco entendem o básico de Teoria Econômica e cometem tantos erros graves na prática. Então retiro o que eu disse e reescrevo a minha frase de abertura: deveria ser premissa básica de qualquer líder ou governante entender como uma Economia funciona.

Quem investe em ativos mais arriscados no Brasil deve ter percebido uma piora razoável no ambiente macro nos últimos meses: o Dólar disparou para cima dos R$ 5,4, nosso juro futuro voltou para os 12% ao ano, e nosso Índice Bovespa está novamente abaixo dos 120 mil pontos. Isso tudo a despeito de um contexto macro internacional relativamente tranquilo, em meio a um ciclo de queda nos juros local (que todavia foi interrompido nesta última quarta-feira) e PIB crescente por aqui. Então por que a situação local está se deteriorando? Eu apontaria duas principais razões: estresse fiscal e insegurança jurídica.

É verdade que os Bancos Centrais definem a taxa de curto-prazo de uma economia, mas é o mercado quem definirá os juros de longo-prazo. E é essa taxa longa que fará a diferença. Vocês devem estar lembrados que o preço atual de qualquer ativo, seja ele um imóvel, uma ação, ou um novo projeto a ser implementado por uma empresa de capital fechado nada mais é do que o fluxo futuro que aquele ativo gerará no futuro, trazido a valor presente por uma taxa de desconto que está atrelada ao juro futuro daquela economia. Isso porque o dinheiro tem um valor no tempo: receber R$ 5 mil hoje vale muito mais do que receber R$ 5 mil daqui cinco anos, especialmente em economias emergentes e inflacionárias. Aliás, o juro futuro é naturalmente maior por conta de expectativas inflacionárias maiores, tudo mais constante.

Quando o governo vai a mercado para se financiar, por exemplo, algo que acontece recorrentemente, ele o faz emitindo dívidas de longo-prazo, principalmente. Quem definirá o custo dessa dívida, ou o juro que ela remunerará, serão os agentes de mercado, aqueles que propriamente comprarão tais papéis. Quanto mais arriscada for essa dívida, e quanto maior for a probabilidade de calote do emissor desta dívida, maior será o juro demandado para os alocadores sentirem-se compensados pelo risco. Quanto maior for o risco-país, a insegurança jurídica, a incerteza relacionada a normas tributárias (as quais surgem da noite para o dia sem qualquer diálogo ou sem muito entendimento de seus efeitos), tão maior será a taxa demandada pelos alocadores. E quanto maior for o desconforto do mercado com a nossa jurisdição, menos compradores teremos para os ativos brasileiros no geral, o que reforça mais uma vez o aumento do juro para que possamos atrair capital para cá.

Quando um governo tenta forçar a queda de uma taxa de juro de curto-prazo, sem que haja contexto econômico, sem que haja segurança jurídica e, especialmente, um plano organizado para colocar as contas públicas em dia, as taxas de juro futuras disparam. É exatamente isso que estamos testemunhando neste momento. E é exatamente isso que precedeu os dias mais cinzentos de 2014 e 2015 no Brasil. De nada adianta o Banco Central reduzir as taxas de curto-prazo se a Política Fiscal se mantém expansionista, se o governo segue gastando às custas de um maior endividamento e se o ambiente se mantém incerto para se fazer negócio.

O Dólar para cima é o estrangeiro saindo, o juro futuro é o alocador pedindo mais retorno para se investir em um ambiente tão mais arriscado, e bolsa para baixo é o efeito dos juros futuros mais altos e da fuga dos investidores estrangeiros da bolsa: somente neste ano, aliás, o fluxo vendedor estrangeiro supera os R$ 40 bilhões.

Se há alguma coisa “desajustada” em nosso país, usando as palavras do nosso Presidente, é sim as contas públicas. Os juros são apenas consequência.

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