O imediatismo é uma das armadilhas mais perigosas nos investimentos, e, curiosamente, pouco se fala sobre isso. Todos almejam a riqueza, mas, como já disse Warren Buffett, “ninguém quer ficar rico devagar.” O que me surpreende é que, mesmo com uma taxa livre de risco nos dois dígitos no Brasil, com opções seguras na renda fixa rendendo IPCA+6,5% ao ano, e fundos imobiliários de qualidade oferecendo quase 1% ao mês, alguns clientes ainda me procuram pedindo opinião sobre a criptomoeda da moda ou a ação de uma empresa altamente arriscada, recomendada por algum influenciador digital, que supostamente dobrará de valor em pouco tempo. É verdade que tentar ganhar 100% em um ano soa mais atrativo do que obter 11% ao ano por sete anos consecutivos, mas também é desproporcionalmente mais arriscado.
Frequentemente, também recebo a provocação: “E aí, Carol, está bom para comprar dólar agora?” Se você é um dos meus clientes, já deve ter ouvido minha resposta: “Deus criou o câmbio para manter os economistas humildes.” Brincadeiras à parte, o câmbio é influenciado por inúmeras variáveis – diferencial de juros, inflação, dívida pública, balança comercial e crescimento econômico, só para citar algumas. No curto prazo, o dólar será afetado por fatores altamente incertos, como as eleições americanas (com um dólar mais forte em caso de vitória de Trump), a postura do governo brasileiro em relação à dívida pública (quanto mais leniente, maior a força do dólar frente ao real), as próximas decisões do Fed e do Banco Central sobre juros, além do cenário geopolítico. Embora muitos investidores busquem ganhos rápidos com a variação cambial, a verdadeira estratégia vencedora é adotar uma visão de longo prazo. Nesse horizonte, poucos investimentos superam o IPCA+6%, mas o Dólar + 6% continua sendo uma das opções mais sólidas.
Da mesma forma, o prêmio de iliquidez é outro fator que investidores impacientes muitas vezes ignoram. Assim como no câmbio, muitos focam na liquidez imediata, perdendo a oportunidade de capturar retornos mais elevados ao optar por investimentos de longo prazo e menos líquidos. Ao abrir mão da liquidez – a capacidade de vender sua posição rapidamente e acessar o dinheiro – o investidor pode obter retornos mais robustos. “Mas Carol, com a Selic tão alta, ainda vale a pena investir em títulos ou fundos mais ilíquidos?” A resposta está no fato de que nossa taxa de juros, assim como a economia, é cíclica, e não permanecerá em dois dígitos para sempre. Aproveitar o momento e alongar os portfólios de renda fixa com títulos de bons emissores a taxas atrativas é uma estratégia que os investidores mais sagazes já adotam, pois sabem que a riqueza se constrói de forma consistente ao longo do tempo.
Para finalizar, uso outra frase do meu investidor preferido: “O mercado é um dispositivo para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes.” Buffett se referia especificamente ao mercado acionário, mas essa lógica se aplica a todas as classes de ativos. Construir riqueza não é sobre perseguir o investimento da moda ou tentar prever movimentos cambiais de curto prazo; é sobre abraçar a consistência, respeitar o poder do tempo e aproveitar o prêmio de iliquidez quando apropriado. Os investidores que entendem isso são os que, no longo prazo, conseguem transformar disciplina e paciência em resultados concretos, enquanto os impacientes acabam entregando seus ganhos ao longo do caminho.