O mais importante é… olhar o copo meio cheio

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Sempre achei que meus hobbies fossem peculiares, até conhecer meu namorado. Ele tem uma rotina matinal metódica: acorda cedo, prepara seu flat white (duas doses de expresso com espuma de leite) e, antes de começar o trabalho, se entretem ao pesquisar preços de imóveis e terrenos. Quando encontra alguma aparente oportunidade, lá vamos nós visitar. E, quase sempre, chegamos à mesma conclusão: o imóvel está caro demais, considerando as condições e a localização. Após essas visitas, acabamos sempre discutindo as dificuldades que a geração millennial enfrenta hoje. Eu particularmente tenho a tendência em acreditar que estamos vivendo tempos mais difíceis do que as gerações anteriores, enquanto meu namorado prefere focar nos avanços e nas oportunidades que temos à nossa disposição.

Especificamente quanto à casa própria, diversos estudos confirmam que a geração millennial (nascidos entre 1981 e 1996) enfrenta dificuldades bem maiores para comprar imóveis do que as gerações anteriores. A alta dos preços dos imóveis é apenas parte do problema. Juros elevados, dificuldade de acumular capital devido a um mercado de trabalho instável e recessões frequentes tornam essa tarefa ainda mais complexa. Além disso, a inflação generalizada e progressiva em bens e serviços, fruto de estímulos cada vez maiores dos governos, corrói progressivamente o poder de compra da nossa moeda, agravando a situação para quem tenta poupar e investir.

Recentemente, Morgan Housel trouxe uma reflexão interessante em seu blog sobre a nostalgia e como tendemos a ver o passado de forma mais positiva. Segundo ele, isso acontece porque o passado, já vivido, traz a segurança de uma história com final conhecido. O que parecia incerto na época agora é claro, enquanto o presente ainda carrega suas incertezas e angústias. Para os millennials, a dificuldade de comprar um imóvel é apenas uma das muitas fontes de ansiedade — somam-se a isso preocupações acerca da liberdade financeira, dificuldade em encontrar um parceiro ou parceira para a vida, e o impacto da crise climática sendo os mais comuns. No entanto, também precisamos reconhecer as oportunidades que o presente nos oferece: o poder de trabalhar remotamente, viajar mais devido à democratização das passagens aéreas, ter acesso ilimitado à informação e investir de forma mais eficiente e segura são alguns privilégios da Geração Y.

Olhando para o copo meio cheio na questão imobiliária, vemos que, enquanto os preços dos imóveis no Brasil atingem níveis historicamente altos, valorizando em média mais de 5% neste ano, as cotas dos Fundos Imobiliários de Tijolos estão caindo cerca de 6% neste mesmo período. Essa diferença reflete a natureza distinta desses ativos. Os FIIs são negociados em bolsa e, ao contrário dos imóveis físicos, sofrem com a volatilidade de curto prazo, especialmente durante ciclos de alta de juros, como o atual. Embora existam diferentes tipos de FIIs, os que acompanhamos mais de perto aqui na Black apresentam vacância baixíssima, inquilinos de alta qualidade e proporcionam um rendimento médio atual de 10% ao ano, líquido de imposto de renda, além do potencial de valorização futura, que é elevado frente ao desconto que negociam frente ao preço “real” dos ativos. Atualmente, fundos de lajes corporativas de alta qualidade estão sendo precificados entre R$ 11 mil e R$ 15 mil por metro quadrado, quando o valor de mercado real desses ativos aproxima-se do dobro.

Talvez, para os millennials, investir em imóveis de forma tradicional tenha se tornado uma tarefa árdua, mas os Fundos Imobiliários oferecem um caminho mais acessível e flexível. Com menos burocracia, maior liquidez e a possibilidade de diversificação, esses fundos se mostram uma alternativa atraente para quem deseja participar do mercado imobiliário sem os desafios de adquirir um imóvel físico. E o melhor: adquirir imóveis de alta qualidade a preços descontados. É verdade que nossa geração enfrenta desafios, mas também há inúmeras oportunidades no horizonte, especialmente no campo dos investimentos.

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