João Richa
Sócio diretor da Black Investimentos
joao@escritorioblack.com.br
“A bolsa brasileira está muito barata!!!” – esta é a frase mais ouvida nos últimos tempos. Há rumores de que o verdadeiro autor desta frase é Pedro Álvares Cabral (contém ironia). Particularmente, tenho a tendência de concordar. Desde 2008, quando atingiu a cotação máxima de 44 mil pontos (em dólar), o Ibovespa encontra-se estagnado. Para se ter uma ideia, a cotação hoje dolarizada está na faixa de 23,7 mil pontos. Quando levamos em conta o “P/L” da Bolsa, métrica bastante popular do mercado que ajusta o preço da bolsa pelo lucro conjunto das empresas, o IBOV também encontra-se abaixo da sua média histórica.
Muitos investidores brasileiros se consideram arrojados, porém se incomodam, e muito, quando seus investimentos não rendem mensalmente o que desejam. Vale lembrar que dificilmente você vai comprar uma ação hoje e a partir de amanhã ela vai subir para o resto da eternidade. Muitos ainda não descobriram que é por isso que o investimento em ações é chamado de “renda variável”: é pelo simples fato de que ocorrem variações (tanto positivas quanto negativas). Mas para quem não tem “estômago”, existe a renda fixa, que também não por coincidência é chamada de fixa, pois seus rendimentos são “fixados” no momento da aplicação.
Quando algum cliente me pergunta se estamos em um momento oportuno de entrar na bolsa, cito a fala de nosso saudoso ex-ministro da fazenda, Paulo Guedes: “A maior commodity do Brasil não é petróleo, minério ou soja, é juro!”. Com alguns anos de experiência de mercado e depois de conviver com centenas, talvez milhares, de investidores, posso dizer que existe um número mágico na cabeça da maioria deles: o famoso 1% ao mês. Já ouvi cliente me dizer que se eu garantir uma rentabilidade de 1% ao mês ele vende o carro, a casa e até o cachorro para aplicar. Sempre lembro que, no mundo dos investimentos, se você ouvir a palavra “garantia” a chance de você estar sendo enganado é perto de 100%, isso eu posso “garantir”.
A boa notícia que trago para esses investidores é que, mesmo com as quedas recentes na taxa Selic (hoje em 10,50% ao ano), ainda existem muitos investimentos que conseguem entregar o tão sonhado 1% ao mês, não nos “bancões”, é claro, mas nas plataformas abertas sim. Na semana retrasada, no auge do stress de mercado, quando o dólar bateu R$ 5,70, tínhamos disponíveis em nossa plataforma CDBs de bancos médios, com 3 anos de duração, pagando taxas de 14,35% ao ano. Isso representa um ganho (líquido de impostos) acima de 40% no período. “O paraíso dos rentistas” (parafraseando Paulo Guedes novamente).
O que quero dizer com isso é que, mesmo achando que a bolsa está barata, quando um novo cliente nos procura e se mostra disposto a arriscar, apresento a ele uma forma de investir que apelidei de “sangue no olho”. Isso nada mais é do que um portfólio com risco significativamente mais baixo que a renda variável e que busca render o tão desejado 1% ao mês. Parece pouco para quem espera surfar uma alta do mercado de ações, mas pensem no seguinte: se o investidor conseguir uma remuneração neste nível, em pouco mais de 5 anos o capital investido dobra, em menos de 9 anos triplica e em 13,5 anos quintuplica. Esta é a famosa mágica dos juros compostos, mas infelizmente, como diz Warren Buffett, “ninguém quer ficar rico nos investimentos de forma devagar” – mesmo que seja a maneira mais fácil e menos arriscada.