Não se pode dizer que este foi um bom ano considerando que foram muitas as perdas com as enchentes; com os golpes que vitimaram, principalmente, milhares de idosos; com a situação econômica instável causando insegurança principalmente quando o partido do Presidente da República consegue a proeza de boicotar a sua política econômica; com um Governador que após uma viagem a China tudo o que tem pra nos contar é que, na volta, foi bem recebido pelos cachorros; com um Prefeito que, no auge no narcisismo, grava vídeos e consome mais de 50 mil reais em diárias no apagar das luzes do seu governo.
Por todos esses tropeços dos políticos, cabe festejar o mundo das artes e, em especial aquele que está perto de nós. Lisi Berti que trouxe a cena dois belos espetáculos, o Brasa/Claiton Luiz Saul com seu instigante livro “Faltam apenas 25 passos”, o Pedro Oliveira que nos presenteou uma pesquisa imprescindível “Do Campestre à Cidade das Hortênsias”, além do Vitor Hugo Travi que publicou……………………… e o Memorial Canela que promoveu um grande encontro com a história e a arte no auge do inverno.
O ano cultural terminou com chave de ouro com a tradicional mostra que a Academia de Dança Neusa Martinotto apresentou dias 07 e 08 dezembro, no espetáculo “Pequenos Grandes Sonhadores” que me fez lembrar que aquilo que é bom, não cansa. A dupla de roteiristas e produtores Priscila Martinotto e Cássio Colmann contaram com uma equipe de criativos coreógrafos apoiados por um conjunto de adereços, cenários, figurinos belos e surpreendentes. Sem esquecer de mencionar o designer de luz Anderson Zanch que transforma luz em arte.
O espetáculo, apresentado no Teatrão – de onde infelizmente se ouvia o show do Multipalco – contou com um elenco de bailarinas (os) que oferecem o clássico, o contemporâneo, a dança cigana ou do ventre, com uma reflexão sobre o homem e a natureza, sob a direção geral da Neusa Martinotto que sempre consegue se superar, quando se trata de qualidade. Por mais de duas horas, o teatro lotado permitiu que o público se mantivesse distante do celular até quando se escuta, do meio da plateia, o grito de “vai Geniffer” com o amor sendo explicitado, um garotinho que gritava “bravo” no término das coreografias, pais acolhendo seus artistas com abraços cheios de ternura e avós limpando o rosto molhado de lágrimas porque afinal, as obras de Neusa Martinotto já deixa saudades antes mesmo de terminar e agora, só no ano que vem, se Deus quiser, com um teatro nas condições que belos espetáculos como este merecem.
O espetáculo é uma verdadeira árvore de doces e muita esperança porque há mágica em todo lugar porque os pintores de sonhos constroem um futuro com base na diversidade e como disse a pequena Manuela Cigerza, dona de uma grande interpretação, no final do espetáculo: “nós juntos podemos fazer um lugar melhor para todos”.