OS ELEITOS FALAM AO NOVA ÉPOCA

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ENTREVISTA EXCLUSIVA

Dois dias após a eleição, o Nova Época entrevistou o prefeito e o vice-prefeito eleitos por ampla margem em Canela, Gilberto Cezar e Gilberto Tegner, o Tolão. Nesse que foi o primeiro de muitos encontros que iremos manter no decorrer do mandato que inicia em janeiro, abordamos alguns assuntos, de imediato notando no semblante da dupla a empolgação, o sentimento de que chegou a hora destes dois canelenses mostrarem que estão preparados para assumir desafios. E que a renovação no Paço Municipal, acompanhada de renovação na Câmara de Vereadores, vai significar um novo impulso para o desenvolvimento em diversas áreas.

GRATIDÃO, ESPERANÇA, CONFIANÇA E RESPONSABILIDADE

Iniciamos perguntando aos Gilbertos como eles poderiam sintetizar em algumas palavras o que sentem nesse momento em que estão ainda assimilando o acontecido, a vitória.
Gilberto Cezar: “Em primeiro lugar, gratidão, por tanta gente nos colocar onde estamos. Em segundo, esperança. Nossa campanha foi baseada na esperança, a gente via em cada um a esperança por dias melhores, por Canela voltar a ser protagonista na região. Por fim, confiança. As pessoas confiaram em nós sem pedir nada em troca e isso eu não vou esquecer. Não falo só do Centro, mas da periferia. Votando em nós, assinaram embaixo do que a gente falou que faremos.”
Tolão: “Responsabilidade. A campanha acabou no dia 6 de outubro, no dia seguinte começou o trabalho.”
Gilberto Cezar: “A nossa responsabilidade dobra porque é muita gente que nos apoiou de forma espontânea. É uma comunidade que sente dor. Dor por não ter atendimento na saúde, por não ter espaço público no seu bairro, por não ter habitação digna. Citando exemplos, no Santa Marta, no Canelinha… até com aqueles que não nos apoiaram, a nossa responsabilidade com o povo é muito grande.”

UMA ELEIÇÃO SINGULAR

Gilberto Cezar lembrou detalhes que fizeram desta, de 2024, uma eleição diferente em Canela. Segundo ele, desde 1988 não acontecia de um candidato a prefeito vencer já na primeira eleição. É a primeira vez que um candidato a prefeito, que foi vereador, se elege. É a primeira vez que um ex-vice prefeito se elege prefeito. É a primeira vez que em Canela concorreram candidatos de cinco partidos ou coligações diferentes. Tolão lembrou que, na Câmara de Vereadores, também aconteceu de serem feitas algumas campanhas, segundo ele, de um jeito totalmente novo, referindo-se aos eleitos Graziela Hoffmann, Lucas Dias, Rodrigo Rodrigues e Felipe Caputo.

O QUE VALE É O PRESENTE

Gilberto Cezar diz que tudo o que passou é história: “Uma nova página se abre agora, até 2028. Temos uma visão positiva para o futuro, queremos entregar obras sem passar por cima de ninguém, sem ataques, dialogando e respeitando a Câmara de Vereadores. Não queremos brigas, mas soluções para Canela, que precisa melhorar em várias áreas. Estamos otimistas e queremos transmitir esse otimismo”. Gilberto Tegner explicou uma estratégia da campanha: “Optamos por não fazer comícios, mas sim reuniões com as pessoas em pequenos grupos. Foram vários encontros diários, olho no olho. Melhor do que prometer em comícios, foi ouvir”. Perguntado sobre a possibilidade de vir a assumir alguma secretaria, dada a sua experiência como secretário municipal em diferentes pastas e administrações, Tolão foi taxativo em dizer que seguirá como vice-prefeito, coordenando projetos que o prefeito lhe confiar. Salvo por períodos emergenciais, causados por alguma contingência. Gilberto Cezar ratifica a afirmação do colega ao dizer que haverá ocasiões em que ele se ausentará da prefeitura para atender a compromissos, como viagens a Brasília. Então a presença de Gilberto será fundamental para o bom andamento das ações.

POR ONDE COMEÇAR

Perguntamos aos eleitos quais são dois problemas latentes na cidade que eles querem atacar de imediato. A resposta: Saúde e hospital.
Gilberto Cezar: “Hoje acontece de as pessoas esperarem três meses para um atendimento se realizar. Os postos de saúde têm que ser ampliados, o hospital de Canela tem que ser gerido por profissionais com conhecimento técnico. Temos que tirar a política de dentro do hospital, de imediato. Mas é lógico que temos que analisar as características legais da atual intervenção no hospital, se há prazos a respeitar e obrigatoriedades.”
Também indagamos aos dois sobre três demandas do Centro da cidade, a exigir providências: o Centro de Feiras, a Casa de Pedra e o Teatrão. Segundo o prefeito eleito, uma das primeiras ordens a dar ao secretário de Obras é a manutenção emergencial e limpeza dos locais, citando o estado das paredes do Centro de Feiras, com pichações.
Tolão: “Logo vamos orçar o custo para tornar estes três locais utilizáveis novamente. Aqueles que exigirem menores recursos terão prioridade. Segundo passo é procurar estabelecer parcerias para dar prosseguimento à renovação deles, mas não vamos ficar inertes, atrelados a uma possibilidade de parceria futura que pode demandar ainda mais tempo.”

UMA OBRA PARA EMBELEZAR O CENTRO

Na entrevista, foi abordada a possibilidade da transformação da rua contígua à Casa de Pedra, onde estão as cabanas dos artesãos e se estacionam carros, se tornar uma rua coberta.
Tolão: “Sim, é um grande projeto. Os artesãos continuariam ali, mas debaixo de uma cobertura que tem que ser muito bonita, um projeto personalizado, diferente do que se vê por ai.”
Gilberto Cezar: “A Casa de Pedra, revitalizada, poderá ser um pólo de atração belíssimo – quem sabe com espaço para contar a história de Canela e o pequeno teatro novamente aberto para apresentações –, se junto a ela tiver essa nova rua coberta, que pode abrigar o artesanato de qualidade que está sendo feito aqui e para apresentações durante o ano todo. Pela proximidade, imaginamos que o visitante poderá usar a área do Centro de Feiras para estacionar (pois há espaço para 400 vagas de estacionamento) e daí caminhar até a Casa de Pedra, a Estação Campos de Canella e pelo Centro.”

O PROBLEMA DA HABITAÇÃO

Dados divulgados na campanha da coligação vencedora apontou que há cerca de 4.000 pessoas vivendo em situação muito difícil, morando em cerca de 1.000 habitações muito precárias. Como enfrentar esse problema?
Tolão: “Historicamente, em Canela já houve alguns programas voltados à habitação popular. Muitas décadas atrás, construíram-se casas nas imediações do cemitério municipal, criou-se a chamada ‘Vila Miná’, mais recentemente fizeram-se casas no loteamento Maredial. Hoje temos que buscar as alternativas. Há casos parados do projeto Minha Casa Minha Vida, que devem ser retomados, mas não só com dinheiro público, com parcerias. Vamos apressar regularizações onde isso está passível de acontecer, como no Caçador, onde há uma área privada que pode se resolver, há uma ordem legal. Sabemos que no (bairro) Edgar Haack há uma área em fase de regularização, no (loteamento) Mirote uma parte vai ser regularizada. É tudo uma questão de dar celeridade a isso tudo.”
E essa população que migra para cá, aumentando o problema habitacional e os custos para prover, entre outros, saúde e educação? A resposta do prefeito eleito: “Há que se gerar empregos para essa gente. Nosso projeto é ampliar o Distrito Industrial, para aumentar a oferta de emprego e gerar renda para essa periferia onde muitas pessoas estão desempregadas e não conseguem ter nada. Uma vez empregadas e com renda, as pessoas conseguem adquirir moradia regular e não vão ficar em área invadida”. Uma coisa os Gilbertos querem deixar claro: com regularizações e casas, a prefeitura não vai fazer doações, vai vender. Ainda sobre o assunto “falta de emprego”, há o fato de jovens, ou interromperem, ou não prosseguirem nos estudos, tampouco ingressarem no mercado de trabalho. Gilberto Tegner dá um dado preocupante: “Desde 1999 tivemos 100% das crianças do Ensino Fundamental em sala de aula. Soubemos que nesse ano onze crianças não tiveram acesso à primeira série, fato que, então, há 25 anos não ocorria. Temos que corrigir isso e deixar os jovens na escola, com qualidade, para que eles enxerguem no horizonte o primeiro emprego”. Gilberto Cezar conclui afirmando que vai ser ampliado o programa Menor Aprendiz, implantado em Canela há dois anos mas somente com 20 vagas. “Podemos, por decreto, aumentar o número de vagas para 100. Então gestionaremos junto à iniciativa privada para colocar esses jovens de 14 anos dentro da indústria, estudando e legalmente contratados e assalariados”, diz ele.

AEROPORTO

Último tema, dentro de muitos que ainda vamos analisar com os futuros prefeito e vice, é a ênfase à construção do novo aeroporto de Canela.
Gilberto Cezar: “Se houver interesse da iniciativa privada em comprar a ideia e investir, somos favoráveis. Por outro lado, o atual aeroporto vai passar a receber seis voos diários, com aviões de 70 lugares. Isso significa mais de 400 pessoas chegando por dia, no belo terminal turístico que será construído ali, como vi no projeto. Sabemos que o aeroporto internacional de Caxias do Sul (Vila Oliva) está definido, mas o fato de ele vir se situar a 20 km de Canela e a 30 km de Caxias, vai trazer um grande fluxo de turistas para nós.”

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