O ano de 2024 foi marcado por intensa volatilidade nos mercados globais, reflexo de novos desafios econômicos e geopolíticos. A inflação, que parecia sob controle em alguns países, voltou a preocupar, obrigando bancos centrais – liderados pelos EUA – a manterem juros altos por mais tempo do que o otimismo do final de 2023 sugeria. Além disso, as tensões geopolíticas adicionaram uma boa dose de incerteza aos mercados, fazendo os investidores dançarem conforme o caos.
Nesse cenário, um tema ganhou relevância: o crescimento alarmante das dívidas públicas, que atingiram níveis não vistos desde o pós-guerra. Manchetes como “O mundo mais endividado desde a Segunda Guerra Mundial” evidenciaram a gravidade do problema. Em meio à incerteza fiscal e monetária, a busca por ativos capazes de proteger o poder de compra e mitigar riscos tornou-se essencial.
As criptomoedas se consolidaram como uma classe de ativos diversificadora, sendo vistas por muitos como uma proteção contra os abusos do sistema financeiro. Com o “efeito Trump”, o Bitcoin ultrapassou recentemente, pela primeira vez, a marca de 100 mil dólares. Esse desempenho foi também impulsionado pela popularização dos ETFs de criptoativos negociados nos EUA e no mundo: somente na bolsa brasileira 17 ETFs ligados ao setor começaram a ser negociados em 2024. Isso abriu portas para investidores institucionais e milhões de pessoas físicas que, até então, estavam fora do mercado de criptoativos. Em um cenário econômico instável, a combinação de escassez do ativo e maior acessibilidade levou o Bitcoin em dólar a uma performance extraordinária em 2024, com alta superior a 110%.
O Ouro em dólar também cumpriu seu papel histórico de “porto seguro” em tempos de incerteza, registrando valorização de aproximadamente 26% no ano.
Nos Estados Unidos, a famosa frase “Never bet against America” provou-se verdadeira mais uma vez. Apesar das taxas de juros elevadas e da inflação lentamente convergindo para as metas, o mercado americano mostrou resiliência. O S&P 500 registrou alta de cerca de 25%, enquanto a Nasdaq, impulsionada pelo boom da inteligência artificial, foi o destaque do ano, subindo mais de 31%. Empresas como a NVIDIA, que viu suas ações valorizarem mais de 170%, dominaram as manchetes. Já o Dow Jones, com seu perfil mais tradicional, teve uma alta mais modesta de cerca de 14%, refletindo o desempenho discreto de setores como manufatura e consumo.
No Brasil, o Ibovespa teve um ano de altos e baixos, com mais baixos do que altos. Começamos o ano em 134 mil pontos, com otimismo de que 2024 seria promissor. Porém, outra famosa frase se concretizou: “O Brasil nunca perde a oportunidade de perder grandes oportunidades”. No final do primeiro trimestre, nem os 130 mil pontos eram mais realidade, com o índice fechando março em torno de 128 mil pontos. A animação voltou brevemente em agosto, quando o recorde de 136 mil pontos foi alcançado, impulsionado por expectativas de cortes nos juros dos EUA e aportes de capital estrangeiro.
Entretanto, o cenário doméstico brasileiro pesou significativamente nos meses seguintes. As incertezas fiscais e políticas internas corroeram o otimismo, e a “Lula de Mel” entre o mercado financeiro e o governo chegou ao fim. No encerramento de 2024, o Ibovespa registrou sua pior queda desde 2016, acumulando uma desvalorização superior a 10% no ano em moeda local, ou uma queda de 27% em dólar (que deve fechar o ano perto de R$ 6,20). A sensação predominante foi de que o Brasil foi excluído da festa dos mercados globais, especialmente ao observarmos, logo ao lado, o índice da bolsa Argentina disparar impressionantes 177% no mesmo período em moeda local, ou quase 70% em dólar.
Por outro lado, o nosso conhecido CDI brilhou, consolidando a renda fixa como a grande vencedora do ano no Brasil. Com retornos já superando o tão desejado 1% ao mês, o segmento voltou a atrair uma enxurrada de investidores. As projeções para 2025 indicam que esses rendimentos podem ser ainda mais atrativos, reforçando o protagonismo da renda fixa no portfólio dos brasileiros.
Feliz 2025 a todos nós! Que tenhamos muita saúde, prosperidade e que Deus nos proteja!