SACERDÓCIO ALÉM FRONTEIRAS

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Quando estava no Seminário Propedêutico Betânia, em Novo Hamburgo, Juscelino Martinez Brazeiro Júnior imaginava quão grandioso seria, para ele, um dia celebrar uma missa na Catedral de Pedra em Canela. Não somente veio a fazer isso por cinco anos, como hoje Padre Juscelino (acima e no alto, com o Papa Francisco) atua em Roma e no Vaticano. Diariamente passa defronte à praça que acolhe fiéis do mundo inteiro e, da janela onde trabalha, como Oficial Discastério para o Clero, assiste bem de perto o Papa Francisco falando aos fiéis naquele local nas quartas-feiras. De fato, Padre Juscelino Brazeiro foi longe! Mas não associem essa ascensão como um projeto de vida, um objetivo traçado. Para este religioso de 45 anos, portoa-legrense que cresceu em Nova Hartz, as etapas que vem cumprindo significam simplesmente o atendimento aos desafios que seus superiores lhe propõem (porque sabem que ele é capaz) e à vontade d’Aquele lá de cima. De férias na cidade que, segundo ele, tomou seu coração, Padre Juscelino nos relatou como as coisas aconteceram nesse seu “itinerário” – termo que ele acha o mais apropriado.

Afeito ao estudo, ao ser ordenado padre, em dezembro de 2008, Juscelino já havia cursado Filosofia em São Paulo e recém concluíra Teologia no Pontificio Collegio Internazionale Maria Mater Ecclesiae em Roma. Dois anos depois foi designado para a Paróquia Nossa Sra. de Lourdes, em Canela. Na sua primeira Festa em Honra a Nossa Sra. de Caravaggio, em 2011, a ideia de convidar o então Núncio Apostólico Dom Lorenzo Baldisseri (hoje Cardeal) para vir, de Brasília, para dar sua bênção ao projeto da nova Igreja do Santuário de Saiqui, significou a primeira porta que se abriu para Padre Juscelino pensar além de Canela, além da Diocese de Novo Hamburgo e, porque não, do Brasil. Em 2012 ele foi convidado a estudar na Pontífícia Academia do Vaticano, em Roma, escola onde se formam, fazendo Mestrado e Doutorado, os diplomatas da Santa Sé. Mas foram determinantes, para que ele declinasse do convite, a urgência em aceitar (por uma questão de idade), e o amor por Canela. Já em 2015, em um retiro do clero em São Leopoldo, Padre Juscelino foi informado que a Nunciatura Apostólica em Brasília (espécie de Embaixada do Vaticano no Brasil) o queria lá. Dessa vez não caberia colocar obstáculo. Segundo ele, “a palavra da Igreja, a exemplo do Anjo para Maria, me indicava um caminho. Eu estava muito bem em Canela, (…) mas eles reconheceram em mim a possibilidade de fazer um serviço mais efetivo. Eu fui”.

No Distrito Federal Padre Juscelino morou em paróquia mas não foi mais pároco, e sim vigário paroquial, porque tinha como segunda atribuição dar expediente na Nunciatura. Continuava rezando Missas (passou por duas paróquias) e passou a conhecer os meandros da universalidade institucional da Igreja Católica no Brasil. Uma de suas atribuições, como membro de uma grande equipe, era promover o estudo dos padres candidatos a Bispo e um diálogo epistolar intenso, orientando bispos e dioceses de todo o país em diversas questões.

Setembro de 2017 marcaria o fim do período de Padre Juscelino em Brasília. Dom Giovanni D’Aniello, então Núncio Apostólico, no entanto insistiu com Padre Juscelino para que ele continuasse estudando Direito Canônico, pois o nosso país carecia de mais canonistas. Com o aval do Bispo da Diocese de Novo Hamburgo na época, Dom Zeno Hastenteufel, o padre que já lia em Latim, estudara em Roma, dominava o idioma e conhecia a cultura italiana radicou-se na Cidade Eterna. Iniciou Mestrado em Direito Canônico na Universidade Gregoriana de Roma, concluiu em 2020. A exemplo de Brasília, residiu (e reside) em paróquia. Recebeu nomeação para colaborador paroquial e exerceu atividades pastorais normais de um vigário e estudante. “Cheguei na Itália de manhã, de tarde já fui rezar Missa”, diz Juscelino, lembrando daquele seis de setembro de 2017. A sua paróquia atual, em Roma, é a Della Natività di Nostro Signore, próxima da célebre Igreja de São João de Latrão, “a primeira igreja construída depois da ‘paz’ de Constantino, a mãe de todas as igrejas, a verdadeira Catedral de Roma”, informa o padre com quem conversar é uma aula sobre a Igreja Católica.

Perguntado sobre o contato com os fiéis em um país distante (na sua paróquia são oito padres, incluindo um oriundo da diocese de Novo Hamburgo), Padre Juscelino afirma que as questões da alma são as mesmas, mas ele nota uma amargura maior do idoso italiano por, muito mais que no Brasil, ele morar distante dos filhos. Também lhe parece que a questão do divórcio, na Itália, é mais nevrálgica, sendo aqui melhor aceito. Juscelino elogia muito a maneira como as pequenas comunas (comunidades) vivem as suas quase exclusivas realidades locais, com dialetos e grande religiosidade. Vai anualmente a Assis, local ao qual, segundo ele, “só quem vai consegue descrever a experiência. Entrar lá é como abrir uma janela para outra dimensão”.

Último convite feito e aceito, a roda gira e o padre gaúcho assume o cargo de Oficial Dicastério para o Clero, no Vaticano. A definição formal, no portal do Vaticano: O Dicastério para o Clero trata de tudo o que se refere aos presbíteros e diáconos do clero diocesano relativamente às suas pessoas, ao seu ministério pastoral e àquilo que é necessário para o seu frutuoso exercício. Nestas questões, oferece aos Bispos a ajuda necessária.
Mais um degrau alcançado por Juscelino Brazeiro, tão alto quanto sua humildade e dedicação ao ofício. Ele pensa com carinho na possibilidade de morar em Canela quando vier a aposentadoria.

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