Saúde mental é uma preocupação

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Eventos de calamidade provocam perdas materiais e afetivas e podem gerar traumas psicológicos. Por isso, diante da catástrofe climática que assola o Rio Grande do Sul, os cuidados com a saúde mental da população, principalmente das pessoas atingidas pelas fortes chuvas, devem ser redobrados. A rede de assistência às pessoas atingidas pelas enchentes conta com voluntários que estão prestando serviços de psicologia e até mesmo psiquiatria.

Afinal, é fundamental buscar apoio e fortalecer-se para superar as dores causadas pelas fortes chuvas. É necessário buscar forças para recomeçar após as enchentes e dar um novo sentido para a vida. O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) tornou-se uma preocupação constante para especialistas em saúde mental. Em entrevista exclusiva ao Jornal Nova Época, o médico psiquiatra Paulo Roberto Zimmermann fala sobre os riscos do desenvolvimento do transtorno. Doutor em Psiquiatria pela UNIFESP e ex-professor da Escola de Medicina da PUCRS, Zimmermann também explica como identificar o transtorno e também como tratá-lo.

ENTREVISTA – PSIQUIATRA Paulo Roberto Zimmermann

NE: Diante do estado de calamidade pública que estamos enfrentando, como o senhor avalia o impacto desses eventos traumáticos na saúde mental da população, especialmente em relação ao desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)?

Zimmermann: O impacto é terrível. Não falo só das perdas de pessoas e materiais mas também de histórias que nunca mais serão encontradas. Objetos, fotos, móveis, etc. que tem um significado histórico para os indivíduos se perderam para sempre. São vários lutos. Além da sensação de vulnerabilidade. Cada pessoa reage de uma forma específica, sendo as mais comuns a ansiedade, a depressão e o TEPT que é muito devastador para a vida.

NE: Considerando o contexto atual de calamidade, quais são os principais sinais de alerta de TEPT que a população deve monitorar em si mesma e nos outros?

Zimmermann: Os principais sinais de alerta da existência de um quadro de TEPT são: Pensamentos recorrentes relacionados ao evento, pesadelos também recorrentes, algumas mudanças de conduta como evitar situações que lembrem a tragédia, mesmo que isto comprometa o desempenho da pessoa entre ouros por mais de um mês após o final da tragédia. Todos levamos algum tempo para elaborar situações de trauma. Como o indivíduo não tem capacidade de fazer isto instantaneamente, vai repetido a situação e em cada repetição elabora um pouco. Se espera que em 1 mês isto já possa estar resolvido. Algumas pessoas não conseguem passar por isto e estes sintomas permanecem configurando um quadro de TEPT.

NE: Em situações de calamidade como a que vivemos, quais são os efeitos do estresse prolongado nos hormônios e, consequentemente, na saúde física e mental dos indivíduos afetados?

Zimmermann: O stress crônico é um estado de permanente alerta que implica em algumas modificações hormonais e de outras substâncias como aumento das catecolaminas, adrenalina, citocinas entre outras. Com a cronicidade poderemos ter aumento da pressão arterial, diminuição da imunidade , sintomas de exaustão, irritabilidade entre outros.

NE: Qual é a relevância de uma abordagem integrada que inclua tanto tratamentos farmacológicos, como os antidepressivos, quanto terapias psicológicas no tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em cenários de calamidade pública? Além disso, poderia nos explicar como os medicamentos auxiliam no manejo dos sintomas do TEPT nesse contexto de crise e por que é crucial não depender exclusivamente deles?

Zimmermann: O tratamento do TEPT inclui medidas farmacológicas, psicoterápicas e ambientais. Tem sido usado com bastante sucesso antidepressivos, principalmente os inibidores seletivos da receptação da serotonina (Sertralina, Paroxetina, Fluoxetina, etc.) que tem sua eficácia aumentada se associados a psicoterapia onde o paciente encontra um ambiente propicio para falar livremente sobre seus sentimentos e dividir com o terapeuta suas angustias e temores. Trata-se de uma psicoterapia focada no evento. Terapias Cognitivo Comportamentais também são úteis. Além disto a sensação de estar sendo protegido por uma rede de apoio faz com que a pessoa se sinta acolhida diminuindo a sensação de vulnerabilidade.

NE: Como a sociedade pode se mobilizar para combater o estigma associado à saúde mental, incentivando as vítimas de calamidades a buscar apoio e tratamento?

Zimmermann: Em primeiro lugar oferecendo estes serviços. Em segundo lugar enfatizando sempre que não se está procurando doenças mentais, mas sim que o objetivo é de aliviar o sofrimento imenso desta população. É da natureza humana que frente a traumas desta intensidade o sofrimento imenso exista e é nisto que os profissionais de saúde devem se focar. Não se está procurando doenças mas como ajudar a diminuir o sofrimento. No momento que a população aceitar isto ficará mais fácil procurar ajuda e se expor.

NE: Existem medidas de autocuidado ou intervenções preliminares que indivíduos afetados pela calamidade atual podem adotar para gerenciar os sintomas de TEPT enquanto aguardam ou complementam o tratamento profissional?

Zimmermann: A proximidade com pessoas de confiança ou voluntários genuinamente imbuídos de ajudar faz com que estas pessoas não se sintam tão vulneráveis, diminuindo os sintomas ou a chance de apresentá-los. Se sentir acolhido por uma rede de apoio e proteção é importantíssimo para mitigar estas situações. As pessoas que apresentem sofrimento mais intenso devem procurar ajuda especializada.

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