Eu confesso que pensei muito sobre o que escrever na coluna de hoje. Claro que o assunto não poderia ser outro, as eleições municipais de Canela. Eram tantos temas, que me peguei com umas três ou quatro colunas em mente.
Pensei em fazer uma autópsia deste governo que se desintegrou em apenas 4 anos. Depois pensei em falar sobre os desafios que enfrentarão a dupla de Gilbertos nestes próximos quatro anos. Claro que também poderia falar da alegria de ter uma câmara de vereadores renovada e com talentos jovens e extremamente capazes como o Lucas, a Grazi, o Rodrigo e o Felipe. Mas quero falar de sentimento.
Não foram poucas as pessoas que vieram me falar de sentimentos depois das eleições. Confesso que eu também experimentei vários durante esses últimos meses. Entretanto, nenhum me pegou mais e foi mais comentado que um sentimento: o medo.
Sim, o medo. O medo de se posicionar, o medo de contestar, o medo de falar aquilo que todos pensavam e que se materializou na solidão da cabine de votação. Havia entre os canelenses um medo de que o governo que todos percebiam que era ruim, cheio de problemas, com poucas pessoas dispostas a assumirem protagonismo e, as poucas tentando isso, sendo limadas e tolhidas por uma liderança opressora e que não admitia ser contestada ou dividir o protagonismo, ficasse por mais quatro anos.
Na semana antes da eleição eu comentava com meus amigos que, dos muitos pacientes que falaram de eleições comigo, eu não tinha tido sequer uma manifestação de voto na situação. É claro que vivemos em uma bolha, mas não era normal aquilo. Além disso, o que eu ouvia e, também pensava, era que realmente existia uma força oculta de um partido que, apesar de um governo visivelmente derrotado, arrancaria nas urnas uma vitória.
Acabou que o sentimento que era realmente coletivo de uma cidade e não, produto de uma bolha, aflorou na eleição. O prefeito que se consagrou com 80% dos votos quatro anos antes, foi escondido durante a campanha, teve seu trabalho criticado por seu próprio candidato e acabou amargando uma derrota acachapante. Falo no prefeito Constantino pois, foi ele o grande derrotado desta eleição. Uma personalidade tão centralizadora e opressora de novos líderes, que acabou arcando também com o ônus da derrota, apesar de não ter sido candidato.
Que isso sirva de lição especialmente para o novo governo. Cercar-se de puxa sacos, ouvir apenas aquilo que massageia o ego, tentar impor sua autoridade apenas pelo medo, sem inspirar, nunca termina bem. Que tenhamos a partir de janeiro, mais do que um novo governo, pessoas dispostas a ouvir, dar protagonismo as boas ideias e sem o apego ao poder. Que os Gilbertos governem pensando no futuro de Canela e não no voto daqui a quatro anos.