Verbos são arrojados, nos incitam a tomar providências. Alguém consegue ficar imóvel diante de um verbo? Impossível. Ele é imperativo e dá uma ordem para algo. Proteja. Cuide. Expresse. Liberte. Lave. Use. Faça. Mostre. Aconteça.
Acontecer é um dos verbos do momento. Pessoas protagonistas e responsáveis pela sua própria vida fazem Acontecer. Fazem Acontecer esperança na própria vida e na vida de outros com boas e desprendidas ações. Fazem Acontecer cuidados para o coletivo. Fazem Acontecer a liberdade de expressão ao disseminar informações corretas e conferidas.
“Diga sempre a verdade!”, foi a orientação dos nossos pais e avós quando precisávamos nos manifestar. Não foi o que aprendemos? “A verdade os salvará”, se ouviu nas igrejas. Onde perdemos a noção de bons conceitos? A verdade é que perdemos muito pelo caminho trilhado: dignidade, solidariedade, coletividade, responsabilidade. Tantas palavras terminadas em “idade” abandonadas ao descaso, o que só comprova nossa imaturidade social. Perdemos liberdade de expressão e liberdade de Acontecer. Só pode se expressar quem concordar com as minhas ideias. Só pode fazer Acontecer quem faz de acordo com as minhas ideias. E neste atrapalho todo, ainda convivemos com as mentiras transformadas em verdades fabricadas.
Não são tempos melhores, nem tempos dos melhores. Nas nossas atitudes individuais carregamos o coletivo. Se falta sinceridade no nosso diálogo interno, sobra irresponsabilidade na fala com o Todo.
São tempos simples. Instantes para protegermos os nossos e a si mesmo. Protegermos com medidas simplórias como não deixar acumular água nos quintais, manter o ambiente limpo e usar descartar máscaras sociais. Entregar informação para quem não tem. Enxergar o outro e suas ausências. Enxergar a si e com suas também ausências. Tudo tão simples. Mas nem sempre o simples é visto como necessário. Parece que todo simples é visto como má engrenagem, mal exemplo, caminho torto. Está na hora de fazer Acontecer a vida mais simples. E esta começa limpando o quintal e não deixando acumular água nos quatro cantos.