A natureza segue princípios universais que regem seu funcionamento e comportamento. Esses princípios se aplicam a quase tudo no mundo, inclusive à natureza humana. Um dos mais fundamentais é que a natureza é essencialmente aleatória—nada é absolutamente previsível. Ainda assim, insistimos em tentar antecipar o futuro.
Uma supernova é o evento que marca a morte de uma estrela. Assim como os humanos, as estrelas nascem, vivem e morrem, mas em uma escala de tempo infinitamente maior. Sua longevidade depende da massa, da composição química e da perda gradual de matéria ao longo dos anos. Durante sua vida, a estrela mantém um delicado equilíbrio: a gravidade puxa os gases (principalmente hidrogênio e hélio) para o núcleo, enquanto a pressão gerada pelas reações nucleares os empurra para fora. Esse ciclo de contração e expansão se repete até que, após bilhões de anos, o combustível da estrela se esgota. Então, a gravidade vence a batalha.
Em questão de segundos, ondas de choque percorrem a estrela, desencadeando uma explosão que pode iluminar galáxias inteiras por dias ou até meses—é a supernova.
Algo semelhante ocorre no mercado financeiro. Durante longos períodos, o equilíbrio permanece, impulsionado pelas forças do otimismo e do pessimismo. O otimismo funciona como a fusão nuclear dentro da estrela, alimentando o crescimento e a expansão. O pessimismo, por outro lado, age como a gravidade, impondo limites e contenções. O mercado sobe, mas, em algum momento, o medo de que a alta tenha sido exagerada gera correções. É uma briga contínua que ocorre até que em algum momento o otimismo se esgota e ocorre uma supernova no mercado.
O que acontece depois depende da magnitude da crise. Se a estrela for gigantesca (com mais de três vezes a massa do Sol), ela colapsa e se torna um buraco negro. Se for menor, transforma-se em uma estrela de nêutrons, que pode persistir e continuar brilhando até o fim do universo.
No momento, parece que as forças da gravidade estão se intensificando no mercado. O otimismo precisa ressurgir de alguma forma, porém está cada vez mais difícil de acreditar em uma onda otimista. O IPCA-15 , que é a prévia da inflação, de fevereiro foi divulgada nesta semana e registrou um aumento alarmante de 1,29%, a maior alta para o período desde 2026. Parece um déjà-vu de um momento nebuloso da história do nosso país.
Reverter essa tendência é primordial, ou pelo menos deveria. Seria necessário um movimento firme do governo que reacendesse a confiança dos investidores. No entanto, até agora, não há sinais de urgência nem por parte do governo nem do Congresso.
A pergunta que fica: Estamos à beira de uma supernova? Muitos acreditam que sim, até os que eram os otimistas. A grande questão é o que restará depois? Uma nova estrela brilhante ou um buraco negro?