CONSULTA POPULAR SOBRE O DESTINO DO CENTRO DE FEIRAS Na noite da quarta-feira, 21 de fevereiro, aconteceu na Câmara de Vereadores de Canela audiência pública para debate de um assunto que vem tomando a atenção da comunidade, sobre um pleito do Executivo municipal. A pauta da audiência foi os Projetos de Lei Ordinárias (PLO´s) 72 e 73 / 2023. O PLO 72 “desafeta e autoriza o Poder Executivo a alienar imóvel de propriedade do Município de Canela” – (área lateral à antiga escola COOPEC). Também o PLO 73, “desafeta e autoriza o Poder Executivo a alienar conjunto de imóveis de propriedade do Município de Canela”, mas o Centro de Feiras.Estiveram presentes à sessão os vereadores Jerônimo Terra Rolim (PDT), que presidiu o ato, Carmen Lúcia de Moraes (PSDB), Carla Reis (MDB), Emília Guedes Fulcher (Republicanos) e José Vellinho Pinto (PDT). As dependências do plenário da Câmara ficaram praticamente lotadas com a grande presença de público, sendo que 15 pessoas da comunidade solicitaram fazer uso da palavra, após os pronunciamentos dos vereadores.Nas falas dos vereadores Jerônimo, Carmen, Carla e José Velinho, estes manifestaram a sua contrariedade quanto à alienação dos dois imóveis, tanto o terreno ao lado da Coopec, de 1.080 metros quadrados, quanto à ampla propriedade que engloba o Centro de Feiras, com mais de 10.000 metros quadrados. Já a vereadora Emília Fulcher disse que está com seu voto, contrário ou a favor da venda, decidido mas vai manifestá-lo no dia da votação do Projeto, aguardada para as próximas semanas.Nos pronunciamentos dos vereadores que se manifestaram contrários aos PLO’s, não faltaram argumentos para justificá-los. Para Jerônimo Rolim, quanto ao terreno ao lado da Coopec, avaliado em cerca de R$ 3 milhões, a ausência de um requisito, a conveniência e oportunidade, já justifica a desnecessidade da venda. “Se o prefeito anuncia que tem um superávit de R$ 33 milhões, sendo R$ 18 milhões a mais em relação a 2023, não está faltando dinheiro em caixa”. Rolim salientou também que seria muito importante o Executivo justificar a venda indicando claramente a necessidade (no que seria empregado) o montante arrecadado pela venda. Quanto ao Centro de Feiras – e levando em consideração a falta de representantes do Executivo – ou de possíveis vereadores favoráveis à negociação, Jerônimo Rolim, antes de deixar clara a sua oposição ao projeto, leu as justificativas arroladas pelo prefeito municipal, em 18 de outubro de 2023, para o projeto PLO 73. O arrazoado do Executivo inicia afirmando que “a alienação de bens imóveis encontra plena consonância com o princípio da supremacia do interesse público. Isso se deve ao fato de que recursos obtidos a partir dessa operação têm o potencial de serem direcionados a aprimorar significativamente a qualidade de vida da população canelense, impulsionando o bem-estar social e fomentando o desenvolvimento da cidade”. Seguiram, ainda segundo o que foi lido dos argumentos do Executivo, justificativas como o mau estado em que se encontram as instalações, interditadas para o uso para o qual foram concebidas e um ponto considerado importante: o uso dos recursos a receber na alienação do patrimônio como sendo alocados em ações mais eficazes ao atendimento dos legítimos interesses da população.Em contraponto aos argumentos a justificar o projeto, o vereador Rolim cita a falta de números palpáveis, que atestem o quanto, realmente, hoje o Centro de Feiras causa de prejuízo ao município. E mostrou confrontações até do valor avaliado do Centro de Feiras. O laudo de avaliação do imóvel urbano, segundo a Prefeitura, é de R$ 28.176.000,00. Avaliação da Comissão Imobiliária: menos de R$ 22 milhões. Avaliação feita por profissionais da área imobiliária, de Porto Alegre, a pedido do presidente da Acic, Lucas Dias: R$ 39.509.424,00. Entre as justificativas de Carla Reis para seu voto contrário, ela citou: “Há tempos estudamos esse projeto, desde quando surgiu a questão do Parque do Palácio. (…) Escutando a comunidade, mudei o meu posicionamento e hoje sou contra. A vereadora Carmen Lúcia de Moraes, que foi defensora do Parque do Palácio, manifestou sua contrariedade dizendo ser contra um pedaço tão grande e importante do município, e é favorável à realização de uma PPP (parceria público-privada).O vereador José Vellinho Pinto, prefeito de Canela na ocasião da inauguração do Centro de Feiras, disse que é descabido Canela abrir mão de um espaço público tão qualificado e que cumpriu um papel tão importante no nosso desenvolvimento. No espaço reservado à comunidade, fizeram as suas manifestações canelenses nascidos aqui e outros que adotaram a cidade. Por ordem de apresentação, falaram Éverton Oliveira (sugeriu o uso do CF para um novo centro administrativo); Richele Porto, representando a comunidade empreendedora, ironizou dizendo que hoje o CF não está inativo, pois já é usado como depósito de lixo e entregou à mesa um abaixo-assinado com mais de 1.600 assinaturas pró- conservação do espaço; Marcos Porto criticou a ausência dos demais vereadores da casa e citou o exemplo de Volta Redonda (RJ), onde a prefeitura adquiriu um estádio; Onira Oliveira, “a Tia Onira’, tradicional comerciante de alimentação na Praça João Corrêa, lembrou de tempos passados em que o Centro de Feiras ativo atraía eventos, e consequentemente, boas vendas; Lucas Dias alertou que, o que decidirmos aqui, vai impactar daqui a 40 anos, perguntando “que projeto queremos para o nosso Centro de Feiras?”; Marcelo Drehmer, ex-vereador, referindo-se à intenção do Executivo de canalizar parte dos recursos da venda para a construção de um ginásio de esportes, afirmou: “Sou favorável a fazer ginásio, mas assim, não”; Éverton Rodrigues declarou: “Canela hoje é a sombra de Gramado, e alertou que fato de haverem vereadores ausentes fala por si; Felipe Caputo, outro que já exerceu a vereança, conclamou os vereadores atuais para que tenham a coragem de votar conforme as suas consciências; Janaína Schaulet, sempre trabalhadora no atendimento ao turista e hoje empresária, lamentou que “o povo de Canela não está conseguindo mostrar o quanto é grande”; Pedro Delgado resumiu o que é “a batalha” para continuar mantendo ativa a Feirinha ao lado do CF, aos sábados, dizendo que está muito difícil