Há alguns anos, realizei uma experiência pessoal forte, fascinante e decisiva para mim. Resolvi me isolar em uma área remota para sentir como é a vida solitária, devendo providenciar o necessário para seguir adiante. Para isso, escolhi um local ermo perto da borda do Cânion da Coxilha, em São José dos Ausentes. Lá havia um container com uma boa infraestrutura, à semelhança de uma pequena casa de montanha isolada de tudo e de todos, alugado a mim pelo proprietário da época.

Era o ano de 2019. Ali permaneci por cerca de 60 dias, enfrentando todo o tipo de variações climáticas daquele outono marcante e da severidade encontrada na borda de um cânion, permitindo experimentar o isolamento completo por longos períodos. Esta experiência, agora, começa a tomar a forma de um livro ilustrado com muitos detalhes desta aventura responsável por me impactar profundamente. Repensei alguns valores tidos como indispensáveis e, passada a experiência, vejo as coisas muito mais simples e descomplicadas, divertidas e sem o peso desnecessário que carregava na mente.

O medo da solidão e do isolamento foi vencido com alternativas criativas e produtivas, como buscar lenha e nó de pinho para o fogo da noite, catar pinhão e grimpa para uma sapecada, ler, escrever, cozinhar e dormir com a janela aberta para ser acordado pela alvorada. Reconhecer os sons noturnos dos curiosos animais, coabitantes do local, que se aproximavam do container para cheirar e saber do novo inquilino. Graxains, tatus, zorrilhos, seriemas, gralhas, caranchos, veados-campeiro, gado, cães e lebres eram frequentadores assíduos das redondezas. Corujas e curiangos piavam à noite, quebrando o silêncio do breu, apenas iluminado por estrelas e a lua.
O livro vai trazer estas histórias de forma divertida, direta e com detalhes interessantes. Há um capítulo com receitas das minhas refeições, sempre priorizando aquelas feitas em uma panela ou, no máximo, em duas. Como era outono, havia muitos cogumelos comestíveis pela região, transformados em deliciosas refeições campeiras, nutritivas e saborosas, consumidas durante dois ou três dias, estratégia para passar menos tempo cozinhando. Tudo pela praticidade. Pinhão, cogumelos, bacon, queijo, ovos, charque e linguiças foram os campeões de presença nos pratos rápidos, rústicos e com o inigualável sabor do improviso.

A previsão é poder lançar este novo livro até novembro deste ano de 2025, dependendo dos apoios que conseguir. Quero compartilhar mais esta experiência de vida com meus queridos leitores do Jornal Nova Época, das minhas redes sociais e do site vitorhugotravi.eco.br. Interessados em participar desta aventura literária, podem entrar em contato que enviarei detalhes. Aguardem, será um livro diferente!