Um 2025 incerto e de muita preparação

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“Há dois tipos de pessoas que fazem previsões: aquelas que não sabem e aquelas que não sabem que não sabem.” Inicio meu primeiro artigo de 2025 com essa frase de John Kenneth Galbraith, renomado economista canadense-americano, que brilhantemente capturou o ceticismo necessário ao abordar a arte – ou a ilusão – de prever eventos econômicos. Embora todos reconheçamos as limitações humanas em prever os mercados, torna-se quase uma tradição, a cada virada de ano, receber mensagens de clientes e amigos ansiosos por saber minhas expectativas para o futuro.

É natural desejarmos antecipar o que está por vir, mas os mercados, com sua complexidade e dinâmica imprevisível, frequentemente desafiam até as projeções mais sofisticadas dos maiores conglomerados financeiros. Se JP Morgan e Goldman Sachs, com sua infraestrutura de ponta e robôs quantitativos precisos, não conseguem prever o rumo dos mercados, como a Caroline poderia fazê-lo? É por isso que as palavras de Howard Marks, em um dos memorandos que escreveu em meio à pandemia sobre Incerteza, ressoam tão fortemente comigo: “Não podemos prever, mas podemos nos preparar.”

Ainda assim, gosto de analisar os relatórios de perspectivas dos grandes bancos de investimento internacionais – não por acreditar em sua precisão preditiva, mas para compreender a mentalidade de seus gestores, já que influenciam significativamente os fluxos de investimento. Embora erros de previsão ocorram recorrentemente, 2024 destacou-se pela quantidade surpreendente de equívocos.

O cenário base do J.P. Morgan, por exemplo, previa uma desaceleração econômica nos EUA, estimando que o S&P 500 encerraria o ano em 4.200 pontos, cerca de 10% abaixo dos níveis de dezembro de 2023. Contrariando essa projeção, o S&P 500 subiu 24% e superou os 5.800 pontos, impulsionado por um crescimento econômico robusto, enquanto o rendimento dos títulos do Tesouro americano de 10 anos fechou em 4,5%.

Especialistas também alertavam para uma possível bolha nas empresas de tecnologia e inteligência artificial americanas. Contudo, essas companhias lideraram o desempenho positivo das ações americanas, com a NVIDIA liderando com uma valorização de 170% em 2024.

No Brasil, o consenso indicava que a taxa Selic cairia para entre 8,5% e 9%, e que o Ibovespa apresentaria uma alta de aproximadamente 15%, com algumas estimativas apontando para os 160 mil pontos. O que ocorreu foi o oposto: a bolsa recuou 10% em moeda local e 30% em dólares, fechando nos 120 mil pontos, enquanto a Selic voltou a subir, principalmente devido à deterioração das contas públicas.

Diante da nossa reconhecida limitação em prever o futuro dos mercados, como podemos então adotar uma postura que privilegie a preparação em detrimento da previsão, como nos sugeriu Marks? Uma abordagem prudente consiste em evitar ativos sobrevalorizados, cuja precificação já reflete expectativas excessivamente otimistas, potencializando o risco de correções abruptas. Ao mesmo tempo, identificar e investir em ativos de qualidade que estejam subvalorizados ou negligenciados pelo mercado, os quais podem oferecer oportunidades de valorização significativa, alinhando-se aos princípios do value investing.

A velha e boa diversificação também emerge como um pilar fundamental na mitigação de riscos. Diversificar abrange não apenas a distribuição entre diferentes classes de ativos, mas também a diversificação geográfica e cambial, dispersando investimentos por diversas jurisdições.

Sendo mais precisa e colocando um pouco da minha opinião pessoal, que não necessariamente reflete a opinião da XP ou dos meus colegas na Black: para 2025, eu seguirei diversificando meus investimentos em moeda forte, evitando todavia empresas americanas que estejam com um PL muito esticado (ou que estejam caras), mas ainda preferindo bolsa americana à brasileira (a despeito desta estar extremamente barata).

Na renda fixa lá fora, priorizarei papeis mais curtos para me proteger de uma possível abertura do juro longo americano, enquanto localmente seguirei aproveitando as oportunidades na renda fixa brasileira, principalmente papeis intermediários atrelados ao IPCA e emitidos por empresas que não estejam muito endividadas (evitando, portanto, emissores high yield). Ainda por aqui, também seguirei reinvestindo os proventos que recebo dos Fundos Imobiliários de qualidade que tenho e reforçando-os. Também manterei boa parte do meu patrimônio local no CDI/cash, já que provavelmente a Selic deverá atingir os 14% (ou mais), e ter liquidez é sempre bem-vinda para que tenhamos de onde tirar quando oportunidades surgirem ao longo do ano.

Como Howard Marks também nos lembra: “Investir não é sobre ter certezas, mas sim sobre controlar o impacto dessas incertezas.” Na minha humilde opinião, este é o guia que devemos adotar: abraçar a incerteza com preparação, estratégia e disciplina, reconhecendo que não sabemos o que virá, mas que podemos sempre estar prontos para o que vier.

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