“Rio de Janeiro cidade que nos seduz
De dia falta água
De noite falta luz
(De dia falta água)
(De noite falta luz)
Abro o chuveiro
Não cai um pingo
Desde segunda até domingo
Eu vou pro mato
Ôi, pro mato eu vou
Vou buscar um vagalume
Pra dar luz no meu chateau
(Ô, ô, ô)”
No ano de 1954 o compositor carioca Afonso Victor Simon compôs a marchinha de carnaval Vagalume. 71 anos depois, em pleno Século XXI, possivelmente essa será a marchinha de Carnaval da Serra Gaúcha. As cidades de Canela e Gramado têm sofrido com constantes faltas de água e de energia elétrica. Não é de se acreditar que, com a tecnologia que temos atualmente, essas infraestruturas sejam tão precárias.
Há alguns anos se criticava o poder público quando essas estruturas eram de empresas estatais. Atualmente esses serviços estão privatizados, mas os velhos problemas continuam. Eu considero que uma privatização é boa quando gera concorrência, como foi no caso da telefonia. Mas quando a privatização gera monopólio, não parece ter vantagem para o consumidor. E esses problemas não são de agora.
Há anos vem se repetindo. E nem dá para dizer o velho ditado: “era a gota que faltava”, pois está faltando mesmo. As duas cidades juntas se aproximam dos 100 mil habitantes. Com os turistas esse número pode dobrar. É visível a grande quantidade de empreendimentos imobiliários em ambas as cidades. E tudo isso vai utilizando uma infraestrutura que não acompanhou o crescimento das cidades.
A Lei do Plano Diretor deveria existir para regular isso. E aqui falo somente da água e da energia elétrica. O esgoto precisa de um texto só para ele. Então esses problemas chegaram ao limite do tolerável pela população, pois as faturas chegam pontualmente nos endereços e no primeiro dia de atraso já incidem multas e juros. Hora dos gestores públicos agirem e pensarem também nos moradores e não só em turistas.
Fica feio trazer turistas e ver eles passearem pisando no esgoto que corre das calçadas ou ver sua hospedagem ser abastecida com caminhão pipa. Gestores e empresas precisam encontrar essas soluções, senão poderemos ver em breve o colapso da infraestrutura. E hoje até vagalume está difícil de encontrar.